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VIVA A CIÊNCIA! Primeiro tratamento medicamentoso para Alzheimer em quase 20 anos é aprovado nos Estados Unidos

Food & Drug Administration (FDA) aprovou o primeiro tratamento em quase duas décadas para desacelerar a progressão do Alzheimer. A empresa fabricante do medicamento que será vendido como Aduhelm, já entrou com pedido de aprovação no Brasil

Primeiro tratamento medicamentoso para Alzheimer em quase 20 anos é aprovado nos Estados Unidos – Freepik

Caracterizado pela destruição progressiva do tecido cerebral, o Alzheimer afeta significativamente a memória dos pacientes, sendo assim alvo de constantes pesquisas sobre suas causas e possíveis tratamentos.

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E, na última segunda-feira, 7, um grande passo foi dado nesse sentido, pois a agência regulatória dos Estados Unidos, a Food & Drug Administration (FDA), aprovou o primeiro tratamento medicamentoso para o Alzheimer em 18 anos, que será fabricado pela empresa Biogen e vendido sob a marca Aduhelm.

“Nós já utilizávamos certos medicamentos no controle do Alzheimer, mas que apenas atuavam sobre os sintomas da doença. Então, a aprovação do Aduhelm pela FDA, cujo nome genérico é aducanumab, representa uma marco histórico e uma grande esperança para pacientes que lutam contra o Alzheimer, já que o medicamento possui um mecanismo de ação inovador, sendo o primeiro a atacar a causa subjacente da doença para desacelerar sua progressão e o declínio cognitivo que provoca”, explica o médico nutrólogo e geriatra Dr. Juliano Burckhardt, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da International Colleges for Advancement of Nutrology e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Segundo o especialista, o Aduhelm, que deverá ser administrado todos os meses de forma intravenosa, age eliminando o acúmulo anormal de uma proteína tóxica chamada de beta-amiloides que pode danificar as células do cérebro e causar demência, sendo assim uma das causas envolvidas no Alzheimer. “O medicamento foi submetido a três estudos distintos com um total de 3.482 pacientes. Os pacientes que receberam o medicamento apresentaram redução dos números de beta-amilóides de acordo com a dose administrada e o tempo de uso, enquanto os pacientes do grupo de controle, que receberam placebo, não tiverem essa redução”, afirma o médico. “Além de ser capaz de transformar a vida e oferecer bem-estar para pacientes convivendo com Alzheimer, a ação inovadora do medicamento contribuirá para um grande avanço nos estudos e pesquisa sobre a doença nos próximos anos.”

MEDICAMENTO DEIXOU OPINIÃO DIVIDIDA ENTRE CIENTISTAS

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No entanto, a aprovação do Aduhelm pela FDA foi recebida com grande controvérsia pela comunidade cientifica, já que, em novembro do ano passado, um painel de especialistas que avaliou a substância afirmou que as evidências de que o tratamento poderia ter benefícios significantes para os pacientes são insuficientes.

Mas uma nova análise conferiu aos especialistas uma perspectiva diferente, afirmando que as evidências da eficácia do medicamento eram satisfatórias, o que, combinado a grande necessidade de novos tratamentos para a doença, foi suficiente para que a agência reguladora concedesse uma aprovação condicional para o medicamento. “Em vez de julgar o Aduhelm apenas pelos seus efeitos sobre a cognição, a FDA aprovou o medicamento com base em sua capacidade de eliminar as proteínas beta-amiloides. No entanto, a agência exigiu que, antes de comercializar a droga, a Biogen realize um ensaio clínico amplo para confirmar que a ação do Aduhelm sobre essas proteínas tóxicas é realmente capaz de oferecer benefícios cognitivos. E, caso o estudo falhe, a FDA tem autoridade para rescindir a aprovação”, diz o geriatra.

Apesar disso, a empresa fabricante de medicamento já entrou com um pedido para aprovação do Aduhelm no Brasil, Europa, Austrália, Canadá, Japão e Suíça.

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Por fim, o Dr. Juliano Buckhardt reforça que o medicamento não se trata de uma cura para a doença, muito menos é capaz de reverter sua progressão. A função do Aduhelm é impedir a evolução do Alzheimer e a piora de seus sintomas. “Com a aprovação dessa nova droga, o diagnóstico precoce da condição torna-se mais importante do que nunca, pois é o que definirá se o paciente está qualificado para o tratamento com o Aduhelm. Esse diagnóstico é geralmente realizado por meio de exames como o PET Scan e o LCR combinados a testes de memória e uma avaliação clínica aprofundada. Então, para que as pessoas que sofrem com a Alzheimer possam se beneficiar desse avanço sem sofrerem com atrasos, é fundamental que os sistemas de saúde, órgãos de saúde e empresas se organizem para que sejam capazes de atender a demanda por diagnóstico e tratamento”, finaliza.


FONTE

DR. JULIANO BURCKHARDT – Médico Geriatra e Nutrólogo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), Pós-Graduado em Geriatria no Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2007). Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal, o médico atuou e atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. É diretor médico do V’naia Institute.

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