Sintomas comuns da covid-19 são pré-indícios de Alzheimer? Estudo explica
Segundo estudo realizado antes mesmo da pandemia, sintomas como perda de olfato e paladar, comuns da covid-19, podem ter relação com um futuro diagnóstico de Alzheimer
Segundo estudo realizado antes mesmo da pandemia, sintomas como perda de olfato e paladar, comuns da covid-19, podem ter relação com um futuro diagnóstico de Alzheimer
Sintomas como perda de olfato e paladar são comuns em pacientes diagnosticados com covid-19. No entanto, um novo estudo mostrou que eles podem ter certa ligação com outra doença: o Alzheimer.
Como revela um estudo brasileiro, publicado na European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience, esses sintomas, além da covid, são pré-indícios da doença cognitiva, que costuma surgir somente anos mais tarde.
Segundo eles, a partir da análise de mais de 700 pacientes internados com covid-19 em estado moderado ou grave, percebeu-se que aqueles que apresentaram mais sintomas sensoriais, como a perda de olfato e paladar, tiveram resultados piores nos testes cognitivos realizados, indicando uma possível pré-disposição para o Alzheimer.
“O olfato é uma importante conexão com o mundo externo e está muito relacionado com experiências passadas. O cheiro de bolo, por exemplo, pode nos trazer a lembrança da avó. Em termos de conexão cerebral, tem uma interação com a memória muito mais robusta do que a visão e a audição”, explica Fábio Pinna, responsável pelo estudo.
O estudo, então, buscou entender mais detalhes dessa relação. Por isso, acompanhou esses pacientes por mais seis meses, após a internação. Dentre a pesquisa, a maioria sofreu com a perda moderada ou severa do paladar, seguida da perda do olfato, a perda dos dois juntos, alteração na percepção de cheiros e, por fim, até casos em que os pacientes sofrem com alucinações gustativas e/ou olfativas.
Assim, dentre os infectados que sofreram com essas alucinações, os resultados dos testes cognitivos foram mais negativos e relatavam, ainda, “uma memória episódica ruim”, apresentando dificuldades de relembrar alguns acontecimentos. Nos outros casos, os pacientes também tiveram dificuldades em memorizar listas e outras coisas.
“Esse achado corrobora a hipótese de que a Covid-19 tem, de fato, um impacto na cognição e seus prejuízos não são apenas decorrentes de questões psicossociais ou ambientais”, revela Rodolfo Adamiano, outro coautor do estudo.
No entanto, ele ainda explica que não encontraram, de fato, a relação desse problema. “Nossa hipótese é a de que o vírus provoca uma neuroinflamação, que leva ao prejuízo na cognição. Se os danos são permanentes ainda não sabemos. Continuamos a acompanhar os pacientes para descobrir se há melhora ou não”, conta.
Por fim, o grupo de pesquisadores afirma que, além de procurar a causa, realiza agora um novo estudo para ver se pacientes vacinados apresentam os mesmos sintomas que aqueles prévios ao imunizante. Descobrindo, portanto, se a vacina tem alguma prevenção contra complicações neuropsiquiátricas.