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Pesquisadores descobrem mecanismo para reverter processo de envelhecimento

Estudo demonstrou que mudanças epigenéticas estão relacionadas ao processo de envelhecimento e podem ser revertidas por meio de terapia genética

Pesquisadores descobrem mecanismo para reverter processo de envelhecimento
Pesquisadores descobrem mecanismo para reverter processo de envelhecimento – Foto de Anastasia Shuraeva no Pexels

O processo de envelhecimento é natural e inevitável. Muito já foi feito para tentar parar ou reverter o envelhecimento humano, mas, apesar de os avanços médicos terem conseguido aumentar a expectativa de vida, ainda não conseguimos encontrar o segredo para a juventude eterna.

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Porém, agora, um time de pesquisadores da Universidade de Harvard parece ter descoberto uma maneira de reverter o processo de envelhecimento através de reparos no DNA de camundongos, segundo estudo publicado em janeiro no periódico científico Cell.

“Por muito tempo, acreditou-se que as mudanças no DNA propriamente dito, chamadas de mutações, eram a principal causa do envelhecimento. Mas as descobertas do presente estudo apoiam uma outra hipótese: o processo de envelhecimento está relacionado às mudanças que afetam a expressão do DNA, chamadas de epigenética”, diz a Dra. Cintia Guedes, dermatologista.

Mecanismo para reverter processo de envelhecimento? Pesquisa descobre!

“Quando falamos de epigenética, estamos falando de uma série de fatores ambientais que modificam a maneira como os genes se comportam sem necessariamente causar alterações na sequência de DNA. Esses fatores podem incluir, por exemplo, dieta, exposição a poluentes, tabagismo, obesidade, estresse e prática de atividade física.”

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores criaram cortes temporários e de rápida regeneração no DNA de camundongos para simular o efeito que certos fatores ambientais e de estilo de vida possuem no padrão epigenético do DNA.

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Tais cortes causaram mudanças e, consequentemente, mau funcionamento no padrão epigenético dos camundongos, o que fez com que parecessem mais velhos, apresentando, inclusive, biomarcadores de envelhecimento aumentados. Em seguida, os pesquisadores realizaram terapia genética nos animais para reverter as mudanças epigenéticas, redefinindo o padrão epigenético e, assim, revertendo o envelhecimento sofrido pelos camundongos.

“Os pesquisadores observaram que, ao ativar uma série de genes normalmente acionados durante a embriogênese, isto é, durante o desenvolvimento embrionário, é possível reverter com segurança o processo de envelhecimento em mais de 50%. Isso porque tais genes causam um processo que, apesar de ainda não ser bem compreendido, é capaz de retroceder a idade biológica e restaurar a função de tecidos, o que permitiria, por exemplo, reverter a deterioração da visão, a diminuição da capacidade de atenção e o enfraquecimento do tecido cutâneo”, destaca a dermatologista.

Apesar de essa não ser a primeira vez em que trabalhos usam a epigenética para estudar o envelhecimento, os pesquisadores acreditam que esse é o primeiro estudo a apontar a mudança epigenética como fator primário do envelhecimento em mamíferos.

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“Por exemplo, pesquisas anteriores mostraram que a epigenética é capaz de demonstrar a idade biológica de uma pessoa, isto é, a real idade do nosso organismo e a velocidade em que envelhecemos, ao contrário da idade cronológica, aquela que contamos pelo calendário”, afirma a médica.

Vale ressaltar ainda que o presente estudo possui suas limitações, como o fato de ter sido feito com camundongos, necessário então que mais pesquisas sejam realizadas para testar os resultados em mamíferos maiores ou mesmo em humanos.

“No entanto, a pesquisa mostra-se de grande relevância por transformar a maneira como enxergamos o processo de envelhecimento e como abordarmos o tratamento dos sinais que surgem com o passar dos anos. Afinal, é o primeiro estudo a demonstrar que podemos ter um controle preciso da idade biológica de um animal complexo, podendo aumentá-la ou diminuí-la conforme necessário”.

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Mas não é preciso aguardar até que mais pesquisas sejam realizadas para começarmos a agir sobre a velocidade em que envelhecemos. Existe uma extensa literatura científica mostrando medidas que podem ser adotadas para retardar o envelhecimento. E é mais simples do que aparenta.

“Quando se trata de reverter nossa idade biológica, pequenas mudanças no estilo de vida já são capazes de causar grande impacto. Por exemplo, procure adotar uma dieta rica em alimentos nutritivos, incluindo grande quantidade de verduras, vegetais, ervas e temperos, como beterrabas, açafrão e chá verde, que possuem a capacidade de rejuvenescer nossa expressão genética. Além disso, procure exercitar-se regularmente, reduzir seus níveis de estresse e dormir bem”, destaca a Dra Cintia Guedes.

Falando especificamente da pele, a maneira mais eficaz de retardar o envelhecimento é investir no protetor solar.

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“O protetor solar é, sem dúvidas, o melhor creme antirrugas que existe. Independentemente do tipo de pele, quando pensamos em prevenção de câncer de pele e envelhecimento precoce, qualquer protetor FPS maior ou igual a 30, aplicado de maneira adequada, cumprirá bem seu papel”, aconselha a médica.

Além disso, é possível investir na realização de procedimentos para construir uma poupança de colágeno.

“Conforme envelhecemos, as fibras de colágeno, responsáveis por sustentar a pele, sofrem degradação, levando ao surgimento de flacidez e rugas. Então, estimular preventivamente a produção dessas fibras é uma excelente maneira de retardar o surgimento dos sinais de envelhecimento. Isso pode ser feito através da realização de procedimentos como o ultrassom microfocado e os bioestimuladores injetáveis”, finaliza a Dra Cintia Guedes.