A estação mais quente do ano chegou e, com ela, mais oportunidades de usar roupas de banho e passar longas horas na praia e na piscina. Com o verão, cuidados especiais também são redobrados como o uso do filtro solar e a hidratação da pele. A saúde íntima, por sua vez, também merece atenção já que pode sofrer com as altas temperaturas e hábitos da estação.
“A região íntima pede cuidados redobrados no verão. Como a temperatura é mais alta, é ainda mais importante cuidar para que a região fique mais arejada. Fungos e bactérias gostam de lugares quentes e úmidos, então temos que cuidar para manter a vulva mais fresca e seca.”, explica Mariana Betioli, obstetriz especialista em saúde íntima.
Saúde íntima no verão: quais os cuidados necessários?
Hábitos como uso de roupas de banho molhadas por longas horas, de roupas apertadas ou calcinhas com tecidos inadequados, e até mesmo o uso prolongado de absorventes descartáveis são desaconselhados e podem, segundo a especialista, levar ao desenvolvimento de doenças como a candidíase e a vaginose bacteriana.
“No caso dos absorventes descartáveis, há outros pontos de atenção para a saúde íntima. Os modelos externos, como são feitos de materiais plásticos, evitam a circulação de ar na região, o que além de favorecer a proliferação de bactérias, causa mau cheiro e até infecções. Já os absorventes internos pedem atenção redobrada nas trocas, que devem ser feitas de 4 em 4 horas. O uso prolongado desse tipo de absorvente pode favorecer à proliferação de bactérias na região interna na vagina, o que pode desencadear uma doença chamada Síndrome do Choque Tóxico, que pode ser fatal.”, explica Mariana.
Embora o combo menstruação e verão não seja muito celebrado, Mariana explica que há maneiras de lidar com o sangue que podem minimizar o desconforto. O coletor ou disco menstrual são opções recomendadas pela especialista, que destaca os itens como possibilidades de manter a vulva arejada e, portanto, diminuem o risco de infecções vaginais.
Além disso, podem ser usados por até 12 horas seguidas, o que facilita em caso de longos períodos fora de casa ou em viagens. Para quem prefere o uso de absorventes externos, a recomendação da especialista é por modelos reutilizáveis ou calcinhas menstruais, produzidos em tecidos respiráveis e sem plástico.
O contato com a água também pode gerar desconforto para quem está menstruada.
“O uso de absorventes descartáveis na água não é recomendado pelo fato deles serem feitos para absorver fluidos e, portanto, perderem sua função em pouco tempo após o contato com a água. Biquinis com tecido absorvente também podem causar acidentes e provocar vazamentos. O ideal para quem quer ficar na água são as opções internas como disco ou coletor”, pontua a especialista que também é CEO da Inciclo.
Menstruada ou não, a recomendação da especialista é de trocar a roupa de banho molhada sempre que possível, evitando o contato por longas horas do tecido úmido com a pele da região.
Outras secreções vaginais que deixam a região úmida também pedem cuidados; o ideal na visão da obstetriz para quem tem secreções em maior quantidade, é trocar de calcinha ao longo do dia ou usar uma calcinha absorvente que não tenha camadas plásticas. “Protetor diário não é indicado porque abafa a região e aumenta o risco de infecção”, explica.
O aumento da frequência de banhos também pode influenciar na saúde íntima. Embora a recomendação seja manter a região sempre higienizada, deve-se ter atenção aos produtos utilizados na região. O sabonete íntimo deve ser o mais natural possível, com pH semelhante ao da vagina, para evitar alergia e não causar irritação. Produtos com álcool podem irritar e ressecar a região e devem ser evitados.
“Lembrando que devemos lavar somente a vulva. Dentro da vagina não se lava nunca, nem com água e nem com sabonete”, alerta Mariana.
Na hora de dormir, ficar sem calcinha é uma excelente recomendação para a saúde íntima. “O hábito deixa a região arejada, sequinha, além de equilibrar a temperatura”, finaliza a obstetriz.