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As falhas dos estudos que indicam vitamina D contra Covid-19

Às vezes, a desinformação é criada até mesmo em torno de ideias que contêm algum fundo de verdade — e esse pode ser o tipo de “fake news” mais difícil de combater

As falhas dos estudos que indicam vitamina D contra Covid-19 – Freepik

Na medida em que a Covid-19 se espalhava pelo mundo ao longo do último ano, outro perigo também se disseminava: a desinformação sobre como tratá-la.

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Às vezes, a desinformação é criada até mesmo em torno de ideias que contêm algum fundo de verdade — e esse pode ser o tipo de “fake news” mais difícil de combater. É o caso da vitamina D, alvo de intensos debates sobre um potencial uso como tratamento para a Covid-19.

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Estudo na Espanha

Um artigo da Universidade de Barcelona chamou atenção por sugerir que a vitamina D tem um sucesso impressionante, com uma redução de 80% nas admissões em terapia intensiva e uma redução de 60% nas mortes de Covid e, esse resultado foi amplamente compartilhado pela internet.

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Mas, desde então, o estudo foi retirado do ar por “preocupações sobre a descrição da pesquisa”. O periódico científico “The Lancet”, que o publicou originalmente, está agora conduzindo uma investigação sobre o artigo.

O problema é que essa retratação não foi compartilhada da mesma forma que o artigo original. No estudo, a vitamina D foi administrada a todos os paciente em enfermarias, em vez de aleatoriamente para indivíduos, como deveria ter sido feito em uma pesqusa rigorosa.

Assim, os pacientes de Covid-19 estudados que morreram já tinham níveis radicalmente diferentes da vitamina antes do tratamento, sugerindo que eles estavam mais gravemente doentes antes mesmo de tomar a vitamina. Ainda assim, a ideia de que a vitamina D pode ser um tratamento eficaz contra a Covid-19 ganhou inúmeros adeptos.

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Mais pesquisas

O parlamentar conservador David Davis, que convocou o Parlamento para que a suplementação de vitamina D seja introduzida nos hospitais, disse à BBC que, apesar da retração, ele acreditava que o estudo ainda mostrava que a vitamina D era importante e argumentou que o governo deveria financiar mais pesquisas sobre o assunto.

Aurora Baluja, uma anestesiologista e médica de cuidados intensivos na Espanha, que revisou o estudo de Barcelona para o “The Lancet”, disse que o tipo de efeito “extremo” encontrado no artigo “nunca foi encontrado” em um ensaio clínico randomizado.

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Ela disse que, embora a deficiência de vitamina D fosse um “fator de risco bem estabelecido” entre as pessoas que morrem na terapia intensiva, “a suplementação de vitamina D sozinha sempre falhou em reduzir o risco desses pacientes”.

Baluja explicou ainda que a deficiência é frequentemente causada por algo muito mais profundo, como desnutrição ou insuficiência renal. Assim, não seria a deficiência de vitamina D que estaria causando a morte dos pacientes.

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