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Sintomas de hipertensão em mulheres são muitas vezes confundidos com menopausa, diz estudo

Estudo assinala que complicações na gravidez e menopausa precoce aumentam o risco futuro de doenças cardíacas nas mulheres

Médicos apontam que menopausa e hipertensão têm sintomas parecidos nas mulheres e pedem atenção redobrada – Freepik/ PressPhoto

Os médicos ginecologistas e cardiologistas devem trabalhar em conjunto para intensificar a detecção da hipertensão em mulheres de meia-idade, segundo documento da Sociedade Europeia de Cardiologia, com base em estudo de janeiro, publicado no European Heart Journal, que assinala que muitos casos de pressão alta são confundidos com sintomas de menopausa.

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“Até 50% das mulheres desenvolvem hipertensão antes dos 60 anos, mas os sintomas – por exemplo, afrontamentos e palpitações – são frequentemente atribuídos à menopausa”, explica a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista da Clínica GRU. “A pressão alta nas mulheres é, muitas vezes, erroneamente rotulada como ‘estresse’ ou ‘sintomas da menopausa'”, acrescenta a médica. Segundo o estudo, a pressão arterial é tratada menos nas mulheres do que nos homens, colocando-as em risco de fibrilação atrial, insuficiência cardíaca e derrame – o que poderia ter sido evitado.

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Segundo o Juliano Burckhardt, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da American Heart Association, o processo de envelhecimento também age sobre o sistema cardiovascular. “A principal mudança no sistema cardiovascular com o passar dos anos é o enrijecimento das artérias e vasos sanguíneos, o que faz com que o coração tenha que se esforçar mais para conseguir bombear sangue por essas estruturas. Como resultado, há um aumento no risco de problemas como hipertensão e insuficiência cardíaca”, alerta o médico.

De acordo com a ginecologista, a pré-eclâmpsia, uma complicação perigosa da gravidez, caracterizada por pressão arterial elevada, está associada a um aumento de quatro vezes na insuficiência cardíaca e hipertensão e um risco dobrado de acidente vascular cerebral. “Mulheres que tiveram uma menopausa natural precoce (isto é, não cirúrgica) antes dos 40 anos também têm maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares – a cada ano está associado a um risco aumentado de 3%. Condições inflamatórias autoimunes, como artrite reumatóide e lúpus, são mais comuns em mulheres do que em homens e aumentam o risco cardiovascular próximo à menopausa”, diz a médica.

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“Existem várias fases da vida em que podemos identificar subgrupos de mulheres de alto risco. A pressão alta durante a gravidez é um sinal de alerta de que a hipertensão pode se desenvolver quando uma mulher entra na menopausa e está associada à demência muitas décadas depois. Se a pressão arterial não for tratada quando as mulheres estiverem na casa dos 40 ou 50 anos, elas terão problemas na idade aos 70, quando a hipertensão é mais difícil de tratar”, diz a ginecologista.

ADOTAR ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL É UM PASSO IMPORTANTE

O documento da Sociedade Europeia de Cardiologia fornece orientações sobre como gerenciar a saúde cardíaca durante a menopausa, após complicações na gravidez e durante outras condições, como câncer de mama e síndrome do ovário policístico (SOP). “O importante papel de um estilo de vida e dieta saudáveis ​​é reconhecido – por exemplo, para o gerenciamento ideal da saúde da menopausa e em mulheres com SOP, que apresentam riscos elevados de pressão alta durante a gravidez e diabetes tipo 2”, diz. “Evite também o consumo excessivo de sal, açúcar e gorduras saturadas, que podem aumentar a incidência de condições como câncer, hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares”, aconselha o Dr. Juliano.

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Embora a terapia hormonal da menopausa seja indicada para aliviar sintomas como suores noturnos e ondas de calor em mulheres com mais de 45 anos, os autores recomendam a avaliação dos fatores de risco cardiovascular antes do início. “A terapia não é recomendada em mulheres com alto risco cardiovascular ou após um acidente vascular cerebral, ataque cardíaco ou coágulo sanguíneo”, diz a ginecologista.

Por fim, a colaboração entre cardiologistas, ginecologistas e endocrinologistas é necessária para fornecer o melhor atendimento às pacientes do sexo feminino. “As mulheres podem ajudar seus médicos a prevenir problemas cardíacos e fazer diagnósticos precoces, mencionando questões como gravidez complicada e menopausa precoce e monitorando sua própria pressão arterial”, finaliza a ginecologista.

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FONTES:

*DRA. ELOISA PINHO: Ginecologista e obstetra, pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria.

*DR. JULIANO BURCKHARDT: Médico Nutrólogo e Cardiologista, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal, atuou e atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. O médico tem certificação Internacional pela Harvard Medical School, para tratamento da Obesidade. É diretor médico do V’naia Institute.

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