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Jovens x crise de ansiedade: mau uso do celular pode desencadear o problema

Especialista e estudioso do assunto, neurocientista Fabiano de Abreu Agrela explica relação entre mau uso do celular e crises de ansiedade entre os jovens

Jovens x crise de ansiedade: como o uso do celular pode desencadear o problema? – Unsplash

Recentemente, 26 alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Ageu Magalhães, no bairro Casa Amarela, na Zona Norte do Recife (PE), passaram mal com falta de ar, tremor e crise de choro. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) informou que os alunos tiveram uma crise de ansiedade coletiva.

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Muito se falou sobre a questão desde que a pandemia da covid-19 se iniciou, mas o problema vem de bem antes e um dos fatores que pode aumentá-lo, dentre tantas outras causas, é o mau uso do celular entre a gestação mais jovem.

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Como esses quadros de ansiedade dos jovens podem ser influenciados pelo mau uso do celular e das redes sociais?

O neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela vem alertando desde 2018 sobre as maneiras que o ambiente digital está trazendo sérios riscos para a saúde mental de crianças e adolescentes. Casos como esse estão se tornando cada vez mais comuns.

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O apego exagerado dos jovens com o celular, “chegando a ser até doentio, se tornando uma necessidade incontrolável da qual a pessoa não consegue se livrar”, preocupa o professor há muitos anos, mas vêm ganhando mais alarde após casos como o dos estudantes do Pernambuco.

“Naquela época (2018), publiquei um artigo científico que detalha o funcionamento do cérebro e como a internet afeta a região da inteligência, da lógica e coerência. Da região que orquestra todas as demais regiões, que alerta às consequências e que controla a emoção. Em 2019, eu já havia avisado a minha filha e demais crianças sobre o Tik Tok e que ele é mais perigoso que o Instagram”, ressalta.

Segundo Fabiano, “o que acontece no cérebro é essa intercepção, uma falta de controle emocional que desencadeia disfunções que acarretam atitudes impulsivas”. E a situação pode piorar ainda mais, revela: “A rede social vai causar danos ainda mais sérios e pode levar à morte. Empresas como Facebook e Tik Tok sabem disso e continuam investindo em neurociência inadequadamente, para que as pessoas liberem cada vez mais dopamina, que é viciante, segurando assim o usuário. A dopamina é conhecida como neurotransmissora da recompensa, liberada já na expectativa, mas não somente a dopamina como outras substâncias químicas estão envolvidas. O cérebro busca sempre as boas sensações aumentando a ansiedade que funciona como uma pendência para mais liberação dessas substâncias.”

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Para quem não conhece, o neurocientista explica o efeito deste agente químico no organismo: “A dopamina é um neurotransmissor da recompensa que o organismo pede sua liberação de forma gradativa. Além disso, a falta de atenção, dificuldade de memorização, excesso de ansiedade, desmotivação constante e oscilações emocionais. São fruto dessa disfunção”. Diante deste cenário sombrio pela frente, Abreu lamenta que muita gente ainda não tenha noção da gravidade do problema que está aí: “As pessoas não estão levando a sério pois também estão dependentes da rede social. Como um comboio que prefere não enxergar os danos que ela causa já que também se satisfaz com ela”, sinaliza.


Sobre Fabiano de Abreu Agrela

Dr. Fabiano de Abreu Agrela é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat – La Red de Investigadores Latino-americanos, do comitê científico da Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bolívia, Escuela Europea de Negócios na Espanha, FABIC do Brasil e investigador cientista na Universidad Santander de México.

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Artigos científicos publicados:

www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/19636

https://cdn.atenaeditora.com.br/documentos/ebook/202203/7c7b73e

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https://ciencialatina.org/index.php/cienciala/article/view/1866/2654