Publicidade

Câncer infantil: bonecas são usadas como recursos terapêuticos para pacientes

A brincadeira lúdica auxilia no tratamento de câncer infantil e ainda é uma estratégia para favorecer a aceitação da alopecia

Câncer infantil: bonecas são usadas como recursos terapêuticos para pacientes
Câncer infantil: bonecas são usadas como recursos terapêuticos para pacientes – Fotos: Divulgação/Itaci/CasAzul

15 de fevereiro marca o dia internacional de combate ao câncer infantil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, 85% das crianças e adolescentes acometidos pela doença podem ser curados, desde que sejam diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados.

Publicidade

Durante esse tratamento, que muitas vezes é longo, os pacientes encontram muitos desafios. Um deles é entender o que vai acontecer com o seu corpo.

A paciente Gabriela Taffil (8 anos), tem Síndrome de Down, foi diagnosticada com leucemia linfóide aguda e em março do ano passado teve indicação de transplante de medula óssea. No transplante, é protocolo usar uma sonda nasogástrica – a paciente não estava aceitando, chegou a arrancar duas vezes. E aí entra a boneca como recurso terapêutico.

Bonecas são usadas como recursos terapêuticos por pacientes com câncer infantil

“Por exemplo, no caso de Gabi, simulamos na boneca a sonda nasogástrica para que ela entendesse o que iria acontecer. E deu certo”, conta a terapeuta ocupacional Isadora Leonel, do ITACI – Instituto de Tratamento do Câncer Infantil.

João Pedro Souza Silva Oliveira (7 anos) passou por um transplante em março deste ano por uma anemia aplásica grave. Ele estava com dificuldade de elaborar seus sentimentos com relação à alopécia. No dia que ele raspou o cabelo, não quis tirar fotos ou fazer videochamadas com a família, e disse que não queria ser visto no momento.

Publicidade

Portanto, o boneco foi utilizado com recurso lúdico visando facilitar a apropriação do tratamento e seus efeitos durante o atendimento de Terapia Ocupacional.

“João gostou muito do boneco e da ideia do brinquedo perder os cabelos. Assim, conseguiu falar sobre a alopécia e ao final do atendimento se mostrou mais confortável com sua aparência. Durante o processo do transplante, o boneco fez companhia a ele, sempre ao seu lado no leito”, conta outra especialista do ITACI, a terapeuta ocupacional Carolina Kozoroski.

O projeto desenvolvido pela Associação CasAzul se chama Bonecar. “São bonecas e bonecos diferentes, alguns com cabelos, outros, sem. É uma maneira de trazer a brincadeira para o hospital ao mesmo tempo que ajuda o paciente, principalmente a criança, a começar a entender pelo que vai passar ou está passando”, é o que explica Gigi Carvalho, presidente da associação.

Publicidade

Pesquisa publicada no periódico da Cambridge University, The effect of playing games with toys made with medical materials in children with cancer on pain during intravenous treatment (em português, O efeito de brincadeiras com brinquedos confeccionados com materiais médicos em crianças com câncer sobre a dor durante o tratamento intravenoso) aponta, entre outros, que o fato das crianças brincarem com brinquedos adequados à sua idade e período de desenvolvimento aumenta sua capacidade de lidar com o estresse.

Os materiais médicos usados ​​durante o tratamento do câncer podem criar medo nas crianças, pois causam dor. Pensa-se que fazer brinquedos e jogos com esses materiais são eficazes na redução dos medos, ganhando familiaridade nas crianças, distraindo a atenção e aumentando a sensação de controle.

Segundo a coordenadora da área de TO do hospital, Renata Sloboda, o brinquedo atua em vários momentos. “Auxilia no tratamento, no entendimento sobre os procedimentos, e ainda é uma estratégia para favorecer a aceitação da alopecia”, conclui.

Publicidade