“Tomo pílula anticoncepcional há anos. Posso engravidar mesmo assim?”

Ginecologista especialista em reprodução humana soluciona um dos principais mitos que envolvem a pílula anticoncepcional, método contraceptivo extremamente popular entre as mulheres

Ginecologista responde se é possível engravidar mesmo após anos tomando anticoncepcional – Freepik

A pílula anticoncepcional figura entre os métodos contraceptivos mais utilizados pelas mulheres, visto que é capaz de inibir a ovulação e reduzir a chance de fecundação e, consequentemente, de gravidez, possuindo uma eficácia de 98%. “Além disso, a pílula, por ser um remédio de uso diário à base de hormônios, tem outras vantagens como regular a menstruação, combater a acne, diminuir cólicas e reduzir o risco de anemia causado pelas perdas de sangue durante o período menstrual”, afirma o Dr. Rodrigo da Rosa Filho, ginecologista obstetra especialista em reprodução humana e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).

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“Em contrapartida, esse método pode causar ganho de peso, dor de cabeça, enjôo e retenção de líquidos, além de trombose em mulheres que já possuem predisposição ao problema”, completa o médico. No entanto, a principal preocupação das mulheres com relação ao uso da pílula anticoncepcional é com relação à infertilidade, já que grande parte das pessoas acredita que o uso contínuo da pílula por longos períodos pode acabar de vez com as chances de gravidez, o que não é verdade.

Segundo o especialista, a informação de que a pílula anticoncepcional causa infertilidade é um grande mito, não havendo nenhuma comprovação de que esse medicamento possa reduzir as chances de a mulher engravidar mesmo após a interrupção do uso. “A taxa hormonal da pílula é baixa, o que permite ao organismo retornar ao seu estado normal quando a mulher decide interromper o tratamento contraceptivo para engravidar, ainda que tenha usado o medicamento por muitos anos. Tanto é que, quando a pílula não é tomada apenas por alguns dias, a eficácia do método na prevenção da gravidez já diminui significativamente”, afirma. “Na verdade, todos os métodos de contracepção são reversíveis e não têm nenhuma relação com a infertilidade, sendo perfeitamente seguros”, alerta o Dr Rodrigo.

Observe os sinais

Logo, assim que a pílula deixa de ser tomada, a mulher já tem chances de engravidar. No entanto, se após um ano da interrupção do uso da pílula você ainda não conseguiu engravidar, o ideal é consultar um ginecologista especialista para avaliar se você sofre com problemas de fertilidade. “Ainda que métodos contraceptivos não causem infertilidade, a pílula anticoncepcional pode mascarar os sintomas de doenças que dificultam que a mulher engravide, como a endometriose e a síndrome do ovário policístico. Além disso, outros fatores que podem estar relacionados à infertilidade em mulheres incluem a idade, devido a interrupção da produção de óvulos que ocorre na menopausa, e condições como infecções, malformação uterina e a presença de miomas e pólipos no útero”, destaca o especialista.

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Vale lembrar ainda que o motivo da dificuldade de um casal para engravidar pode não ser a fertilidade da mulher, já que homens também sofrem com problemas nesse quesito. “Nos homens, a dificuldade de fecundação está geralmente associada a fatores genéticos, alterações hormonais, exposição a toxinas e condições como hipogonadismo, varicocele, obstrução dos dutos de transporte dos espermatozoides e infecções”, aponta o médico.

A boa notícia é que, para a maioria desses problemas, existem tratamentos que podem fazer com que os casais voltem a ter chances de engravidar. No entanto, cabe ao médico especialista indicar a melhor terapêutica para cada caso, que vai variar de acordo com a causa da infertilidade e pode incluir cirurgias, terapias de reposição hormonal ou simplesmente a programação das relações sexuais. “E, mesmo que não seja possível reverter a causa da infertilidade, o médico poderá recomendar opções de reprodução assistida para os casais que, ainda assim, desejam engravidar, como a fertilização in vitro e a inseminação artificial”, finaliza o Dr. Rodrigo da Rosa Filho.


 

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*DR. RODRIGO DA ROSA FILHO: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana, membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.

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