Em 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou o primeiro estudo global sobre sedentarismo entre crianças e adolescentes. Analisando informações coletadas em 2016 de 1,6 milhão de estudantes (com idade entre 11 e 17 anos), em 146 países, constatou que 81% dos pesquisados não faziam atividades físicas suficientes. Entre as crianças e adolescente brasileiros o índice foi um pouco maior. De acordo com o levantamento, 84% delas praticavam menos exercícios do que o recomendado pela organização.
Estes números são alarmantes se forem levados em consideração todos os malefícios causados pela falta de atividade física regular. O casal de médicos Thanguy e Patrícia Friço, autores do livro Pais Saudáveis = Filhos Saudáveis, publicado pela Editora Gente, destacam que um estilo de vida sedentário pode prejudicar a saúde de várias formas, ocasionando doenças como diabetes, obesidade, ansiedade, colesterol alto e infarto do miocárdio.
“Por sua vez, crianças e adolescentes fisicamente ativos têm grandes chances de se tornarem adultos ativos. Isso já foi comprovado”, afirma Patrícia. Dessa maneira, conforme a médica, promover a prática regular de exercícios físicos na infância e na adolescência significa formar uma base sólida para reduzir o sedentarismo na idade adulta, favorecendo a melhoria da saúde e da qualidade de vida.
COMO INSERIR ATIVIDADES FÍSICAS NA ROTINA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES?
Nesse sentido, os autores do livro recomendam que crianças e adolescentes pratiquem atividades físicas de acordo com os critérios estabelecido pela OMS, em 2011. Conforme a organização, crianças e jovens devem acumular ao menos 60 minutos diários de atividade física moderada e intensa, sendo que o tempo superior a esse pode trazer ainda mais benefícios. A organização ressalta também que a maior parte do tempo deve ser despendida em atividades aeróbicas, mas que exercícios de força física podem ser realizados três vezes por semana.
Thanguy destaca os diversos benefícios que a prática de atividades físicas regulares promove à saúde de crianças e adolescentes. “Manter o corpo em movimento aumenta a autoconfiança, melhora a flexibilidade, a agilidade e até a concentração na hora dos estudos”, diz o médico.
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A prática de exercícios ajuda também na queima de calorias e, consequentemente, na redução da gordura abdominal e na manutenção do peso, resultado que é sentido ainda com mais clareza quando associado a uma alimentação saudável e equilibrada. Thanguy explica que qualquer pessoa (crianças e adolescentes também, claro) que pratica pouco ou nenhum exercício físico gasta menos calorias nas atividades do dia. “Isso e mais uma alimentação rica em gorduras e açúcar acarreta em acúmulo de gorduras na região abdominal, favorecendo ao ganho de peso e o aumento da quantidade de colesterol e triglicerídeos na corrente sanguínea”, diz.
O desenvolvimento da massa muscular e óssea é mais uma vantagem da atividade física. Segundo o médico, durante a infância e a adolescência, as pessoas desenvolvem uma poupança óssea, o que contribui para reduzir no futuro o risco de osteoporose e fraturas. Thanguy cita um estudo realizado com 89 estudantes, entre 6 e 13 anos de idade para demonstra essa relação. A pesquisa dividiu os participantes em dois grupos: durante sete meses e três vezes por semana, um deles fez apenas exercícios de relaxamento, enquanto o outro praticou exercícios vigorosos de cem saltos de 61 centímetros de altura. Ao final do período, relata Thanguy, constatou-se que a massa óssea do grupo dos saltadores cresceu entre 3,1% e 4,5% a mais do que a do primeiro grupo.
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ATIVIDADE FÍSICA MELHORA SONO E EMOCIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Outro benefício promovido pela atividade física diária é a melhora na qualidade do sono. Isto porque, segundo Patrícia, a prática cansa o corpo e facilita o descanso e o repouso. Do mesmo modo, fazer exercícios todos os dias, conforme os parâmetros estipulados pela OMS, interfere positivamente no controle emocional dos jovens. “Durante a prática de atividade física o organismo diminui a produção dos hormônios adrenalina e cortisol e aumenta os hormônios do bem-estar, como serotonina e endorfinas”, explica.
Desse modo, segundo Patrícia, praticar atividade física regular auxilia os jovens a controlar os sintomas em caso de ansiedade e depressão e também contribui para seu desenvolvimento psicossocial, criando oportunidades de auto expressão que lhes proporcionam mais autoconfiança e interação social.