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Pobreza menstrual: a falta de recursos básicos para a menstruação afeta a saúde íntima e psicológica

No Brasil, 22% das brasileiras se sentem vulneráveis por não terem condições de se higienizarem de forma adequada

Efeitos da pobreza menstrual – Pexels/Cliff Booth

Na sociedade em que vivemos, muitas políticas públicas devem ser criadas e evoluídas em prol da garantia dos direitos de todo cidadão. E muito ainda deve ser aprimorado quando se fala de menstruação, em especial no Brasil. Em parceria com os Institutos Kyra e Mosaiclab, uma pesquisa realizada pela Johnson & Johnson Consumer Health mostra que 22% das brasileiras se sentem frágeis quando menstruam porque não têm condições adequadas para se higienizarem no lugar onde moram.

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Esse dado mostra uma realidade precária e desigual na vida não só de muitas mulheres, mas também de homens trans e pessoas não-binárias, sejam adultos ou adolescentes. “Alguns estudiosos acreditam que a palavra “tabu” tenha se originado a partir da palavra polinésia TAPUÁ, que significa também ‘menstruação’. E, talvez, realmente seja um dos maiores tabus ainda não superados”, comenta a consultora de sexualidade Sofia Menegon. “Crenças negativas a respeito da menstruação e de pessoas menstruantes surgem para controlar e docilizar esses corpos. Não à toa, ainda relacionamos menstruação à sujeira e, de alguma forma, continuamos reproduzindo mitos cristãos da menstruação enquanto punição pelos pecados que esse corpo carrega”.

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Por conta dessa visão de corpos “devedores, culpados ou pecadores”, a consultora de sexualidade afirma que “puni-los com a exclusão ainda é uma proposta considerada pelos mais apegados a conceitos machistas e equivocados”. A falta de distribuição de absorventes é um reflexo disso, em que, segundo a pesquisa, 40% das mulheres de baixa renda de 14 até 24 anos sofrem com a pobreza menstrual. Centenas de milhares de meninas, meninos e menines que menstruam são obrigadas a faltar às aulas e até deixar de vez os estudos por não terem acesso a itens básicos para a fase menstrual.

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Sofia lembra que ao serem afastadas da escola, das formas de socialização e de informação sobre o próprio corpo as deixam “vulneráveis a esse mesmo sistema que as veta, discrimina e silencia”. Aliás, 94% das mulheres de classes mais baixas não sabem identificar se vivem nesse contexto de vulnerabilidade. 

Como não possuem acesso a recursos essenciais para esse período, métodos perigosos para a saúde íntima são buscados, como algodão e sacos plásticos. Com isso, a consultora de sexualidade alerta: Negar absorventes gratuitos à pessoas em condições de vulnerabilidade é também sentenciá-las a altos riscos de infecções, lesões no canal vaginal e ainda disfunções sexuais.

E não para por aí, pois a pobreza menstrual causa danos psicológicos nessas pessoas. Sofia explica que a autoestima é muito afetada por conta disso, como até mesmo oportunidades e direitos. “A ferida da exclusão, do abandono e do descaso raramente cicatriza sem deixar marcas profundas. Marcas que poderiam ser evitadas se essas existências fossem respeitadas”.

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