UBS faz mulheres baixarem as calças para a liberação de anticoncepcional

Mulheres são obrigadas a baixarem calças para receberem anticoncepcional – Pexels/Karolina Grabowska

Relatos de mulheres da cidade Americana, interior de São Paulo, repercutiu nas redes sociais: para receberem a injeção de anticoncepcional, pacientes estão sendo obrigadas a baixarem as calças em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município. A sanitarista e ativista Maria Giovana Fortunato coletou casos de mulheres nas quais denunciam que profissionais de saúde do posto exigem que elas “provem” que estão menstruadas para receber o anticoncepcional.

MULHER RELATA QUE QUEM NÃO “PROVAR” ESTAR MENSTRUADA, NÃO RECEBE INJEÇÃO

“Vai tomar uma injeção para não engravidar, a gente tem que provar que está menstruada”, disse uma das mulheres do vídeo publicado por Maria Fortunato. Se as mulheres não se submetem à situação humilhante, uma das pacientes que fez a denúncia relatou que elas não recebem a injeção, que é um direito. “Depois que a gente já engravidou, porque não tomou a injeção, eles falam ‘de novo com filho? Engravidou de novo?’”.

Ao Yahoo, Maria Fortunato disse que esse comportamento do posto de saúde é motivado para evitar que mulheres recebam a injeção como forma de aborto. Os casos vieram à tona em meio a um grupo de debate sobre violência doméstica, organizado por voluntárias que realizam a distribuição de absorventes para mulheres mais vulneráveis.

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“Tem gente ali que ficou grávida mais de uma vez porque tem muita dificuldade de ter acesso à injeção anticoncepcional, por conta dessa situação”, disse Fortunato. Ao UOL, uma mulher de 20 anos que teve sua identidade preservada se negou a mostrar o absorvente, após enfermeira não acreditar em sua afirmação que estava menstruada. “Ela disse que eu teria baixar a calça e mostrar o absorvente. Não quis mostrar. Isso é uma humilhação para todas nós, preferi fazer o exame”.

Após diversos relatos denunciando o comportamento da equipe da UBS, a Unidade de Atenção à Saúde se manifestou dizendo que as acusações não são reais. “Esse tipo de conduta é inaceitável e impraticável, fato que jamais tenha sido constatado pelos funcionários, bem como pela coordenação da Unidade de Atenção Básica”.