Sente dor durante o sexo? Saiba as possíveis causas do problema
O ginecologista e obstetra César Patez aponta as possíveis origens desse desconforto relativamente comum entre as mulheres

O ginecologista e obstetra César Patez aponta as possíveis origens desse desconforto relativamente comum entre as mulheres
Apesar de ser uma queixa frequente entre as mulheres, não é normal sentir dor durante o sexo. O problema, conhecido na área médica como dispareunia, causa desconforto na vagina ou na pelve em diferentes graus e com certa recorrência – seja durante ou após o contato íntimo. Como consequência, é capaz de gerar sofrimento e até mesmo dificuldade no relacionamento amoroso.
“Pode ocorrer com os homens também, mas é mais comum entre o público feminino. Muitas mulheres acreditam que o problema está no formato da vagina, mas o órgão tem uma elasticidade que o torna adaptável para a prática sexual, e, inclusive, para a passagem da criança durante o nascimento. Portanto, episódios de dor durante o sexo muitas vezes não estão relacionados à essa questão”, destaca o ginecologista e obstetra César Patez.
As dores no sexo podem surgir por conta de vários fatores. De acordo com o especialista, as causas mais frequentes estão associadas à falta de lubrificação na vagina.
“É uma condição que ocorre naturalmente na menopausa, uma vez que o nível de estrogênio diminui no organismo, depois de um parto recente, durante a amamentação, com o uso de contraceptivos ou basicamente pela falta de excitação”, aponta. Os tratamentos oncológicos, como a radioterapia e quimioterapia, também podem influenciar o aparecimento desses casos.
“Além do fator emocional não favorecer o contato íntimo, as pacientes que enfrentam tratamentos intensos de câncer também passam por alterações nos tecidos que tornam o contato íntimo doloroso”, explica. As infecções sexualmente transmissíveis (IST) também resultam em dor durante a transa.
“Herpes e gonorreia, por exemplo, são ligadas à dispareunia e ainda levam ao aparecimento de outros sintomas, como coceira, sensação de queimação na região íntima, presença de corrimentos, aparecimento de feridas ou manchas na região genital.”, explicou o Dr.
Outra causa possível é o vaginismo, que se caracteriza pela contração involuntária dos músculos da parede vaginal. Essa reação dificulta a penetração durante o ato sexual.
“É um transtorno mais específico, que geralmente apresenta origens emocionais. Este espasmo muscular perineal pode ocorrer ao simplesmente se pensar na introdução vaginal”, aponta.
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“Histórico de abuso sexual, estupro e outros traumas, transtornos como estresse, depressão ou ansiedade, o sentimento de vergonha, culpa ou medo relacionados ao sexo, ou até mesmo problemas entre os parceiros podem repercutir negativamente na atividade sexual com o vaginismo. Dessa maneira, a tensão faz com que a vagina se feche ao pênis ou qualquer objeto que seja introduzido, inclusive em exames ginecológicos.”
Inflamações ginecológicas, alterações dermatológicas que afetem o equilíbrio da flora vaginal, como alergias e dermatites, lesões causadas por partos, cirurgias ou acidentes, doenças como cistite, candidíase, endometriose e miomas e a lista não para por aí. De acordo com o profissional, tudo isso é capaz de resultar em dores de alta intensidade durante o sexo.
Para combater a dispareunia e voltar a ter um contato íntimo prazeroso, é importante descobrir a sua causa e realizar o tratamento adequado.
“O diagnóstico da dispareunia deve ser feito após a avaliação dos sintomas relatados e observação dos órgãos genitais. O médico também pode solicitar exames como papanicolau e ultrassom pélvico para identificar as possíveis origens dos desconfortos e, assim, indicar o tratamento”, pontua Patez.
Ele também traz dicas valiosas para as mulheres que buscam ter uma vida sexual saudável.
“Recomendo um acompanhamento regular ao ginecologista para que possa receber informações importantes sobre a saúde feminina, manter uma alimentação equilibrada, evitar dormir de calcinha, fazer xixi após as relações sexuais e utilizar camisinha”, aconselha. O profissional enfatiza, sobretudo, que o autoconhecimento deve fazer parte da jornada de todas as mulheres.
“A falta de informação e o tabu em relação ao assunto acabam fazendo com que a relação sexual, que deveria ser fonte de prazer, se transforme em um pesadelo. Vale ressaltar que a dor sempre sinaliza que algo não vai bem. Ela pode indicar a existência de alguma doença séria. Ignorar esse aviso pode agravar o quadro e trazer danos irreversíveis à saúde”, avalia o médico. “Portanto, conheça o próprio corpo, suas emoções e tente estabelecer um limite, para que o parceiro ou parceira saiba quando você não estiver confortável”, finaliza.