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Cinco mitos sobre dor: médica explica!

Por ser uma doença invisível, a dor acaba sendo alvo de muitas informações falsas; a dra. Amelie Falconi esclarece dúvidas sobre o tema

Cinco mitos sobre dor: médica explica!
Cinco mitos sobre dor: médica explica! – Foto: Pexels

Ninguém gosta de sentir dor, mas todo mundo experimenta essa sensação um dia na vida. Dependendo de suas características, principalmente referente a periodicidade, o incômodo pode se tornar crônico. Quando isso acontece acaba recebendo a alcunha de doença invisível, porque é sentida, mas raramente identificada.

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Em razão desta dificuldade em comprová-la, quem sofre de dor crônica costuma ser alvo de descrença, não só de pessoas próximas, mas de profissionais da saúde. Afinal, vale a lógica, o que não se vê não existe. Por conta disso, o estudo acaba sendo relegado a segundo plano, o que faz com que o assunto fique envolto em muitos mistérios.

Por conta de circunstâncias da vida, a médica Amelie Falconi seguiu a direção contrária da maioria dos médicos e resolveu mergulhar fundo nos estudos; especializou-se em dor na Faculdade do Hospital Santa Casa, em São Paulo e fundou o Comitê de Medicina Integrativa e Dor Crônica da Sociedade Brasileira do Estudo da Dor (Sbed). Hoje é médica intervencionista em dor e atua em diversas frentes para dirimir dúvidas sobre o tema. Nesse sentido, a seguir, Amelie desmistifica pensamentos comuns a respeito da dor.

Exercício físico piora o desgaste articular

Amelie afirma que, ao ser realizado de forma adequada e supervisionada, geralmente, o exercício físico não piora o desgaste articular. “Muito pelo contrário, a prática traz benefícios à saúde das articulações, incluindo a prevenção ou retardamento do desgaste articular, também chamado de osteoartrite”, diz.

Segundo ela, o exercício físico pode ter um papel importante na prevenção e manejo da osteoartrite, pois promove o fortalecimento dos músculos que suportam as articulações; envolve movimento, que pode ajudar a manter a flexibilidade das articulações; atua no controle do peso, que, em excesso, sobrecarrega as articulações de carga, como os joelhos; e melhora a circulação sanguínea para as articulações, o que pode ajudar a fornecer nutrientes essenciais para a cartilagem e outras estruturas articulares.

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Repouso melhora a dor

Amelie afirma que o repouso pode ser útil em certos casos agudos, como após uma torção de tornozelo, e por um tempo limitado. Contudo, faz uma ressalva de que, em muitos casos de dor crônica, o repouso prolongado tende a piorar a condição.

“Isto porque acaba levando ao descondicionamento físico, à perda de força muscular, à diminuição de flexibilidade e até mesmo ao aumento da sensibilidade à dor”, diz. Por seu lado, a atividade física regular consegue minimizar todos os pontos acima descritos.

Segundo a médica intervencionista, deve-se dar muita atenção ao tipo e à intensidade do exercício físico, pois estes devem ser individualizados e adequados às condições de saúde e às limitações do paciente com dor crônica.

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“Assim, é fundamental consultar um profissional de saúde qualificado para desenvolver um plano de exercícios adequado e seguro, levando em consideração a causa da dor, o estado de saúde geral do paciente, e outros fatores relevantes”, afirma.

Exames de imagem mostram a causa e a intensidade

A resposta é não. Conforme Amelie, geralmente exames de imagem, como radiografias, ressonâncias magnéticas (RM) e tomografias computadorizadas, não são capazes de mostrar a intensidade da dor. A especialista explica que os exames de imagens têm como sua função principal identificar alterações nas estruturas do corpo que possam estar ligadas a condições médicas que causam incômodo.

Dessa forma, os exames de imagem podem ajudar a identificar a causa subjacente da dor, avaliar a gravidade e extensão da condição e auxiliar na definição do plano de tratamento, mas não podem medir a intensidade da dor.

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“A dor é experiência subjetiva e individual, cuja intensidade varia de pessoa para pessoa”, diz. Para avaliar sua intensidade, segundo a médica intervencionista em dor, utiliza-se, principalmente, o relato do paciente sobre sua experiência, que é coletado via ferramentas subjetivas, como a Escala Númerica da Dor (END) e a Escala Visual Analógica (EVA).

Criança não sente dor

Quando o médico avalia a intensidade, conforme as escalas citadas, ele enfatiza a importância de o paciente comunicar de forma clara sua experiência de dor, descrevendo a localização, a qualidade, a duração e a intensidade dela. Como bebês e crianças pequenas não são capazes de expressar verbalmente o que sentem, é muito comum que se pense que eles não são capazes de sentir dor. Tal ilação não poderia ser mais equivocada.

“A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável que pode ser experimentada por pessoas de todas as idades, incluindo crianças”, afirma Amelie.

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Segundo a médica, bebês e crianças pequenas costumam expressar dor chorando, ficando inquietas, contorcendo-se, evitando toques ou movimentos específicos, ou por meio de mudança no comportamento ou no humor.

“Por isso, a importância de pais, cuidadores e profissionais de saúde ficarem atentos ao qualquer sinal e sintoma de dor nas crianças, para fornecerem o devido cuidado e conforto”, diz. Sempre levando em conta que a experiência de incômodo de uma criança pode ser diferente com relação a um adulto, devido a diferenças de desenvolvimento e maturação do sistema nervoso, além de diferenças culturais e individuais.

Velhice é sinônimo de incômodo

“O envelhecimento é um processo natural e inevitável que afeta o corpo de várias maneiras e a dor pode ser uma das manifestações desse processo. Várias condições de saúde associadas ao envelhecimento contribuem para a sensação de dor e fatores como diminuição da massa muscular, perda de densidade óssea e diminuição da flexibilidade”, comenta Amelie.

Conforme a médica intervencionista, embora a dor possa ser comum em pessoas mais velhas, isso não significa que ela é inerente ao envelhecimento, ou seja, pode ser evitada ou mitigada de diversas maneiras. “Há muitas opções de tratamento disponíveis para ajudar a gerenciar a dor em pessoas idosas, incluindo medicamentos, terapias físicas, abordagens não medicamentosas e modificação de estilo de vida”, afirma.