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Fertilidade: a inteligência artificial poderá ajudar a selecionar os melhores embriões?

Taxa de sucesso de fertilização in vitro é de 30%; especialista em reprodução humana explica

Fertilidade: a inteligência artificial poderá ajudar a selecionar os melhores embriões?
Fertilidade: a inteligência artificial poderá ajudar a selecionar os melhores embriões? – Foto de Nataliya Vaitkevich no Pexels

Para muitas pessoas que estão lutando para engravidar, a fertilização in vitro (FIV) pode oferecer uma solução capaz de mudar a vida. Mas a taxa média de sucesso para essa fertilidade, para mulheres mais velhas, é de apenas 30%.

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“O tratamento de infertilidade in vitro é indicado para diversos problemas que podem resultar na infertilidade feminina ou masculina. Nesse procedimento, o material genético colhido da mulher (óvulo) e do homem (espermatozoides) são fecundados em laboratório e posteriormente o embrião é transferido para o útero, onde se implantará e desenvolverá a gestação”, diz o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana.

Relação entre fertilidade e inteligência artificial

Mas, em um futuro próximo, teremos disponível no Brasil um sistema de inteligência artificial com o objetivo de melhorar o sucesso da fertilização in vitro.

“Eles ajudarão os médicos especialistas a selecionar objetivamente os embriões com maior probabilidade de resultar em um nascimento saudável”, diz o médico. A Fertilização in Vitro é dividida em quatro partes: estimulação ovariana; captação dos óvulos e espermatozoides; fecundação assistida; e transferência dos embriões.

“A taxa de sucesso da Fertilização in Vitro irá depender em grande parte do fator de infertilidade apresentado pelo casal e da idade da mulher. Quanto mais nova, mais chances de obter sucesso no procedimento, sendo que mulheres até 30 anos têm até 70% de chances de engravidar em uma única tentativa de FIV”.

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Usando milhares de exemplos de imagens de embriões e inteligência artificial (IA) de aprendizado profundo, pesquisadores já desenvolveram nos Estados Unidos um sistema que foi capaz de diferenciar e identificar embriões com o maior potencial de sucesso. O resultado da inteligência artificial foi significativamente melhor comparado às escolhas de 15 médicos experientes de cinco centros de fertilidade diferentes nos Estados Unidos.

“Um grande desafio no campo é decidir sobre os embriões que precisam ser transferidos durante a fertilização in vitro. Esse sistema tem enorme potencial para melhorar a tomada de decisões clínicas e o acesso aos cuidados”, afirma o médico.

Atualmente, as ferramentas disponíveis para os especialistas são limitadas e caras; a maioria deles deve confiar em suas habilidades de observação e experiência. A ferramenta auxiliar será capaz de avaliar imagens capturadas com microscópios tradicionalmente disponíveis em centros de fertilidade.

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“Há muito em jogo para nossos pacientes com cada ciclo de FIV. Os especialistas tomam dezenas de decisões críticas que afetam o sucesso do ciclo de um paciente. Com a ajuda de um sistema de inteligência artificial, será mais fácil selecionar o embrião que resultará em gravidez bem-sucedida”, acredita o médico.

A equipe americana do Brigham and Women’s Hospital e do Massachusetts General Hospital treinou o sistema de inteligência artificial usando imagens de embriões capturados 113 horas após a inseminação. Entre 742 embriões, o sistema de inteligência artificial foi 90% preciso na escolha dos embriões de alta qualidade.

Os pesquisadores avaliaram ainda mais a capacidade do sistema de inteligência artificial de distinguir embriões de alta qualidade com o número normal de cromossomos humanos e compararam o desempenho do sistema ao de embriologistas treinados. O sistema funcionou com uma precisão de aproximadamente 75%, enquanto os embriologistas realizaram com uma precisão média de 67%.

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“Esse sistema, por enquanto, pretende atuar apenas como uma ferramenta auxiliar para que os especialistas façam julgamentos durante a seleção de embriões. Sem dúvida, essa é uma ferramenta que precisa ser muito bem aprimorada para auxiliar o médico”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa.