Calorões, alterações de humor, perda ou diminuição da libido. Quando se fala em menopausa, automaticamente, são estes sintomas que vêm à mente de qualquer pessoa. Mas, ao contrário do que se imagina, tantas mudanças hormonais e físicas, por consequência, interferem em outro aspecto da vida da mulher: na saúde mental.
Além das alterações físicas, o período em que a mulher chega à menopausa, geralmente a partir dos 44 anos, vem carregado de outros fatores e mudanças. O ponto de partida para este mix de sentimentos é a chegada da “idade”, dos 40+. Apesar de vivermos no século XXI, ao que parece, a sociedade ainda não compreende e aceita o fenômeno chamado envelhecer. E, quando se trata das mulheres então, torna-se algo quase imperdoável. Por isso, quando a menopausa chega, muitas mulheres são tomadas pelo medo do desconhecido e pela vergonha de ter amadurecido. Em alguns casos, a chegada desta fase também vem acompanhada de uma mudança de carreira, final de um relacionamento, a síndrome do ninho vazio, quando os filhos crescem e saem de casa, entre outras possibilidades.
Todos esses acontecimentos, geram nas mulheres alguns sintomas emocionais que, por muitas vezes, não são associados à menopausa. Em pesquisas na Plenapausa, em que entrevistamos mais de 3.100 mulheres com idade média de 48 anos no climatério, 82% delas revelaram que se sentem deprimidas ou ansiosas. Também, 88% sofrem com mudanças de humor e 43% se sentem menos produtivas no trabalho.
MENOPAUSA E SAÚDE MENTAL
Essas mudanças fisiológicas e emocionais, refletem diretamente na vida e rotina dessas mulheres, como em alguns relatos que recebemos durante as pesquisas. Neles, muitas contaram que se sentem menos seguras em seus relacionamentos pessoais, por questões de idade e perda da libido, sentem medo de serem “trocadas” pelos maridos. Os sintomas da menopausa interferem também em suas atividades diárias, pois muitas delas não dormem mais como antes e não tem a mesma disposição, 83% das mulheres avaliadas em nossa plataforma sofrem com alterações no sono e 89% se sentem mais cansadas e com menos energia. Algumas mulheres citaram que, as mudanças de humor ocasionadas pela menopausa, atingiram também suas relações em casa e no trabalho, onde se vêm gritando com os filhos ou sendo impacientes com os superiores e colegas. Mas não precisa ser assim.
Como ter melhor qualidade de vida nessa época?
Para se ter mais qualidade de vida e bem-estar nesta fase, o primeiro passo, eu diria que é buscar o autoconhecimento. Entendendo os sintomas e onde estes sinais estão te afetando, para então procurar a melhor solução, junto com um médico. O segundo passo é o autocuidado, tratar os sintomas com a estratégia mais adequada, praticar atividades físicas que proporcionem mais saúde e qualidade de vida. O terceiro e último passo, eu diria que é conversar sobre a menopausa. Falar com a família, chamar as amigas da mesma faixa etária para este papo, incluir as mulheres mais jovens nesta roda também. Afinal, elas vão chegar lá e seria ótimo se elas pudessem enfrentar essa jornada com mais informação e naturalidade, diferente de como muitas de nós, das nossas mães, tias e avós passaram.
Tão importante quanto cuidar dos sintomas físicos, os fogachos, mal estar, perda da libido, é necessário cuidar da saúde mental neste período, se permitindo passar por ele de uma forma mais leve e saudável, afinal estamos falando de um ciclo inevitável e natural da vida da mulher, assim como a menstruação, gestação, amamentação e tantos outros.
E o mais importante é sempre lembrar que, a menopausa é uma vírgula, não um ponto final.
*Artigo escrito por Márcia Cunha: Psicanalista e fundadora da Plenapausa, a femtech brasileira que a promove informação, solução e acolhimento para mulheres na menopausa.