Home » Coluna Viva Esporte » Contra o preconceito, professora de Pole Dance relata beleza e desafios da modalidade: “É desse desafio que vem a transformação”
Tanto em filmes, séries, como no imaginário popular, o Pole Dance aparece cheio de julgamentos e pré-conceitos, nem sempre os mais corretos sobre a prática.
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Porém, pouquíssimas pessoas sabem da real história e da origem de toda essa cultura, que perdura por séculos!
Tudo indica que o Pole tenha começado na Índia, como uma espécie de “evolução” de uma outra atividade chamada Mallakhamb, que significa “Homem de força” ou “ginástica do poste”, segundo as línguas antigas.
No século XII, as pessoas daquela terra usavam um poste de madeira e, juntamente com as cordas, se exercitavam numa espécie de Ioga, que também surgira nesse mesmo local.
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Mesmo com aproximadamente 900 anos de história, o Pole como prática esportiva é mais antigo que outros esportes mais tradicionais, como o futebol por exemplo, tendo 250 anos.
ARTE E PRECONCEITO
Apesar de toda essa história e passado ricos, hoje a prática encontra um outro desafio: O preconceito.
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O Pole foi, com o tempo, sexualizado e hoje é quase que automaticamente ligado às práticas sensuais e eróticas, assim como seus adeptos, tidos como “promíscuos”.
A professora de Pole Dance de São Paulo, Marina Dall’Acqua, que foi vencedora duas vezes do Pole Theatre Brazil (uma espécie de Campeonato Brasileiro da modalidade), relatou todo esse processo que enfrentou até se consolidar na arte de ‘dançar sobre o poste’.
Ela começou falando como a prática entrou em sua vida: “Eu senti necessidade de começar uma atividade física e não curtia muito a academia. Uma amiga sugeriu uma aula de pole dance e eu fui sem expectativa alguma, achando que ia ser só uma diversão passageira. Na primeira aula já me apaixonei, agora faz quase 7 anos que pratico, 5 que eu dou aula, e mudou minha vida”.
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Mesmo com a paixão, a caminhada de Marina não foi das mais fáceis, tendo que lidar com comentários preconceituosos e abusivos quase que diariamente. Por outro lado, ela usa a força de seus seguidores e das mensagens de apoio para continuar sua trajetória profissional: “Lidar com ataques e assédio é sempre uma coisa desagradável. Infelizmente tem homens que acham que têm o direito de me mandar mensagens extremamente invasivas só porque eu danço pole dance. É bem absurdo. Mas isso, comparado com a quantidade de pessoas carinhosas que incentivam meu trabalho, é muito pequeno. No fim vale muito a pena, eu sou muito feliz de ter escolhido o Pole Dance como profissão”.
A instrutora e atleta ainda completou: “O pole dance foi desenvolvido pelas strippers, hoje temos muitas vertentes, mas a sensualidade continua sendo um enorme tabu na sociedade. O que me incomoda é que as pessoas sintam necessidade e direito de ofender ou assediar outra pessoa, seja porque se sintam ameaçadas por essa questão da sensualidade ou o que for. Pole dance é uma dança incrível, e dá para escolher entre as diversas vertentes a qual você se sente mais à vontade, mas todas merecem respeito”.
DANÇA PARA TODOS!
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Para seguir ainda no assunto dos “tabus” que envolvem a modalidade do pole dance, o gênero ainda é muito forte, sendo bastante difícil encontrar homens praticando o esporte.
Apesar disso, é de uma importância muito grande ressaltar que o Pole Dance pode ser praticado por todos e sem qualquer restrição, como bem disse a Marina: “Como toda atividade física, é sempre bom consultar um médico para ver se está tudo bem, principalmente quem tem alguma lesão. Mas de maneira geral, todo mundo pode fazer”.
Os benefícios também, como a maioria das práticas esportivas, vão muito além da questão estética/física, a psicológica é mais que fundamental para conseguir compreender todos lados positivos do pole dance: “O pole dance traz diversos benefícios para a saúde, como ganho de consciência corporal, ganho de flexibilidade e força, mas pra mim o mais incrível é a capacidade da dança de aumentar a autoestima de quem pratica. Quando a gente se vê fazendo coisas incríveis no pole, isso tem um impacto muito legal na nossa autoconfiança mesmo!”.
VIRADA DE CHAVE…OU DE POSTE?
Como foi bastante abordado ao longo da matéria, o esporte e a prática do Pole Dance é ainda um tema que pode ser colocado um tabu, precisando aos seus adeptos, além da vontade de aprender, doses de coragem e de paciência, para aguentar os comentários um tanto quanto retrógrados.
Com a Marina não fora diferente e, hoje, ela relata como o esporte ocupou uma importância gigante na sua vida e como ela a usa para inspirar outras pessoa, seja através de suas redes, que conta, só no Instagram, com mais de 56 mil seguidores, quanto nas aulas: “Eu não esperava que o pole tomasse uma proporção tão grande na minha vida, mas quando eu vi, já era uma peça central. Eu me apaixonei pelo Pole ao sentir que me tornou mais confiante, mais feliz com meu corpo. E eu me apaixonei por dar aula de Pole dance ao sentir que eu podia ajudar outras mulheres -e homens também- a se sentir assim, como eu me senti. É muito gratificante”.
POR QUE PRATICAR?
Assim, ela também conta qual é o principal motivo que daria para recomendar o Pole Dance: “É muito desafiador se ver de pouca roupa num espelho enorme e dançar de um jeito que você talvez nunca tenha dançado antes. Mas é desse desafio que vem a transformação. Quando a gente se vê fazendo coisas que nunca imaginamos ser capazes, nos sentimos muito poderosas. Eu recomendo sempre o pole dance por esse poder incrível na autoestima”.
Marina também fez questão de ressaltar a abrangência da modalidade e que ela é, por natureza, agregadora, ou seja, não tem restrições: “Se joga! O Pole Dance é para TODOS! Não tem idade certa, peso certo, não tem que ser flexível ou forte! Tudo que precisa é vontade! Se você tem vontade, vá atrás de uma aula porque todo o resto você vai desenvolver aos poucos”.
E é desse modo que a modalidade vai indo, lutando contra todos os pensamentos, mas não deixando de encantar com toda a sua singularidade e beleza. Assim sendo, elas vão girando no pole tal qual o mundo vai girando e na espera de dias mais respeitosos e abertos.
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