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Fome no Brasil: cenário leva à desnutrição, que pode desencadear diversas doenças nas pessoas

Segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, 20 milhões de brasileiros não têm o que comer

Fome no Brasil e os danos à saúde da população – Freepik/jcomp

Nos últimos dias um vídeo que retrata um triste e preocupante cenário no Brasil viralizou na internet. Gravado pelo motorista de aplicativo André Queiroz, mulheres são registradas procurando restos de comida em caminhão de lixo, em um bairro nobre de Fortaleza, Ceará.

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Com altas taxas de desemprego, preços elevados de alimentos e botijão de gás, a fome voltou a crescer no país. Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre junho de 2017 e julho de 2018, mostra que 3 milhões de pessoas passaram a viver em situação de insegurança alimentar, um crescimento que ocorreu em 5 anos. 

Uma pesquisa feita pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) aponta que são cerca de 20 milhões de pessoas passando fome no Brasil. Esse quadro acarreta muitos problemas nutritivos no organismo. A nutricionista Dani Borges fala sobre os tipos de desnutrição, que podem ser “a carência de proteínas e calorias (marasmo) e a mista, que é uma carência energética e de proteínas (kwashiorkor)”. Ainda, a nutricionista ressalta: “Além da perda de massa muscular, emagrecimento, fraqueza, sonolência e anemia, temos até morte por desnutrição”

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Conforme os dados do IBGE, metade das crianças com até 5 anos sofrem com a restrição de alimentos com qualidade. Nesse grupo, Dani fala que isso atrapalha o seu desenvolvimento e crescimento. “Não só de tamanho, mas em outros quesitos também, até como a função cognitiva dessa criança, porque se ela não tem fonte de carboidrato e calorias, ela não consegue pensar direito”, o que irá influenciar no seu aprendizado na escola, por exemplo.

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Nas gestantes, essa falta de nutrientes pode comprometer a saúde da mãe e, até mesmo, levar a perda do bebê, como explica a nutricionista. “A mãe precisa de mais nutrientes e de mais calorias. Então, provavelmente, ela vai acabar tendo uma desnutrição tanto calórica quanto proteica”, o que pode interferir no desenvolvimento do feto, devido a essa deficiência nutritiva, “tanto em questão fisiológica quanto neurológica”

Outro grupo muito vulnerável são os idosos. “A maioria entra no estado clínico de pré-desnutrição e desidratação. Então, se ele estiver no quadro de desnutrição calórica, de proteína e nutrientes, além de ter maior perda de massa magra, que já é comum para o idoso, vai piorar mais ainda”, explica Dani. Ainda, podem ocorrer uma maior fraqueza óssea, perda de cabelo, alterações psicológicas, no sistema imunológico e respiratório. “Facilita para desenvolver, por exemplo, uma pneumonia”.

E quando falamos de cenas como o do vídeo, em que pessoas vasculham lixos, os perigos vão desde a ingestão até o ato da procura por restos de alimentos. “A pessoa pode se espetar em uma agulha, pode se machucar, por conter ali várias coisas”, além da possibilidade de contrair bactérias, como ressalta a nutricionista. “Temos a cólera, a febre tifoide, que pode ser contraída, principalmente, comendo o lixo”. Além disso, a ingestão pode causar giardíase, contaminação por Salmonella e vermes lumbricoides. “A Peste Bubônica foi muito derivada disso, na época também”, lembra Dani.

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