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Pesquisadores descobrem mecanismo que pode ajudar na prevenção de quadros de trombose

Nova pesquisa pode contribuir para a elaboração de estratégias para proteger pacientes predispostos à trombose

Pesquisadores descobrem mecanismo que pode ajudar na prevenção de quadros de trombose
Pesquisadores descobrem mecanismo que pode ajudar na prevenção de quadros de trombose – Foto: Freepik

Seja no escritório, no avião ou na sala de casa, sabemos que não devemos ficar muito tempo parados na mesma posição, pois o hábito está relacionado à formação dos coágulos sanguíneos característicos da trombose.

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“Quando estamos parados, a musculatura da panturrilha, responsável por bombear o sangue e ativar a circulação, não cumpre sua função como deveria. Essa falta de bombeamento sanguíneo resulta em retenção de líquido e, consequentemente, inchaço e sensação de pernas cansadas. Além disso, favorece a formação dos coágulos sanguíneos causadores da trombose, que ainda podem se desprender da parede da veia e correr pela circulação até chegar ao pulmão, levando a embolia pulmonar e até morte súbita”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita.

Mas, curiosamente, foi em humanos e animais imóveis por longos períodos que um grupo de pesquisadores encontrou um importante mecanismo que pode contribuir para prevenção da trombose. A descoberta foi publicada em abril no periódico científico Science.

Mecanismo que pode ajudar na prevenção de quadros de trombose? Descubra!

No estudo, os pesquisadores relatam que ursos em hibernação, pacientes paralisados por lesões medulares e porcos em espaços apertados não apresentaram formação de coágulos sanguíneos perigosos, apesar de estarem imóveis por longos períodos.

“Parece contraintuitivo que pessoas com paralisia grave não estejam em maior risco de formação de coágulos sanguíneos, mas esse fato nos mostra que algo interessante está acontecendo por trás”, diz a Dra Aline. Os estudiosos, então, compararam amostras de sangue desses mamíferos paralisados com exemplares da mesma espécie que se moviam livremente.

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Nos três casos, foi observado que a longa ausência de movimento, por períodos muito maiores que um voo por exemplo, estava relacionada a uma redução de 55 vezes nos níveis da proteína HSP47.

“A HSP47 é um dos componentes necessários para que as plaquetas, células sanguíneas responsáveis pela liberação dessa proteína, promovam a coagulação de lesões de forma a evitar a perda de sangue”, explica a médica. Ao examinarem o papel da HSP47 na coagulação, os pesquisadores descobriram que sua liberação no sangue favorece a ocorrência de trombose venosa profunda.

A equipe então concluiu que a redução dos níveis de HSP47 pode ter um papel fundamental na prevenção da formação de coágulos em humanos e outros mamíferos, como porcos e ursos.

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“O fato desse fenômeno ser observado em múltiplas espécies reforça a relevância do estudo. Agora que temos evidências da importância da HSP47 nesse processo, é possível pesquisar maneiras de inibir a função dessa proteína na formação de coágulos sanguíneos, o que pode levar a descoberta de novos medicamentos para ajudar aqueles com predisposição à trombose, como pessoas com histórico familiar da doença, obesos, tabagistas, portadores de câncer, pacientes que utilizam hormônios ou pílulas anticoncepcionais, gestantes, idosos e portadores de varizes”, diz a Dra Aline Lamaita.

A médica ainda ressalta que a descoberta pode ser especialmente interessante para a prevenção de tromboembolismo venoso (TEV) em pacientes hospitalizados, já que essa é a principal causa de mortes hospitalares evitáveis. No entanto, até que mais pesquisas sobre essa proteína sejam realizadas, é fundamental adotar alguns cuidados para prevenção do problema.

“Algumas medidas que visam melhorar a circulação podem ajudar na prevenção do quadro de trombose. É recomendado, por exemplo, que você pare de fumar, consuma bastante água, adote uma alimentação balanceada, pratique atividade física regularmente e evite passar muito tempo na mesma posição, seja no horário de trabalho ou em longas viagens, levantando-se de hora em hora para se movimentar”, destaca a cirurgiã vascular.

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Segundo a Dra. Aline Lamaita, o uso de meias elásticas também pode ser indicado, pois comprimem os vasos sanguíneos, assim melhorando o retorno venoso e, consequentemente, prevenindo problemas vasculares como varizes e trombose.

“Porém, o mais importante é que você consulte um cirurgião vascular regularmente, principalmente se você tiver predisposição ou agravantes individuais associados à doença”, finaliza.

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