Ginecologista descreve quatro situações em que uma mulher com endometriose, como Anitta, precisa realizar cirurgia para tratar a doença
A endometriose é um problema que afeta 10% das mulheres brasileiras, conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dentro desse cenário está a cantora Anitta, que revelou na noite de quinta-feira, 07, o diagnóstico da doença, após sofrer com dores intensas por 9 anos. Ainda, na manhã desta sexta-feira, 08, a jornalista Patrícia Poeta relatou, no programa Encontro, que sofre com a mesma condição, e que só descobriu recentemente. Esses relatos trazem à tona um debate importante sobre a saúde da mulher. Patrícia ainda não chegou a passar por um procedimento cirúrgico, mas Anitta já disse que está esperando pela cirurgia para tratar a endometriose.
Para entender o que é essa doença que pode provocar cólicas menstruais intensas, além de outros problemas para a mulher, o ginecologista e obstetra Dr. Marcos Tcherniakovsky explica que a endometriose consiste na saída do tecido endometrial para fora do útero. Esse tecido é uma camada interna do próprio útero que, normalmente, costuma ser escamado pela menstruação. Mas, em um quadro de endometriose, essa camada vai parar em outras regiões do corpo, como “embaixo do útero, nos ovários, no intestino e pode ir para a bexiga“.
Quando isso acontece, uma inflamação é desenvolvida. “Essa reação inflamatória pode ser muito pequena, como pode ser uma reação inflamatória de uma proporção muito grande. Através dessa reação inflamatória que virão os sintomas. O tratamento vai ser de acordo com o caso. Pode ser um tratamento clínico, onde nós vamos dar medicações para melhorar dor; para brecar o ciclo menstrual, como os anticoncepcionais, ou uma indicação cirúrgica, que tem as suas determinações”.
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“Estou aqui contando os dias para minha cirurgia”: após um longo tempo de sofrimento e sem o diagnóstico correto, o procedimento cirúrgico está sendo muito aguardado por Anitta. Mas, quando a cirurgia é realmente necessária para tratar a endometriose? O Dr. Marcos, que também é diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), explica que são basicamente quatro situações que podem indicar esse procedimento.
1. FALHA DE TRATAMENTO CLÍNICO
“Primeiro a falha de tratamento clínico, aquela paciente que tem a qualidade de vida bastante alterada, com muita dor, você vai tentar bloquear essa menstruação com a primeira linha de tratamento com anticoncepcionais, esses normais que a gente usa no dia a dia. E aí vai aquele que a mulher escolhe, não existe um melhor do que o outro e vamos usar anti-inflamatório”. Se o problema não melhorar, uma mulher ter contraindicações ou não querer utilizar medicação hormonal, então o médico destaca uma investigação cirúrgica nesses casos.
2. EVOLUÇÃO DA DOENÇA
“Quando eu estou acompanhando uma mulher e vou fazendo um acompanhamento a cada 6 meses, pedindo exames para ela, e eu percebo que tem uma evolução, por mais que ela não tenha sintomas, a doença está evoluindo, então aí indicamos uma cirurgia”.
3. INFERTILIDADE
“A terceira situação é infertilidade. Quando vejo que a cirurgia pode melhorar a fertilidade, que a endometriose seria a causa da infertilidade, a cirurgia vai muito bem e eu consigo aumentar a taxa de fertilidade dessa mulher”. Em relação à endometriose e gravidez, o médico ressalta que “pode ser comum em pacientes com endometriose de 30 a 50%, portanto, 50 a 70% dessas mulheres vão engravidar mesmo tendo endometriose”.
“Fazendo um tratamento correto, retirando essas lesões, ou mesmo em muitas ocasiões um encaminhamento para um especialista em reprodução assistida, as pacientes vão conseguir engravidar. São poucas pacientes hoje que teria uma esterilidade, impossibilitando de engravidar de forma geral”, destaca o obstetra.
4. OUTROS ÓRGÃOS ACOMETIDOS PELA ENDOMETRIOSE
“A quarta situação são situações muito especiais quando acomete outros órgãos, como apêndice, diafragma, bexiga e intestino. Então situações especiais também indicamos a cirurgia”.
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Aos 28 anos, Anitta chegou a relatar que as dores fortes estavam presentes até mesmo depois de relações sexuais, e esse pode ser um dos sintomas da endometriose que as mulheres precisam ficar atentas. “Muitas vezes essas lesões estão muito próximas da região vaginal e, no ato de relação, acaba causando muita dor, inclusive com sensações de incômodo e ardência”, explica o ginecologista Dr. Marcos. Outros sintomas são:
Sobre a fonte:
Dr. Marcos Tcherniakovsky – Ginecologista e Obstetra – Alto conhecimento em Endometriose e Vídeo-endoscopia Ginecológica (Histeroscopia e Laparoscopia). É Diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose. Médico Responsável pelo Setor de Vídeo-endoscopia Ginecológica e Endometriose da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC. Membro da comissão de especialidades na área de Endometriose pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Médico Responsável da Clínica Ginelife.
