Estresse aumenta casos de aftas, fratura nos dentes e problemas na articulação da mandíbula e do crânio

Dentista Patrícia Almeida esclarece como o estresse e a ansiedade podem desencadear diversos problemas na região da boca

Estresse e ansiedade aumentam problemas bucais, desde aftas até fratura nos dentes – Unsplash/ @engin akyurt

Nos últimos anos, a saúde mental tem ganhado foco em diversas discussões. Quando desregulada, ela pode afetar o sistema imunológico, prejudicando a imunidade; o sistema endócrino, aumentando ou diminuindo a produção de certos hormônios; o sistema nervoso, interferindo na produção de neurotoxinas (relacionadas a doenças como Mal de Parkinson e Alzheimer), entre outros problemas; e também na saúde bucal, podendo gerar desde as aftas até as fraturas dentárias.

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Saúde mental x saúde bucal: por que é importante relacionar as duas?

Desde 2020, lá no início dos casos de covid-19, o padrão de sono do brasileiro mudou. A população passou a relatar mais casos de insônia e procurar especialista para resolver o problema e, segundo dados de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 80% da população também desenvolveu estresse, ansiedade ou depressão.

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E a má notícia é que todas essas questões influenciam, de forma geral, em nossa saúde bucal. Patrícia Almeida, dentista, integrante da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD) e idealizadora da Odontologia Almeida, explica essa relação: “A saúde mental está diretamente associada com nosso estado psicológico e o bem-estar emocional. Não estar bem emocionalmente afeta nossa rotina diária e os relacionamentos. Além disso, esse quadro pode desencadear problemas na saúde geral, além da saúde bucal, resultando em cáries, sensibilidade, bruxismo e, em casos mais graves, perda dos dentes“.

De acordo com a dentista, até as aftas são causadas pelo alto nível de cortisol que o estresse pode liberar para o corpo, já que o hormônio aumenta a inflamações do corpo. As consequências são inúmeras e poucas vezes comentadas com a importância e destaque que deveriam.

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“O estresse excessivo causa diminuição na saliva, reduzindo a resistência às bactérias. Isso colabora para o aumento de microrganismos na boca, resultando no aparecimento de cáries. Além disso, o estado de estresse libera o hormônio cortisol em excesso, aumentando as inflamações no corpo. Isso faz com que apareçam pequenas erupções na parte interna da boca, as aftas. O ranger dos dentes, apertamento dentário e bruxismo (uma desordem funcional caracterizada pelo ranger ou apertar os dentes), como o de vigília, que ocorre durante o dia, também são provocados pelo estresse, devido a contração em excesso dos músculos da face. Essa tensão extrema também pode acarretar a uma disfunção temporomandibular, que é um problema na articulação da mandíbula e do crânio”, explica Patrícia Almeida.

Para as pessoas ansiosas, o hábito de escovar os dentes muito rápido e de forma inadequada ainda pode resultar no aparecimento de cáries e gengivite, que é a inflamação na região da gengiva — problema também visto em pacientes que têm TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e que escovam os dentes com muita frequência.

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A profissional ainda salienta: “Alterações metabólicas causadas pela ansiedade podem acionar o sistema nervoso central, fazendo com que ele fique em estado de alerta, resultando no desenvolvimento de problemas bucais. Entre eles, o bruxismo”.

E além de tudo isso, outra informação assusta: “Todas essas condições podem causar fratura nos dentes”.

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“ESTOU SOFRENDO DE BRUXIMOS OU ALGUMA DOENÇA BUCAL?” – COMO SABER?

Estima-se que 50% dos pacientes sabem que rangem os dentes e os outros 50% não sabem. Para descobrir se você é um deles, você precisará se atentar aos sinais citados por Patrícia Almeida.

“Dores de cabeça intensas, incômodos nos ouvidos ou problemas faciais musculares podem ser indícios que você tem bruxismo. Nos casos mais avançados, notar diferença na altura dos dentes, devido a desgastes ou fraturas, ter sensibilidade e dores crônicas na área da cervical também são sinais”.

Muito se fala sobre o bruxismo e o ranger de dentes à noite, mas essas condições podem se apresentar durante o dia também? Como podemos percebê-las e agir para evitá-las?

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“Podem sim. O chamado ‘bruxismo de vigília’ é o hábito de ranger ou apertar os dentes durante o dia de maneira inconsciente, causando ao final do dia tensões musculares e dores na região da cabeça e cervical”.

Para a dentista Patrícia Almeida, a chave de uma boa saúde bucal é cuidar não apenas da boca, mas também das emoções e da mente com um profissional da área. Um corpo equilibrado é um corpo saudável: “As ações necessárias para evitar o agravamento do bruxismo é fazer as visitas regulares ao cirurgião dentista e por estar relacionado a condições emocionais, é preciso buscar meios de tranquilizar o estresse, por meio de prática de atividades físicas ou terapias relaxantes e por acompanhamento psicológico com medicações, caso seja necessário”.

Editora Viva Saúde