Asma e rinite: quase 90% dos pacientes com asma grave têm rinite alérgica
Em 75% dos casos de asma a rinite está associada; entenda essa relação entre as doenças respiratórias
Em 75% dos casos de asma a rinite está associada; entenda essa relação entre as doenças respiratórias
Com a chegada das estações mais frias, nomes como gripe, rinite, sinusite, asma, entre outras doenças que estão ligadas ao sistema respiratório de alguma forma, se tornam comuns.
A asma atinge cerca de 10% da população brasileira e os principais sintomas em decorrência da inflamação dos brônquios são falta de ar, chiado no peito, tosse, sensação de cansaço, bem como a opressão no peito – manifestação clínica normalmente acentuada após esforço físico e até mesmo ao falar e rir.
Algumas pessoas com asma podem ter maior susceptibilidade para infecções respiratórias virais e bacterianas. Nesse sentido, recentemente, observou-se que, em pacientes com asma, que apresentam um processo inflamatório e um quadro não controlado da doença, a COVID-19 e a gripe podem evoluir para quadros mais graves. Porém, vários estudos mostram que paciente com asma não tem maior chance de contrair a COVID-19.
Estima-se que a rinite alérgica ocorra em cerca de 75% dos pacientes com asma, já que ambas constituem uma via aérea única. Quando respiramos, naturalmente o ar entra pelo nariz e os alérgenos também, causando sensibilização alérgica e fazendo com que haja uma hiper-reatividade no brônquio. Por isso, normalmente, indivíduos que com rinite têm um risco maior de desenvolver asma sintomática do que aqueles que não têm rinite.
Um levantamento realizado pela Fundação PROAR identificou que quase 90% dos pacientes com asma grave tinham rinite. “Por isso, é muito importante o controle da rinite para se obter também o controle da asma”, comenta o Dr. Adelmir de Souza Machado, membro do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
“Da mesma forma, pessoas com rinite mais grave podem desenvolver a forma mais grave de asma, de acordo com um estudo que desenvolvemos na Fundação PROAR. Pacientes com rinite também podem ter polipose nasal e alergia a medicamentos como a aspirina. Tudo isso pode desencadear ou exacerbar a asma”, explica Dr. Adelmir.
Mesmo aqueles com asma controlada, podem exacerbar. O resfriado comum, a influenza (gripe), as rinites alérgicas as rinossinusites, sejam elas inflamatórias ou infecciosas. Pacientes com polipose nasal desenvolvem asma mais grave e com risco maior de exacerbação.
O tratamento das duas doenças deve ser feito conjuntamente. Controle ambiental, atividade física orientada por um profissional e alimentação saudável fazem parte das recomendações médicas.
“Anti-histamínicos e descongestionantes podem trazer benefícios para o paciente com rinite, bem como corticosteroide em forma de spray para o controle da inflamação e dos sintomas da rinite. Identificado o alérgeno que desencadeia a rinite, é possível também fazer o tratamento com imunoterapia”, explica o especialista da ASBAI.
Ele conta ainda que pessoas com rinite e polipose nasal podem ter indicação também de imunobiológicos, como o omalizumabe. “Já na asma de moderada à grave, os corticosteroides inalados são indicados. Na asma leve, o tratamento é com corticoides inalados. Para quem tem asma e rinite leves podem também se beneficiar com a vacina para alergia”, conta o alergista e imunologista.
Assim como as citadas, outras doenças alérgicas respiratórias, como a faringite alérgica e otite também podem ter relação com a asma. A aspergilose broncopulmonar alérgica, que é uma sensibilização ao fungo da família dos aspergilos, também pode ter relação com a asma.
“Doenças alérgicas não respiratórias, como a dermatite atópica e a conjuntivite podem estar associadas à asma alérgica em algum momento da vida. Há pessoas que desenvolvem o que chamamos de Marcha Alérgica, que é uma sequência de doenças alérgicas, respiratórias ou não, desde a primeira infância até – mais ou menos – os 10 anos”, explica o membro do Deptº. Científico de Asma da ASBAI.
A asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada pela presença de alguns sintomas como falta de ar, tosse, chiado no peito, opressão torácica. Ela pode ter origem alérgica, ou seja, dependente de um anticorpo chamado IgE, ou de origem não alérgica. O que diferencia uma e outra é a sensibilização do paciente a determinados antígenos ou substâncias que podem ser poeiras, polens, alimentos, medicamentos. A detecção da asma alérgica é feita por meio de testes cutâneos de leitura imediata ou de IgE específica dosada no sangue periférico para um desses alérgenos.
Sobre a ASBAI
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 23 estados brasileiros.