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Jeffrey Dahmer: como funciona a mente de um serial killer?

Neurocirurgião explica comportamento e motivações do assassino, além de destacar como funciona seu cérebro

Neurocirurgião explica comportamento e motivações do serial killer Jeffrey Dahmer, além de destacar como funciona seu cérebro
Serial killer Jeffrey Dahmer ganhou repercussão, após série na Netflix – Reprodução/Youtube/Netflix

O nome do serial killer estadunidense Jeffrey Dahmer ganhou destaque nos últimos dias após o lançamento da nova série da Netflix, Dahmer: Um canibal americano. A produção sucesso da plataforma retrata a história de um dos assassinos mais notórios do século XX e que até hoje gera debates acerca de como os transtornos mentais podem moldar um assassino.

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Para quem ainda não conhece o caso, Dahmer nasceu em 1960 e foi uma criança solitária, já que seus pais viviam discutindo. Além disso, ele era constantemente incentivado pelo pai cientista a conhecer mais sobre carcaças de animais mortos e em como conservar os seus esqueletos. Durante sua adolescência, ele iniciou seu vício em álcool, cigarro e se descobriu homossexual. Em um de seus primeiros relacionamentos com garotos, então, ele fez sua primeira vítima, morto com um peso de academia e enterrado na sua própria casa.

A partir daí, então, Jeffrey foi preso por comportamento inadequado, dispensado do exército e de empregos. No total, ele matou, oficialmente, 17 pessoas e praticava atos de necrofilia e canibalismo com seus corpos, chegando a guardar partes deles na geladeira. O serial killer, portanto, morreu assassinado na cadeia em 1991.

 

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Transtornos mentais de Jeffrey Dahmer impulsionaram comportamento serial killer

Segundo o pós PhD em neurociências e mestre em psicologia, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, o serial killer, então, apresenta alguns transtornos mentais que tiveram como gatilho os acontecimentos da sua infância.

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“Ele não era um psicopata. Psicopatas tendem a buscar conexões significativas com os outros, já os com impulsos canibais desenvolvem apegos extremos, são mais inseguros e têm dificuldade em manter relacionamentos. Ingerir a vítima é uma demonstração de poder absoluto e de ‘eternizar’ a vítima dentro dele”, explica. “Isso tem relação com o abandono sofrido por ele, e com a não aceitação das pessoas pelo seu jeito, que causava estranheza. Há possibilidades de maus tratos de seus pais, omitidos por eles à justiça”. 

O especialista, portanto, relata os transtornos que o serial killer lidava e que impulsionaram seus crimes:  “O transtorno de personalidade limítrofe/Borderline afeta a percepção sobre si e os outros. Causando problemas na vida cotidiana, incluindo problemas de autoimagem, dificuldade em gerenciar emoções e comportamentos e um padrão de relacionamentos instáveis”.

“Já o transtorno de personalidade esquizotípica é caracterizado por ansiedade social grave, transtorno do pensamento, desrealização, e muitas vezes crenças não convencionais”, continua. “Eles sentem desconforto em manter relacionamentos próximos e os evitam”.

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Por fim, “os transtornos psicóticos são transtornos mentais graves que causam pensamentos e percepções anormais. Os acontecimentos ao longo de sua vida foram gatilhos desencadeadores. Já havia um precursor genético que junto à má criação e acontecimentos desencadearam o que hoje sabemos”, afirma Dr. Fabiano.

E como funciona o cérebro de um assassino?

Segundo o PhD em neurociência, o cérebro de um assassino é diferente de quem não tem motivações assassinas: “É observado o funcionamento incomum em regiões subcorticais, incluindo amígdala, hipocampo e tálamo, a amígdala”.

Ele, então, explica: “o hipocampo e o córtex pré-frontal estão envolvidos no controle da emoção e juntamente com o tálamo, são fundamentais para a aprendizagem, memória e atenção. Já anormalidades na amígdala estão de acordo com a teoria destemida da violência, uma vez que os ofensores reduzem a excitação autonômica – caracteriza pela presença de surtos de raiva, hipervigilância, problemas de concentração”.

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Em testes percebe-se a falta de ativação no córtex pré-frontal no assassino. Além disso, o funcionamento deficiente da região predispõe um indivíduo à violência de várias maneiras: “perda de controle sobre estruturas subcorticais relacionada à origem de sentimentos agressivos; irresponsabilidade, quebra de regras, explosões emocionais e agressivas e comportamento argumentativo, devido o dano pré-frontal; se dano frontal, impulsividade, perda de autocontrole, imaturidade, falta de tato, incapacidade de modificar e inibir o comportamento adequadamente e mau julgamento social”.

Por fim, o Dr. Fabiano de Abreu sobre como os danos cerebrais podem influenciar diversas áreas da personalidade de um indivíduo e gerar uma predisposição a atos de violência.

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Sobre a fonte

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é um Pós PhD em neurociências, mestre em psicologia, licenciado em biologia e história; também tecnólogo em antropologia com várias formações nacionais e internacionais em neurociências.