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Novembro azul: por que homens subestimam fatores comportamentais na hora de cuidar da saúde?

O risco do câncer de próstata ao longo da vida é de 16%. Estudos realizados em pacientes após recuperação revelam que eles tendem a superestimar fatores externos como estresse e poluição e desconsiderar excesso de peso e sedentarismo

Novembro azul: por que homens subestimam fatores comportamentais na hora de cuidar da saúde?
Novembro azul: por que homens subestimam fatores comportamentais na hora de cuidar da saúde? – Foto de MART PRODUCTION no Pexels

Em novembro, o Ministério da Saúde celebra o Novembro Azul e anunciou a campanha Linha Azul, uma ação de cuidados dedicada à saúde do homem para sensibilizá-lo a respeito da importância sobre os cuidados com a própria saúde e o diagnóstico precoce.

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Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estimam-se 65.840 novos casos de câncer de próstata por ano, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino. O número de mortes anuais impressiona: 15.841. No Brasil, é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A patologia é considerada uma doença da melhor idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos e as chances de cura chegam a 90%, desde que o diagnóstico seja realizado no estágio inicial.

Dados do estudo Attitudes and adherence to changes in nutrition and physical activity following surgery for prostate cancer: a qualitative study, de Luke Robles, revelam que sobreviventes de câncer de próstata valorizam a importância de fatores ambientais, como estresse e poluição, e minimizam fatores comportamentais, como excesso de peso e sedentarismo. Esses resultados confirmam algumas crenças populares de que estilo de vida não afeta a prevenção e o desenvolvimento de patologias.

“Isso é completamente equivocado, tendo em vista que uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos influenciam diretamente na saúde do homem”, alerta a nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos, Adriana Zanardo.

A importância do novembro azul e de cuidar da saúde

Cabe destacar que os fatores de risco não modificáveis do câncer de próstata são: aumento da idade, etnia e histórico familiar. Dentre os fatores modificáveis, encontram-se alimentação e prática de atividade física. Ainda de acordo com os dados científicos, a atividade física, seja moderada ou vigorosa, reduz o risco de mortalidade por câncer de próstata e a recorrência da doença.

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“Indicamos 90 minutos de exercício físico moderado por semana. A prática está relacionada à redução de 61% na mortalidade em comparação com menos de 60 minutos”, explica a nutricionista. Para efeito preventivo, recomenda-se a prática de, pelo menos, 30 minutos de atividade física moderada a vigorosa.

Crucíferos, licopeno e vegetais: nomes difíceis e necessários

Apesar de anatomicamente semelhantes, homens e mulheres têm características e necessidades diferentes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os homens vivem 7,1 anos a menos do que as mulheres, com taxa de mortalidade maior em praticamente todas as faixas etárias. Por isso, a prevenção é a palavra de ordem quando abordamos a saúde masculina.

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“As necessidades de cada pessoa ao nível da nutrição dependem do gênero, da idade, do estilo de vida e até de algumas complicações ou particularidades. Mas podemos destacar alguns alimentos globais que podem auxiliar no fortalecimento da saúde masculina”, explica Adriana.

A maior ingestão de alimentos do grupo crucífero, como repolho, couve-flor e couve estão relacionados com redução de incidência e progressão do câncer de próstata, segundo o mesmo estudo de Robles. Já o licopeno é um carotenóide presente em frutas e hortaliças de cores vivas, que também tem sido associado à diminuição do risco de evolução da doença após o diagnóstico.

“A literatura também recomenda que a alimentação diária tenha vegetais; grãos integrais, como aveia, quinoa, amaranto, arroz integral; sementes, como linhaça, chia, gergelim; feijões e frutas in natura e desidratadas”, complementa.

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Impactos negativos de determinados alimentos não escolhem gênero

Segundo dados da literatura científica, o consumo excessivo de laticínios pode estar relacionado ao aumento do risco de câncer de próstata. As carnes processadas, como presunto, peito de peru, salsicha, linguiça, bacon e derivados estão repletas de gorduras maléficas para a saúde, sódio, nitratos e conservantes. A união desses ingredientes pode levar ao desenvolvimento de doenças de diferentes graus. O excesso de gordura corporal também pode aumentar o risco de câncer de próstata avançado.

Infelizmente, a crença de que homens são mais negligentes nos cuidados relacionados à saúde é sustentada por pesquisas. A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que, durante a pandemia, 55% dos entrevistados acima de 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento médico. E, pelo menos, 81% dos entrevistados têm a impressão de que as pessoas estão indo menos ao médico ou fazendo menos tratamentos.

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Mesmo com as orientações acima, é importante destacar que não existe alimento que seja totalmente bom ou ruim por si só. “Caso você tenha ou desconfie ter um problema de próstata, é de suma importância realizar o acompanhamento médico para iniciar os cuidados o mais rápido possível. A evolução de métodos dos exames e melhoria na qualidade dos sistemas de informação auxiliam nessa questão”, esclarece a nutricionista.