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Síndrome ASIA: tudo o que você precisa saber sobre a doença antes de retirar o silicone

Além de respeitar o próprio desejo, cirurgiã plástica alerta que pacientes também devem ter consciência e diagnóstico preciso na hora de optar pelo explante

Remoção do implante pode está sendo erroneamente associada à doença – Freepik/nensuria

O explante de silicone tem se tornado cada vez mais comum entre as mulheres. Os motivos variam entre complicações derivadas ao uso da prótese e a busca pela sensação de liberdade ou de um corpo mais natural. Algumas atribuem ao implante um conjunto de sintomas, que vão desde fadiga e depressão até dor nas articulações e queda dos fios.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não reconhece a Doença do Silicone como uma patologia, já a Síndrome ASIA (Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants) – ou Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvante, em português – é uma alteração autoimune que pode ser desencadeada por substâncias estranhas ao organismo, capazes de gerar um processo inflamatório crônico em pessoas com predisposição, como o silicone.

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No último ano, pesquisas no Google sobre a Síndrome ASIA e suas manifestações cresceram 350%. Para a cirurgiã plástica Cláudia Francisco Oliveira, a doença autoimune se manifesta em um percentual menor de pessoas, e conseguir comprovar que ela está associada à prótese é incomum.

“As queixas de quem tem silicone para associar com a síndrome são vagas e não há comprovação por meio de exames radiológicos, de imagem ou laboratoriais. O diagnóstico de doença autoimune deve ser feito com o auxílio de um profissional reumatologista. Através de exames ele poderá comprovar a presença da doença”, pontua a cirurgiã, que é Membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

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Dor muscular, nas articulações, falta de sono e boca seca são alguns sintomas inespecíficos.

“Eles não são caracterizados como doença autoimune, assim como as já descritas na literatura médica. O silicone pode ser encarado como um deflagrador de quem já tinha uma propensão genética”, afirma Cláudia.

A paciente pode vir a desenvolver uma contratura capsular sem ter doença autoimune, mas sim uma resposta inflamatória do corpo ao redor da prótese. É possível que não tenha dor muscular, nas articulações ou outras alterações, mas a queixa no seio pode ser devida a presença do implante ao longo do tempo.

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Quanto ao risco, a cirurgiã pontua:

“Cada vez que se faz um implante com um revestimento diferente, visualiza-se que o risco de contratura tem sido menor do que com aqueles implantes de cápsula lisa, usados inicialmente. Porém, quando se fala em uma doença sistêmica, é preciso ter consistência no diagnóstico. O que vemos hoje é essa associação de doença autoimune não consistente e que mesmo após a remoção os sintomas podem persistir”, justifica.

A indicação de remoção do implante ainda é muito discutida.

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“O desejo do paciente deve ser respeitado, por mais que se fale que nada justifique suas queixas laboratorialmente ou por imagem. Se você quiser retirar, é necessário que o médico entenda e faça o seu desejo, se tiver condições cirúrgicas. No entanto, não deixe de considerar que essa não é uma garantia de que todos seus problemas serão resolvidos”, assegura a médica.

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A vida após a retirada

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As buscas por explante de silicone aumentaram em 170%. Mas como saber se é a hora de retirar a prótese?

Cláudia Francisco garante que, antes de tudo, é preciso ter consciência de que o resultado após a remoção nem sempre é 100% satisfatório.

“Se você colocou um implante pequeno, ainda pode-se ter uma solução mais estética, você pode fazer um ajuste de pele e a sua mama ficar muito bonita. Se o implante for de médio a grande, ao remover a prótese terá um excesso muito maior de pele. Obviamente é interessante fazer o ajuste de pele, porém o conteúdo vai estar muito pequeno. Por mais que a pessoa ache que vai se livrar do silicone e tudo vai melhorar, não passará muito tempo e a questão da mama vai começar a incomodar. É bom que se pense, se discuta bastante, se estude as incisões e o que vai ser feito”, atenta a cirurgiã.

A verdade é que, segundo a especialista, não existe uma situação perfeita para você lidar, do ponto de vista estético, com o explante.

“Quem tem mais tempo de profissão já viu várias situações de temas debatidos, mas sem suporte científico. Isso, infelizmente, pode conduzir a uma escolha errada, que seria o explante. Depois virão as situações pós-explante, que também não são pequenas. É importante que se tenha consciência de tudo isso”, conclui Cláudia.