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Alguns tipos de câncer no corpo podem se espalhar para áreas específicas do cérebro, mostra estudo

A metástase cerebral ocorre quando o câncer em uma parte do corpo se espalha para o cérebro. Novo estudo da Universidade do Sul da Califórnia mapeou para quais áreas do cérebro podem avançar os cinco tipos comuns de câncer

Tipos de câncer que podem chegar ao cérebro – Freepik/rawpixel.com

Além de tumores que se originam no cérebro, o órgão também pode ser alvo de metástases de tumores comuns. “Apesar de não serem classificados como tumores cerebrais, as metástases cerebrais são tipos de câncer que chegam no cérebro após circular pelo corpo, e temos a impressão de que eles são até dez vezes mais comuns do que os tumores cerebrais, justamente por termos muito mais diagnósticos de câncer de mama, pulmão, pele e intestino do que tumores no cérebro. É uma questão estatística”, explica o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Agora, um novo estudo da Universidade do Sul da Califórnia sugere que a região de disseminação do câncer no cérebro pode não ser aleatória, mas depende de onde o câncer se originou no corpo. Os pesquisadores analisaram a localização de metástases cerebrais causadas ​​por cinco tipos comuns de câncer – melanoma (um tipo de câncer de pele), pulmão, mama, renal (rim) e colorretal. Eles descobriram que o câncer de pulmão e o melanoma mostraram uma probabilidade maior de metástase nos lobos frontal e temporal (que ficam atrás das orelhas). Os cânceres de mama, renal e de cólon têm maior propensão a se espalhar para a parte posterior do cérebro, como cerebelo e tronco cerebral”, acrescenta o Dr. Gabriel. O estudo foi publicado em julho no Journal of Neurosurgery.
 
Segundo o neuro-oncologista, a metástase cerebral ocorre quando o câncer em uma parte do corpo se espalha para o cérebro. A incidência ao longo da vida de tais tumores cerebrais metastáticos em pacientes com câncer está entre 20% e 45%, mostram as pesquisas. As descobertas do estudo são importantes não apenas porque podem prever onde um câncer específico pode se espalhar no cérebro, mas porque também têm implicações em como os tumores cerebrais crescem. “Pode ser que as células cancerosas tenham a capacidade de se adaptar a microambientes regionais no cérebro que lhes permitem colonizar e progredir, enquanto outras áreas do cérebro são inóspitas para as mesmas células”, diz o estudo.

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Para chegar às suas conclusões, os pesquisadores coletaram dados de pacientes com câncer cerebral metastático tratados com radiocirurgia estereotáxica (SRS), uma forma minimamente invasiva e direcionada de radiocirurgia usada para tratar tumores cerebrais e outras lesões. O SRS permite que os cirurgiões definam as coordenadas de um tumor no cérebro com precisão.
 
Os pesquisadores usaram as coordenadas SRS de 970 pacientes com aproximadamente 3.200 tumores metastáticos cerebrais decorrentes de câncer de pele, pulmão, mama, rim ou cólon entre 1994 e 2015. Eles criaram dois modelos matemáticos preditivos para analisar a localização exata das metástases cerebrais com base nas origens do câncer primário.
 
Segundo o Dr. Gabriel, um modelo mostrou que regiões distintas do cérebro eram relativamente suscetíveis a certos tipos de câncer; outro forneceu a probabilidade de cada câncer metastatizando em certas regiões do cérebro. Ambos os modelos resultaram nos mesmos resultados aproximados quanto às áreas do cérebro com maior probabilidade de desenvolver tumores específicos para o câncer. Os pesquisadores acreditam que os resultados do estudo podem ser úteis na eventual prevenção e tratamento de tumores cerebrais. “Se pudermos entender quais fatores facilitam ou bloqueiam o processo de metástase, como certos produtos químicos ou neurotransmissores no cérebro, pode haver uma maneira de intervir e prevenir a metástase de um câncer em primeiro lugar ou tratá-lo assim que se espalhar. De qualquer forma, o estudo é importante para que possamos reforçar a importância do exame preventivo desses tipos mais comuns de câncer no corpo, o que possibilita uma maior chance de tratamento e evita a metástase”, finaliza o médico.


FONTE:

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DR. GABRIEL NOVAES DE REZENDE BATISTELLA: Médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Formado em Neurologia e Neuro-oncologia pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, hoje é assistente de Neuro-Oncologia Clínica na mesma instituição. O médico é o representante brasileiro do International Outreach Committee da Society for Neuro-Oncology (IOC-SNO).