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Depressão: é possível evitar a doença mesmo com predisposição genética

Genética e depressão têm a ver? Genes relacionados à doença podem ser modulados através de hábitos saudáveis

Depressão: é possível evitar a doença mesmo com predisposição genética
Depressão: é possível evitar a doença mesmo com predisposição genética – FREEPIK

A depressão é uma doença psiquiátrica, responsável por desencadear os sentimentos recorrentes de tristeza, desânimo e mudanças de humor e comportamento. Segundo a OMS, cerca de 11,5 milhões de pessoas são depressivas no Brasil, o que representa, em média, 5,8% da população.

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Com o alto índice de casos no país, alguns pontos sobre a doença já são de conhecimento geral, mas pouco se sabe ou fala sobre como a genética é um fator relevante dentro deste cenário. Cerca de 30% das pessoas diagnosticadas com depressão, apresenta genes que se inclinam para os sintomas depressivos, ainda que indiretamente, como o gene VDR, responsável pelo metabolismo de vitamina D, que se em alguns polimorfismos, contribuem para níveis mais baixos dessa vitamina, desencadeando sintomas como cansaço, fadiga, falta de energia e depressão. O polimorfismo do gene COMT também pode ser considerado em cenários depressivos, pois é responsável pela degradação de dopamina, que em alguns polimorfismos podem desencadear comportamentos como maior irritabilidade, imediatismo e mal humor.

O polimorfismo desses genes em um quadro genético não significa, necessariamente, que a doença será desencadeada e apresentará sintomas. Não basta apenas ter a tendência genética, é necessário “ativar” esses genes. E, justamente, este despertar dos genes, que está dentro do nosso controle, pois acontece através dos hábitos que adquirimos ao longo da vida, como dormir mal, ter uma rotina estressante, não praticar nenhum tipo de atividade física, ter uma alimentação inflamatória, não cuidar da saúde do seu intestino, entre vários outros fatores.

Felizmente, existem algumas ações dentro do nosso estilo de vida que podem ajudar não só no tratamento, mas na prevenção da doença, como uma estratégia para “silenciar” os genes ligados à depressão.

 

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Depressão e genética? Alimentação é o primeiro passo para o novo estilo de vida

O primeiro passo para este novo estilo de vida é a mudança na alimentação. Quando queremos diminuir o peso ou ficar bem dentro daquela peça de roupa especial, melhorar o que ingerimos é a primeira ideia que passa pela cabeça. Mas, poucos sabem que melhorar a alimentação não tem relação somente ao fator estético, também é um ponto decisivo para acordar ou adormecer genes maléficos à nossa saúde. Neste caso, para conter os genes relacionados à depressão, é aconselhável a ingestão de alimentos ricos em vitaminas e nutrientes essenciais como peixes e frutos do mar, que são ricos em ômega 3, proteínas de boa qualidade, como ovos, carnes frescas e laticínios integrais, que oferecem matéria prima para produção de neurotransmissores; oleaginosas, como castanhas-do-brasil e nozes, ricos em micronutrientes como selênio e magnésio, que são minerais relacionados a produção de serotonina, neurotransmissor que ajuda a diminuir a ansiedade e controlar as variações de humor.

A atividade física também é uma estratégia de prevenção e tratamento da depressão, pois além de ser um momento de distração, durante as atividades físicas há uma maior produção de endorfina, hormônio que promove a sensação de prazer e bem-estar. Em quadros com predisposição para depressão, é interessante combinar a musculação a atividades físicas que contenham técnicas de gerenciamento de estresse, como a Yoga e a meditação.

Em alguns casos de depressão, o uso de medicamentos é indispensável e deve ser prescrito por um médico. Mas, é possível tratar alguns tipos de depressão de forma não medicamentosa. Existem várias alternativas como a psicoterapia, a atividade física e a reposição dos nutrientes e hormônios que podem auxiliar no tratamento desta doença. Eu diria que na verdade essa é a forma mais eficaz de tratar essa doença. Mesmo que em alguns casos seja necessário a intervenção medicamentosa, é impossível tratar um paciente sem entender o que realmente vem causando a enfermidade. Em alguns casos, os sintomas depressivos são causados por desnutrição, que é reflexo de uma má alimentação ou de um mau funcionamento intestinal, em outros, por níveis desregulados de seus hormônios, entre outras possibilidades. De maneira geral, é necessária uma avaliação mais profunda e individual para cada paciente, considerando sua genética, hábitos, ambiente em que vive, fatores de estresse e tudo o que está ligado à sua rotina, só assim é possível buscar a melhor alternativa para cada caso.

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*Artigo escrito por Pedro Andrade para o portal Viva Saúde

Pedro Andrade é um dos pioneiros da medicina de precisão no Brasil e entusiasta da medicina funcional. Graduado em medicina pela Universidade Cidade de São Paulo em 2015, pós-graduado em nutrologia, endocrinologia e envelhecimento saudável, com cursos de extensão em nutrigenética e medicina de precisão na Universidade da Carolina do Norte.

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