Cirurgia de hérnia de disco: especialista explica quais são os tipos desse procedimento
A cirurgia de hérnia de disco oferece poucos riscos e entra em cena quando os medicamentos e a fisioterapia não resolvem o caso
A cirurgia de hérnia de disco oferece poucos riscos e entra em cena quando os medicamentos e a fisioterapia não resolvem o caso
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 80% da população do globo sofre com dores nas costas. Na maioria dos casos, ela é causada por fatores como má postura ou problemas musculares e podem ser facilmente resolvidos. Em outros, no entanto, o desconforto é intenso e persistente e pode irradiar, causando dormência e formigamento nas regiões próximas.
Esse quadro geralmente indica que se trata de uma hérnia de disco, condição que acomete cerca de 15% da população mundial, especialmente entre 25 e 45 anos e é a segunda colocada no ranking das doenças que levam ao afastamento do trabalho. Para entender como o problema acontece, o médico-cirurgião de coluna, Luciano Miller, explica que entre os ossos que formam a coluna existem discos que no centro apresentam uma substância gelatinosa com um revestimento externo rígido. A hérnia, que é mais comum na região lombar, é caracterizada por alterações nessas estruturas, que muitas vezes são provocadas pelo envelhecimento da coluna, que leva à perda da sua flexibilidade e elasticidade.
Existem três tipos de hérnia de disco: as protusas, que é o tipo mais comum e acontecem quando o disco se alarga, perdendo seu formato original, mas não há extravasamento do líquido gelatinoso, extrusa, que leva ao rompimento da parte dura do anel e à liberação do conteúdo gelatinoso, ou sequestrada, que acontece se o disco for muito danificado, provocando dores extremas e dificuldade de locomoção do paciente. Na maioria das vezes os médicos receitam repouso, fisioterapia e o uso de medicamentos para tratar o quadro, mas em alguns casos o tratamento cirúrgico precisa entrar em cena, o que acontece em cerca de 10% dos casos.
+++ Apresentador Dony De Nuccio passa por cirurgia na coluna, após sofrer com dores: ”Complexa”
+++ Fibromialgia: fisioterapeuta indica exercícios para aliviar as dores
Tipos
Método tradicional: é realizado através de um corte que possibilita ao cirurgião alcançar a coluna. O especialista retira o disco danificado e pode optar por unir duas vértebras ou colocar um material artificial como substituto da estrutura prejudicada. Se houver desalinhamento ou perda de firmeza nas vértebras, articulações ou ligamentos, o médico pode utilizar materiais como parafusos para fixa-los. Existem ainda as cirurgias minimamente invasivas.
Minimamente invasivas
Microcirurgia: consiste na realização de incisões menores e mais precisas na pele do paciente e o procedimento é feito com a ajuda de um microscópio cirúrgico. O objetivo é retirar o disco danificado e cauterizar os nervos próximos à lesão para aliviar a dor. Ela provoca menos sangramento e garante uma recuperação mais rápida.
Cirurgia endoscópica: é feita através da introdução de tubos finos e compridos através de cortes mínimos na pele. Necessita apenas de anestesia local e sedação e pode contar com a ajuda de radiofrequência para remover a hérnia.
Rizotomia por radiofrequência: o médico cauteriza pequenos nervos localizados nas articulações da coluna através da inserção de agulhas. É um procedimento simples e seguro realizado com o paciente internado por cerca de 24 horas e traz alivio imediato para o incômodo.
Riscos e recuperação
Os riscos são bem pequenos e envolvem principalmente questões ligadas a qualquer tipo de operação, como sangramento e infecção. O tempo de internação pós-procedimento varia de acordo com a técnica utilizada. Depois da alta hospitalar, é importante fazer sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos com mais rapidez. Assim, o indivíduo consegue retomar suas atividades normais entre 5 e 10 dias. Exercícios físicos e atividades mais intensas só depois de um mês.
Sobre a fonte:
Médico cirurgião de coluna do Hospital Albert Einstein e professor livre docente pela UNIFESP. Miller é membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia, membro da Sociedade Brasileira de Coluna e membro da North American Spine Society. O especialista é pós-doutorado pela UNIFESP, com doutorado e mestrado em ciências médicas. Luciano Miller é professor adjunto da Faculdade de Medicina do ABC e Chefe do Grupo de coluna da Faculdade de Medicina do ABC. O ortopedista fez especialização na Cleveland Clinic Foundation e na Universidade de Miami. O especialista traz em sua bagagem mais de 110 artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, 21 prêmios em congressos nacionais e internacionais, 18 capítulos de livros escritos e 1 livro publicado – Doenças da coluna, pelo Hospital Albert Einstein