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Gravidez pode reduzir desejo de fumar antes mesmo de ser descoberta, aponta estudo

Estudo pode levar ao desenvolvimento de novos medicamentos para parar de fumar, podendo, inclusive, ajudar mulheres que estão tentando engravidar

Gravidez pode reduzir desejo de fumar antes mesmo de ser descoberta, aponta estudo
Gravidez pode reduzir desejo de fumar antes mesmo de ser descoberta, aponta estudo – Freepik

É de conhecimento geral que o tabagismo durante a gravidez pode trazer uma série de complicações para a mãe e para o bebê, o que é a principal motivação para que mulheres que descobriram uma gestação parem de fumar.

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“As substâncias contidas no cigarro, como a nicotina e o monóxido de carbono, podem aumentar o risco de parto prematuro, aborto espontâneo e morte perinatal. Além disso, há maior probabilidade de o bebê nascer abaixo do peso ou com defeitos genéticos. Descolamento da placenta, gravidez ectópica, trombose e hemorragias também são possíveis consequências do tabagismo na gestação”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana.

Mas, de acordo com estudo publicado em outubro na revista científica Addiction Biology, a simples força de vontade da futura mãe frente aos riscos do tabagismo não é o único motivo para a interrupção do hábito na gravidez. Na verdade, os pesquisadores observaram que gestantes fumantes reduziram o hábito em um cigarro por dia antes mesmo de estarem cientes da gravidez. Já no mês seguinte à descoberta, as mulheres reduziram o hábito em outros quatro cigarros por dia.

Gravidez pode reduzir desejo de fumar antes mesmo de ser descoberta!

“A pesquisa sugere então que os processos biológicos da gravidez podem diminuir o desejo de fumar antes mesmo das gestantes terem consciência da gestação”, destaca o médico.

No estudo, os pesquisadores estimaram as mudanças no número de cigarros fumados diariamente a partir de dados recolhidos previamente de 416 mulheres que fumavam antes de ficarem grávidas. As participantes foram entrevistadas sobre seus hábitos de fumar na 16ª semana de gravidez, além de fornecerem amostras de urina para que os pesquisadores pudessem verificar suas respostas.

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Em média, elas fumavam cerca de 10 cigarros diariamente antes da concepção. Entre a concepção e a data em que souberam que estavam grávidas, as mulheres reduziram o hábito em um cigarro por dia. Já no mês após a confirmação da gravidez, a média diária de cigarros fumados foi de nove para cinco. Vale ressaltar que esse padrão foi observado independentemente do planejamento da gravidez ou da completa interrupção do tabagismo durante a gestação.

Os pesquisadores acreditam que a redução esteja provavelmente associada aos hormônios da gravidez, especialmente ao hormônio Gonadotrofina Coriônica humana (HCG), já que o declínio mais acentuado no tabagismo foi observado justamente quando os níveis desse hormônio geralmente atingem o ápice, entre a 5ª e 10ª semana de gravidez.

“HCG é um hormônio produzido pela placenta nos estágios iniciais da gravidez que está ligado aos enjoos, náuseas e vômitos matinais que ocorrem comumente na gestação”, explica o Dr Fernando.

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Os pesquisadores ainda relataram que é improvável que as mulheres que não deixaram de fumar durante o primeiro trimestre da gravidez, quando os níveis de HCG estão elevados, abandonem o hábito antes do parto, mesmo se assistidas por medicamentos ou incentivos financeiros.

O grande diferencial do presente estudo está no fato de focar justamente no impacto da gestação no hábito de fumar, ao contrário da grande maioria das pesquisas realizadas nesse campo, que focam no impacto do tabagismo na gestação, na mulher e no bebê.

“Apesar da redução do tabagismo durante a gravidez ser bem estabelecida, nenhum outro estudo foi capaz de determinar precisamente quando essa redução ocorre e, principalmente, se acontece antes mesmo da mulher estar ciente da gestação”, afirma o médico.

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Além disso, antes desse estudo assumia-se que o único fator que causava mulheres fumantes a pararem com o hábito era o desejo de proteger o bebê. Mas agora é possível enxergar que a frequência do tabagismo começa a diminuir antes das mulheres sequer suspeitarem que estão grávidas, apesar da descoberta da gestação realmente servir como um evento importante nessa redução.

O próximo passo dos pesquisadores é apontar precisamente quais os processos envolvidos nessa diminuição do número diário de cigarros fumados por gestantes.

“Se os processos biológicos do início da gravidez realmente estiverem envolvidos na redução do tabagismo, conforme assegura o estudo, identificá-los precisamente pode contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos para parar de fumar, o que pode, inclusive, ajudar mulheres que estão tentando engravidar, já que o hábito prejudica a fertilidade”, destaca o Dr. Fernando Prado.

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“O cigarro é um dos principais causadores da infertilidade, pois os componentes tóxicos presentes no produto pioram severamente a qualidade reprodutiva. Nas mulheres, o tabagismo altera a motilidade dos cílios nas tubas uterinas, atrapalhando a fertilização e é capaz de favorecer a deterioração dos óvulos, envelhecendo-os em até dez anos e acelerando o início da menopausa, o que é especialmente prejudicial nos dias de hoje, quando as mulheres querem engravidar cada vez mais tarde”, finaliza.