Já parou para pensar que existe uma relação entre uma proteína presente no organismo (mais especificamente, a proteína Tau) e as doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer? Cientistas explicam a relação e psicanalista Fabiano de Abreu indica como neutralizar a questão com a alimentação.
O assunto foi tema de um artigo publicado pelo chefe do departamento de saúde da Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Idaho, o cientista canadense Prof. Dr. Henry Oh e pelo PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo luso-brasileiro Fabiano de Abreu. O estudo foi publicado na revista científica Cognitions Scientific Journal, membro da GPJ nos Estados Unidos.
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Na publicação, os cientistas explicaram que a proteína Tau faz parte da família das proteínas associadas aos microtúbulos (microtubule-associated proteins – MAP). Sua principal função é a de estabilizar os microtúbulos pela agregação da tubulina — subunidade que compõe os microtúbulos. Nesse sentido, o cientista Fabiano de Abreu explica que “esta proteína atua no controle da dinâmica dos microtúbulos durante a maturação e o crescimento dos neuritos, sendo considerada a maior proteína do citoesqueleto e sua hiperfosforilação tem consequência nas funções biológicas e morfológicas nos neurônios”.
O que isso quer dizer?
Biologicamente falando, os cientistas investigaram como esta proteína tem relação com as doenças neurodegenerativas.
Mas, primeiramente, eles explicam que as doenças neurodegenerativas estão associadas aos neurofilamentos e/ou agregados de proteína Tau e o processo de hiperfosforilação da proteína, o que enriquece a formação destes agregados, consequentemente, bloqueando o tráfego intracelular de proteínas neurotróficas e demais proteínas funcionais. Fabiano destaca que “isso leva a uma consequente perda ou diminuição do declínio no transporte axonal e dendrítico nos neurônios”.
Por outro lado, as proteínas Tau são abundantes nos neurônios do sistema nervoso central e responsáveis pela estabilidade dos microtúbulos, que Abreu salienta que são aquelas estruturas proteicas que fazem parte do citoesqueleto e são formados pela polimerização das proteínas tubulina e almetralopina. “Quando possuem defeito, não estabilizam bem os microtúbulos levando ao aparecimento de estados de demência”, destaca o neurocientista.
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Um grande problema se observa com a presença de Beta-amiloide. Esse elemento “leva os neurônios a hiperfosforilar, que é a proteína de ligação do microtúbulo e este nível aumentado redistribui a Tau no interior do axônio para os dendritos e corpo celular gerando aglomerados; este processo vai resultar em disfunção ou morte neuronal levando a doenças neurodegenerativas”. Ou seja, quando as beta-amilóide se agrupam, o resultado não será nada nada agradável para a saúde da pessoa, detalha Abreu: “Elas formarão placas que vão bloquear a sinalização entre os neurônios nas sinapses e podem ativar células do sistema imunológico causando inflamações e devorando células deficientes”.
Do ponto de vista prático, essa enzima GSK-3-Beta também pode trazer sérios problemas para a saúde motora e mental da pessoa: “Ela tem um papel importante na degeneração de neurônios”.
PARA EVITAR OS DANOS
Para evitar estes danos, a sugestão de Fabiano é simples: “Basta ingerir uma dieta rica em mineral lítio, que pode ser encontrada em grãos, carne bovina, ovos e verduras, que assim será possível ter um efeito neuroprotetor que vai inibir esta enzima. Além do mais, não vai trazer alterações na proteína Tau”, completa.