Mesmo com as campanhas de vacinação a todo vapor, não paramos com os esforços para entendermos mais sobre o que é a COVID-19, seu impacto no organismo e, principalmente, os fatores que podem contribuir para sua gravidade. Afinal, ainda não se sabe muito sobre a doença e se serão necessárias mais doses de vacina para o controle total da pandemia. O vírus Sars-Cov-2 pode ser mais agressivo ou inofensivo dependendo de uma série de fatores, incluindo idade, sexo, presença de comorbidades anteriores e até mesmo a genética.
“A maior expressão de alguns genes pode favorecer a infecção pelo Sars-Cov-2 e sua replicação rápida, levando a um quadro inflamatório grave. Esse já é um fato bem estabelecido. Mas, conforme os estudos são realizados, descobrimos cada vez mais variantes genéticas que podem aumentar o risco de o paciente sofrer com casos graves de COVID-19”, explica o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene.
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A empresa é especializada em análise genética e exames de genotipagem que reformulou seu exame pioneiro de suscetibilidade genética à COVID-19 e lançou o Covigen 2.0, um exame genético de perfil mais amplo, incluindo novos genes, para ajudar a conter os casos graves de COVID-19 através da identificação de variantes genéticas que podem levar a maior expressão de genes envolvidos nesse processo que facilita o aumento da carga viral e, consequentemente, os riscos. “Essa atualização é extremamente significativa, incorporando o que há de mais atual com relação à suscetibilidade genética à COVID-19 de forma a oferecer informações mais completas para que o médico possa amenizar os riscos de casos graves de COVID-19 junto ao paciente”, destaca o especialista.
Entre as variantes genéticas que passaram a ser analisadas nessa nova versão do teste estão, por exemplo, os genes associados a resposta imunológica e, principalmente, a predisposição à trombose, que tem sido apontada como uma das mais graves complicações relacionadas a casos de COVID-19. Para se ter uma ideia, em estudos com indivíduos com COVID-19, 42,6% dos pacientes relataram complicações trombóticas clinicamente relevantes, principalmente embolia pulmonar, que ocorre quando o coágulo causador da trombose se desprende da parede da veia e corre pela circulação até chegar ao pulmão, o que pode resultar em morte súbita. “O agente patógeno causador da COVID-19 desencadeia um processo incomum de coagulação, favorecendo assim a incidência de quadros de tromboembolismo venoso, que é uma desordem multifatorial que envolve a interação de vários fatores genéticos e ambientais que afetam as proteínas do sistema anticoagulante”, explica o geneticista. “Entre os fatores genéticos, podemos destacar dois principais biomarcadores de risco para trombose: o polimorfismo rs62623459 da protrombina e o polimorfismo rs6025 do gene F5, que é responsável por codificar o Fator V de Leiden, uma proteína plasmática formada por aminoácidos que é essencial para a síntese da trombina e ativação da coagulação. A presença do alelo G do polimorfismo rs6025 do gene do Fator V aumenta o risco de doença trombótica de 3 a 10 vezes para portadores heterozigotos (que possuem pares de alelos distintos) e de 80 vezes para portadores homozigotos (que possuem pares de alelos idênticos), estando assim associada a um risco aumentado de quadros mais graves de COVID-19.”
Além das variantes genéticas envolvidas na predisposição à trombose, o Covigen 2.0 também analisa outros genes que influenciam na gravidade da COVID-19, como os genes ACE2, TMPRSS2 e FURIN. “Esses genes codificam enzimas de mesmo nome que são fundamentais para a nossa saúde, mas que também facilitam a entrada do vírus nas células. E existem variantes genéticas que podem tornar esses genes mais expressivos, assim permitindo a inserção do material genético do vírus dentro da célula com mais facilidade, o que leva a uma maior carga viral e pode aumentar a gravidade da COVID-19”, destaca o especialista. Os homens são ainda mais vulneráveis, pois apresentam níveis da enzima ACE2, TMRSS2 e furina mais altos, o que explica a tendência deles a casos mais sérios.
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Dentre esses genes, o mais discutido é o ACE2, que tem como função a codificação da enzima em um processo que culmina com a vasodilatação. “Mas essa ACE2 fica na membrana de algumas células, como as do pulmão, mucosa nasal e do intestino. Sabemos que o Sars-Cov-2 tem uma espícula que consegue se ligar à ACE2, o que facilita a fixação do vírus nas células do pulmão. Existem duas enzimas do próprio indivíduo, a TPMRSS2 e a furina, que são capazes de clivar várias de nossas proteínas normais, mas também são capazes de clivar glicoproteínas do vírus. Isso vai facilitar a fusão da membrana do vírus com a membrana da célula”, afirma o Dr Marcelo.
E é assim que o vírus consegue introduzir o material genético nas células. “A partir do momento em que o vírus introduz seu material genético, que é o RNA, ele passa a usar toda a maquinária da própria célula para se replicar. Diante da presença do vírus na célula, existe uma resposta inflamatória, que pode ser exagerada, levando a uma tempestade de citocinas que destrói as células do hospedeiro e acaba sendo sistêmica, afetando pulmão, intestino e outros órgãos”, diz o geneticista.
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Então, o Covigen 2.0, através da análise das variantes genéticas que você possui, é capaz de dizer se você está mais protegido ou vulnerável ao vírus e as suas complicações. “De forma simples e segura, o exame é feito após o envio de uma amostra de saliva e Swab (raspado da bochecha). O teste verifica o quanto você está suscetível a apresentar um quadro grave de COVID-19 ou desenvolver complicações como a trombose, identificando as variantes genéticas reconhecidamente associadas à doença que são conhecidas hoje pela ciência”, afirma o especialista. “Os exames são feitos por geneticistas experientes e o laudo é elaborado da forma mais completa possível com as informações atuais para que o médico avalie qual a melhor estratégia de prevenção para o paciente. É necessário pontuar que o estilo de vida influencia muito as variantes genéticas. Por isso, ainda que você esteja suscetível a um quadro grave da doença, existem mudanças que você pode incorporar para modificar a expressão dos seus genes e proteger o seu organismo”, finaliza o Dr. Marcelo Sady.
FONTE: DR. MARCELO SADY – Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.