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Felipe Neto, Juju Salimeni e mais: sintomas de depressão afetam 5,9% dos brasileiros

A depressão ganhou visibilidade desde o início da pandemia, por conta dos relatos de famosos; Especialista esclarece dúvidas sobre a doença

Médico psiquiatra Ervin Cotrik fala sobre depressão, doença que afeta 59% dos brasileiros – Freepik/ rawpixel.com

Felipe Neto, Juju Salimeni, Rodriguinho, Simone Pôncio. Não é apenas a fama que os quatro têm em comum. Nos últimos tempos todos eles enfrentaram ou ainda enfrentam um problema que atinge cerca de 5,9% dos brasileiros na pandemia: sintomas de depressão ou ansiedade. O tema chama atenção e tem ganhado cada dia mais visibilidade.

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Caracterizado por um forte sentimento de tristeza e desesperança, a depressão pode gerar imensa angústia. No enfrentamento de um cenário tão peculiar como a pandemia, somado a fatores como economia, desemprego e adversidades nos relacionamentos, o problema tem aumentado. De acordo com o médico psiquiatra Ervin Cotrik, o humor deprimido e a perda de interesses ou prazer são os sintomas principais da depressão. 

“Os indivíduos podem dizer que se sentem tristes, desesperançados, na “fossa” ou inúteis. Para um paciente, o humor deprimido muitas vezes adquire uma qualidade distinta que o diferencia da emoção normal de tristeza ou luto. Com frequência, os pacientes descrevem os sintomas de depressão como uma dor emocional angustiante e, às vezes, se queixam de serem incapazes de chorar, um sintoma que se resolve quando melhoram”, explica.

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DEPRESSÃO: Especialista esclarece dúvidas sobre o transtorno

É verdade que existem fatores de risco?

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A literatura apresenta, sim, fatores de risco descritos. Os dados mais convincentes indicam que o evento de vida associado com mais frequência ao desenvolvimento da depressão é a perda de um dos genitores na infância. O estressor ambiental mais associado ao início de um episódio de depressão é a perda do cônjuge. Outro fator de risco é o desemprego; indivíduos desempregados têm três vezes mais probabilidade de relatar sintomas de um episódio de depressão maior do que os que estão empregados.

A depressão está relacionada a outros transtornos?

Ocorre que indivíduos com transtornos depressivos maiores, têm maior risco de apresentar um ou mais transtornos comórbidos. Os mais frequentes são abuso ou dependência de álcool, transtornos de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de ansiedade social.

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O transtorno pode atingir crianças?

A idade média de início para transtorno depressivo maior é em torno dos 40 anos, com 50% de todos os pacientes tendo início entre os 20 e os 50 anos. No entanto, esse transtorno também pode iniciar na infância ou na velhice. Dados epidemiológicos recentes revelam que a incidência de transtorno depressivo maior pode estar aumentando entre pessoas com menos de 20 anos.

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Quando ficar alerta?

Alguns indivíduos deprimidos parecem não ter consciência de sua depressão e não se queixam de um distúrbio do humor, ainda que exibam afastamento da família, dos amigos e de atividades que antes lhes interessavam. Quase todos os deprimidos (97%) se queixam de redução da energia, têm dificuldade de terminar tarefas, têm mau desempenho na escola e no trabalho e menos motivação para desenvolver novos projetos. Cerca de 80% se queixam de dificuldades para dormir, especialmente de despertar matinal precoce (i.e., insônia terminal), e de despertares múltiplos ao longo da noite, durante os quais ruminam sobre seus problemas.

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É possível se livrar da depressão? 

O tratamento de pacientes com transtornos do humor deve ser direcionado para vários objetivos: segurança do paciente, uma avaliação diagnóstica completa e um plano de tratamento que trate não apenas os sintomas imediatos, mas também vise ao bem-estar futuro do paciente. Ainda que o tratamento atual enfatize a farmacoterapia e a psicoterapia orientadas ao paciente individual, acontecimentos estressantes da vida também estão associados com aumentos nas taxas de recaída. Portanto, o tratamento deve ser voltado à redução do número e da gravidade dos estressores nas vidas dos pacientes.

Ervin Cotrik salienta que a busca por um profissional e o apoio da família e amigos são fundamentais no progresso do paciente. “O apoio familiar e a busca rápida por ajuda é essencial. Expressões do tipo “reage”, “é falta de trabalho”, “não seja fraco”, não ajudam (pelo contrário- podem deixar a pessoa pior). Lembrando que uma das complicações da depressão é o suicídio (e que vem aumentando principalmente nos jovens). Portanto incentivar e buscar ajuda é o melhor caminho. Felizmente a depressão tem tratamento!”, finaliza.