Por que a raiva humana pode ser fatal? Especialistas explicam
Depois de 10 anos, o estado de Minas Gerais voltou a registrar casos e óbitos de paciente com raiva humana
Depois de 10 anos, o estado de Minas Gerais voltou a registrar casos e óbitos de paciente com raiva humana
Há uma década, o estado de Minas Gerais não havia mais registros oficiais de casos de raiva humana. No entanto, esse cenário mudou com quadros da doença na área rural do município de Bertópolis. Na reserva indígena no Vale do Mucuri, três crianças de 5 e 12 anos não resistiram à doença. Duas delas foram contaminadas pela mordida de um morcego, mas outra foi diagnosticada com a doença sem a presença de mordida ou arranhão pelo animal, em que autoridades de saúde estão investigando o óbito.
Zoonose é um termo que caracteriza a raiva. A infectologista do Hospital São Francisco de Mogi Guaçu, Fabiana Romanello, explica o significado desse conceito: “doença que é transmitida dos animais ao homem e vice-versa, sendo mortal para as duas espécies”. A transmissão da raiva é como aconteceu com a maioria das crianças do Vale do Mucuri, por meio de “mordedura, arranhadura ou lambedura em pele ou mucosa” de animais com o vírus da doença na saliva.
Apesar de as contaminações em Minas Gerais terem ocorrido em uma área rural, a doença também pode ser transmitida em meio urbano. O médico e mestre em Ciências da Saúde, Dr. Tasso Carvalho, explica que no urbano, a transmissão ocorre entre os pets cachorros e gatos. Já no rural, a contaminação é entre morcegos, macacos e raposas. E o que caracteriza a raiva humana? Carvalho diz que a doença é “uma encefalite progressiva aguda e letal”.
Os dois especialistas citam que a fatalidade da doença ocorre em praticamente 100% dos casos. “A destruição causada pelo vírus da raiva atinge áreas do sistema nervoso, paralisando o indivíduo”, explica a infectologista Fabiana Romanello. O mestre em Ciências da Saúde diz que quando a raiva humana evolui para o sistema nervoso central, o paciente encontra-se em uma fase grave onde há uma “difusa inflamação do parênquima cerebral chamada encefalite”.
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Se uma pessoa for contaminada pela raiva, a questão que pode ficar é se o paciente pode contaminar outros humanos. Conforme Romanello, apesar de raros, há registros de casos como esses, em que a transmissão pode ocorrer por “via respiratória, no momento em que a pessoa não vacinada inala o ar contendo o vírus”. Tasso lembra que “todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus da raiva”.
SINTOMAS DA RAIVA HUMANA
Conforme os especialistas, os sintomas da doença são:
“Em seguida, há uma fase de inquietação e ansiedade, com duração de até 10 dias. Após esse período, há alterações neurológicas, como agressividade intensa, confusão mental, alucinações, crises convulsivas causadas por qualquer barulho, luz ou toque, produção excessiva de saliva e febre bem alta. Há também manifestações de fobias, com movimentos chamados de espasmos, quando vê ou tenta beber água, recebe corrente de ar ou excesso de claridade“, destaca a infectologista.
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Para a infectologista Fabiana Romanello, a situação é preocupante por se tratar de uma questão de saúde pública. Já Tasso Carvalho explica que “como foram casos isolados restritos a uma localidade para a qual o acesso só é possível por meio de uma estrada vicinal, com 38 km de extensão, associados às medidas de controle já adotadas, a situação não é preocupante”.
As medidas de combate à doença precisam ser intensificadas, como lembra Romanello, com:
“É de extrema importância procurar atendimento imediato assim que houver ferimento causado por animais sem histórico de vacinação”, alerta a infectologista.
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