Após tragédia de barragem em Brumadinho, população sofre com alta exposição a metais pesados
Pesquisa da Fiocruz destacou que moradores de Brumadinho apresentam níveis elevados de metais pesados no organismo
Pesquisa da Fiocruz destacou que moradores de Brumadinho apresentam níveis elevados de metais pesados no organismo
Em 2019, o Brasil foi palco de mais uma tragédia envolvendo o rompimento de uma barragem em Brumadinho, Minas Gerais. Com 272 vítimas e danos ambientais, os efeitos desse triste acontecimento são sentidos pela população da cidade até os dias de hoje. Uma pesquisa realizada pela Fiocruz Minas e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgada na quinta-feira, 07, mostra que os moradores do município sofrem com uma exposição grave a metais pesados.
Arsênio, manganês, cádmio, mercúrio e chumbo: esses são os metais que foram encontrados tanto em adultos quanto em crianças e adolescentes. As taxas dessas substâncias no organismo são elevadas, encontradas tanto em amostras de sangue quanto de urina. No grupo infantil, por exemplo, de 0 a 6 anos, os pesquisadores encontraram pelo menos um metal acima do índice de referência em 50,6% das amostras urinárias.
Os efeitos dessa exposição na saúde chamam a atenção dos cientistas. O alerta vai desde doenças cardiovasculares e respiratórias até a saúde mental. Para se ter uma noção, 12,3% dos adolescentes entrevistados relataram que já foram diagnosticados com problemas como asma ou bronquite asmática. Essa taxa é ainda pior entre os moradores de regiões que foram expostas de maneira direta pelos rejeitos do rompimento da barragem, como o Parque da Cachoeira, onde 23,8% das pessoas destacaram sofrer com doenças crônicas.
“O período mais vulnerável para o desenvolvimento da criança é até os 4 anos. Se o ambiente onde esta criança está se desenvolvendo estiver contaminado é preciso atenção”, disse à Agência Fiocruz a pesquisadora Carmen Froés. Ainda, o pesquisador Sérgio Peixoto destacou a importância de um olhar mais atento para as regiões com maiores problemas de saúde que “podem estar relacionadas às condições ambientais, como água e ar, e que precisam ser melhor investigadas”. Ainda, ele explicou que há uma dinâmica. “No início do trabalho o problema principal era a lama, depois, a poeira, mais para frente será outra questão”.