Taxa de suicídios na pandemia é maior no Norte e Nordeste
Apesar de queda na taxa de suicídio no Brasil, as regiões Norte e Nordeste apresentaram uma alta significativa
Apesar de queda na taxa de suicídio no Brasil, as regiões Norte e Nordeste apresentaram uma alta significativa
Além das mortes diretas, a covid-19 também provocou mortes indiretas, e uma delas é o suicídio. O triste cenário foi mais impactante em duas regiões do Brasil, durante a pandemia, em 2020: Norte e Nordeste. A constatação é de uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que será publicada na revista científica International Journal of Social Psychiatry.
Regiões brasileiras com maior vulnerabilidade socioeconômica, os casos reportados de suicídio no Norte e Nordeste tiveram um aumento significativo, apesar da redução de 13% nos quadros de pessoas que tiram a própria vida. “Países de baixa e média renda como o Brasil, foram severamente atingidos, não só pelos efeitos diretos sobre a mortalidade, mas também por seus efeitos indiretos em outras causas de morte”, comunicou a Agência Fiocruz.
Conforme o estudo “Excesso de suicídios no Brasil: desigualdades segundo faixas etárias e regiões durante a pandemia de Covid-19”, foi observado uma maior taxa de suicídio entre pessoas com 60 anos ou mais nas duas regiões. No Norte, o índice chegou a 26% entre homens, enquanto o Nordeste registrou um excesso de 40% entre mulheres. Ainda, por dois bimestres seguidos, também houve um aumento expressivo de suicídio entre mulheres na faixa de 30 a 59 anos.
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Segundo o psiquiatra Maximiliano Ponte, da Fiocruz Ceará, à Agência Fiocruz, há dois fatores preocupantes para os idosos: risco de mortalidade por covid-19 e por suicídio. Já o epidemiologista Jesem Orellana explicou que o cenário pode ter sido ainda mais grave no ano passado: “Nosso estudo também alerta para a possibilidade de efeitos indiretos ainda mais fortes sobre os suicídios a partir de 2021, uma vez que o impacto direto pandêmico (mortes por Covid-19) foi ainda mais severo em 2021″.
O estudo é considerado inédito, em que o Maximiliano ressalta que pesquisas sobre o tema em regiões mais pobres devem ser mais evidenciadas. “Nosso trabalho evidencia a importância de tratar o suicídio para além de um problema de saúde individual, pois trata-se de uma questão com profunda relação com as desigualdades econômicas e de acessos aos serviços sociais e de saúde pública”.