Sofre com “dores nas juntas”? As particularidades das doenças osteoarticulares

O farmacêutico homeopata Jamar Tejada cita as possíveis origens para as dores nas articulações, estratégias de tratamento, nutrientes essenciais e ativos anti-inflamatórios para as “juntas” doloridas

Sofre com “dores nas juntas”? As particularidades das doenças osteoarticulares
Sofre com “dores nas juntas”? As particularidades das doenças osteoarticulares – Freepik

As dores nas articulações, ou popularmente “dores nas juntas”, normalmente não são sinais de problemas mais sérios, podendo, inclusive, ser tratadas em casa, apenas com a aplicação de compressas quentes no local.

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Lembro bem da minha bisa, colocando compressa com água quente para aliviar as dores nas “juntas” dos dedos das mãos. E isso faz todo sentido, mas longe de ser a solução para quem realmente sofre com o problema.

Às vezes, não são simples dores nas articulações. Essas dores podem ser sinais de problemas mais sérios, como artrite ou tendinite. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, cerca de 15 milhões de brasileiros são acometidos por doenças reumáticas, que são, na maioria das vezes, a principal causa das dores nas articulações. Essas dores costumam aparecer entre os 35 e 40 anos de idade.

Então, sempre que a dor for muito intensa ou demorar mais de um mês para desaparecer, ou ainda causar algum tipo de deformação, é muito importante consultar um médico para diagnosticar o problema e iniciar o tratamento correto.

O que são as articulações?

As populares “juntas”, ou articulações, são partes importantes do nosso corpo que auxiliam na realização dos movimentos com os ossos, unindo um osso ao outro. Também fazem com que um osso deslize sobre o outro enquanto se move, prevenindo o atrito que poderia causar seu desgaste. Existem três tipos diferentes de articulações: fibrosas, cartilaginosas e sinoviais:

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  • Fibrosas: são fixas, como as presentes no crânio, dentes e maxilar, e possuem movimento quase nulo;
  • Cartilaginosas: são formadas por cartilagem e podem ser móveis ou imóveis, tendo ambas movimentos limitados e geralmente estão presentes em locais com pouca locomoção, como nas vértebras;
  • Sinoviais: são totalmente móveis e estão presentes em regiões como ombros, cotovelos, joelhos e quadris.

Quais as causas das dores?

Algumas condições como idade avançada, sobrepeso, má alimentação, falta de exercícios físicos ou doenças relacionadas podem afetar o funcionamento das articulações. As dores podem ser causadas por doenças osteoarticulares, mas também por movimentos repetitivos, inflamação ou mesmo o estresse. Falarei sobre cada uma das causas.

Estresse

Apesar de o estresse não ser uma causa direta de dores nas articulações, seus efeitos causam aumento do nível de alguns hormônios no organismo, como cortisol, adrenalina e noradrenalina. Estes são liberados nesse processo de aceleração e podem desequilibrar todo o corpo, estimulando ainda mais a ansiedade e problemas de concentração. Ainda reduzem o calibre dos vasos e, a longo prazo, potencializam os riscos de hipertensão e arritmias cardíacas.

Em um estudo realizado pela Universidade de Geriatria de Montreal, foi detectado que aqueles que possuem níveis altos de cortisol no corpo, são mais impactados por dores crônicas.

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O bruxismo, que também é causado pelo estresse, é um transtorno caracterizado pelo ranger dos dentes e que pode afetar a articulação temporomandibular, gerando dores excessivas na região.

Além disso, o estresse diminui nossa imunidade e traz dificuldades para combater doenças, deixando-nos mais suscetíveis a elas – como no caso das doenças crônicas que afetam as articulações.

Hipermobilidade articular

Existem ainda pessoas que possuem articulações com movimentos amplos, ou seja, são mais flexíveis que outras, por isso, conseguem realizar movimentos como encostar as palmas das mãos no chão sem flexionar os joelhos. Isso acontece pela falta de colágeno entre as ligações articulares que pode causar luxações com maior frequência e, consequentemente, gerar dores recorrentes nas articulações.

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Inflamação

A inflamação das articulações pode acontecer em decorrência do desgaste excessivo, fraturas ou contusões. É uma condição que, geralmente, precede o diagnóstico de doenças osteoarticulares, como a artrite. Por isso, nestes casos, quanto antes conseguir iniciar o tratamento, melhor.

Movimentos de repetição

Realizar o mesmo movimento repetidas vezes pode ocasionar um enfraquecimento das articulações e ocasionar dores. Em graus mais elevados, os movimentos de repetição podem desencadear fraturas ósseas e o aparecimento de doenças, como a tendinite, caracterizada pela inflamação ou irritação dos tendões.

Dores nas articulações e a covid-19

As evidências científicas vêm apontando que a covid-19 é uma infecção que desencadeia um processo inflamatório no corpo e que pode afetae regiões que já possuem uma predisposição à inflamação, como é o caso das articulações, podendo gerar um quadro de dores e desconfortos, mesmo após a desinfecção.

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Doenças osteoarticulares

Existem diversas condições de saúde que podem afetar os ossos e as articulações, causando dores e desconfortos. Conheça quais são as mais comuns, os seus principais sintomas e como tratar:

Osteoartrite (artrose)

A artrose é uma das principais responsáveis pelas dores crônicas associada ao envelhecimento. É um tipo de artrite que causa o desgaste da cartilagem que envolve as articulações e também pode afetar os ossos. A osteoartrite pode ser hereditária. Manifesta-se geralmente a partir dos 40 anos sem causas conhecidas, em consequência da idade avançada, lesões ou hábitos pouco saudáveis.

Artrite reumatoide

É uma condição/doença autoimune que se caracteriza pela inflamação das articulações. Diferentemente da artrose, a artrite pode aparecer a partir dos 30 anos e, em casos mais graves, pode atingir outros tecidos do organismo, além das articulações.

Sintomas da artrite e da artrose

Ambas podem apresentar sintomas semelhantes, como:

  • Dores frequentes nas articulações;
  • Dificuldade ao caminhar;
  • Deformidades articulares (os dedos parecem ter calos);
  • Limitação do movimento articular.
  • No início, a semelhança entre os sintomas é mais frequente e, por isso, se faz necessária a avaliação médica para um diagnóstico e acompanhamento adequados.

Estratégias de tratamento

A maioria das doenças osteoarticulares não são passíveis de reversão quando a lesão articular já ocorreu, mas o tratamento adequado pode ajudar a viver com qualidade. A adoção de uma dieta saudável e a realização de atividades físicas frequentes e específicas para o fortalecimento ósseo e articular, além de terapias complementares, como a fisioterapia, ozonioterapia, acupuntura, hidroterapia, ioga e fitoterapia vão muito bem.

Confira abaixo as principais recomendações:

Hábitos saudáveis

A alimentação para qualquer tipo de artrite e para a artrose deve ser rica em alimentos que possuem propriedades anti-inflamatórias, como peixes, frutos secos e os alimentos ricos em vitamina C, por exemplo. Além disso, é importante ter em mente que o excesso de peso pode levar à sobrecarga em algumas articulações e, por isso, é importante controlar o peso através de uma alimentação saudável para que não haja apenas melhora nos sintomas, mas também seja prevenida a progressão da doença.

Alimentos anti-inflamatórios

Alimentos ricos em ômega 3 com propriedades anti-inflamatórias, como atum, sardinha, truta, tilápia, arenque, anchova, bacalhau, sementes de chia e linhaça, castanha de caju, castanha do Pará, amêndoas e nozes;

Alho e cebola, pois possuem um composto sulfurado chamado alicina, que garante propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e antimicrobianas;

Frutas cítricas, como laranja, abacaxi e acerola, devido à presença de vitamina C, ajudam na produção de colágeno;

Alimentos ricos em fibras, como vegetais, frutas e grãos integrais, ajudam a diminuir a inflamação e a manter a saúde da microbiota intestinal;

Frutas vermelhas, como romã, melancia, cereja, framboesa, morangos e goiaba, possuem antocianinas, que são compostos antioxidantes com propriedades anti-inflamatórias;

Alimentos ricos em selênio, como ovo, pão francês e castanha do Pará, também são importantes, já que o selênio é um mineral com um alto poder antioxidantes e imunomodulador, que ajuda a fortalecer o sistema imune.

Vitamina D. Existem estudos que indicam que tanto a artrite quando a osteoartrite são mais graves quando a pessoa possui baixos níveis de vitamina D. É importante também que a pessoa seja frequentemente exposta ao sol e ainda inclua na alimentação do dia a dia alimentos ricos nessa vitamina, como leite fortificado, ovos e peixes gordos.

Exercícios que favorecem a saúde das articulações

Caminhada: Caminhar em média 30 minutos por dia pode favorecer a densidade óssea, possibilitando, inclusive, melhora dos sintomas de doenças osteoarticulares.

Treino de mobilidade: Como o próprio nome já diz, esse tipo de prática serve para promover maior mobilidade e autonomia, além de fortalecer a musculatura do corpo com exercícios que geralmente duram cerca de 5 minutos e podem ser realizados em casa, sem a necessidade de aparelhos específicos e com a ajuda do próprio peso corporal.

Hidroginástica: Por serem realizados na água, os exercícios de hidroginástica possuem baixo impacto, facilitando a realização dos movimentos e promovendo fortalecimento ósseo e muscular de forma sutil.

Nutrientes essenciais e ativos anti-inflamatórios

Alguns nutrientes são essenciais para a manutenção dos ossos e das articulações, podendo ser ingeridos através da alimentação ou manipulados em farmácia de manipulação. São eles:

Vitamina D: Proporciona benefícios para a densidade óssea, sendo essencial para a prevenção e tratamento de doenças que afetam os ossos e as articulações;

Vitamina K: Essencial para a manutenção de ossos saudáveis. Auxilia ainda na absorção e utilização de cálcio pelo organismo, proporcionando melhor direcionamento para toda a estrutura;

Vitamina C: Auxilia na formação de colágeno pelo organismo, sendo essencial para a saúde das articulações;

Colágeno tipo I: A estrutura óssea é composta por até 65% de fibras de colágeno tipo I, sendo esse um componente fundamental para proporcionar ossos fortes e preservar a cartilagem articular;

Colágeno tipo II: As cartilagens são os tecidos conjuntivos presentes nas articulações e possuem até 60% de colágeno na sua composição, por isso, o colágeno tipo II não desnaturado e não hidrolisado é essencial para a preservação da cartilagem, contribuindo para o benefício das articulações;

Curcumina: Este ativo derivado da cúrcuma tem como ação principal o poder anti-inflamatório e atua na redução da dor e do quadro infeccioso. Leia mais sobre cúrcuma clicando aqui.

Ácido hialurônico: Auxilia na lubrificação das articulações e na absorção de impacto. Esse ativo é uma proteína que possui ações anti-inflamatórias e anti-edematosa;

Boswellia extrato seco: Extrato da árvore Boswellia serrata, possui ação analgésica e anti-inflamatória, além de ter papel importante na melhora da função motora das articulações;

Consulte sempre o seu médico, nutricionista e/ou farmacêutico para saber a melhor orientação para o seu caso e mova-se! Afinal, tudo aquilo que fica muito parado, enferruja.

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