Morrer de “velhice”: o que significa? Entenda!
Será possível morrer clinicamente de velhice? Morte por causa natural existe? Especialistas explicam
Será possível morrer clinicamente de velhice? Morte por causa natural existe? Especialistas explicam
Segundo informações divulgadas pelo jornal Telegraph, em setembro deste ano, quando a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, morreu, o atestado de óbito comunicou que o falecimento foi causado por ‘velhice’. O mesmo foi atestado no óbito de seu marido, príncipe Philip, em abril de 2021.
Na verdade, a velhice não é considerada uma doença. A OMS (Organização Mundial da Saúde) voltou atrás e, ao invés de ‘senilidade’, foi sugerido ‘declínio da capacidade intrínseca associado ao envelhecimento’ para a definição.
A atitude da OMS tem o objetivo, principalmente, de lutar contra o etarismo. Se a velhice for considerada uma doença, há a probabilidade, também, de descuido com diagnósticos, tratamentos e registros de óbitos de idosos.
“A individualidade deve ser considerada. Temos vários fatores que interferem no processo de envelhecimento e que trarão, ou não, patologias para o idoso, sendo que um grupo delas vem crescendo e com um impacto financeiro ainda maior: demências, fraturas, doenças oftálmicas e depressão”, disse Wenceslau Alonso, geriatra do Hospital São Rafael, em Salvador (BA), em entrevista realizada ao UOL.
Em relação ao atestado de óbito da rainha e do príncipe, também ao site de notícias, o médico geriatra Paulo Camiz, clínico geral e professor no Hospital das Clínicas, da USP (Universidade de São Paulo), explicou: “No Brasil, um atestado de óbito nunca seria preenchido dessa maneira, o atestado voltaria para o médico, pois ninguém morre de velhice, isso não existe”.
Entre as pessoas de 60 anos ou mais, as doenças mais comuns que causam a morte, no Brasil, são as dos aparelhos circulatório e respiratório, além das neoplasias. Depois delas, aparecem as doenças do aparelho digestivo e endócrinas.
No entanto, nem sempre a real causa da morte é revelada com certeza, já que ela pode ser o conjunto de várias condições, como diabetes, hipertensão, colesterol alto, AVC e ataque cardíaco.
Muitas pessoas também apontam causa natural para alguns óbitos. Também ao UOL, o geriatra da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), Natan Chehter, esclareceu: “Pode ocorrer de alguém também ser atestado por uma parada cardiorrespiratória, mas todas as mortes ocorrem por isso. A questão é o que levou a ela. Assim, nós, médicos, precisamos, ao mínimo, dar uma tentativa de diagnóstico sobre o motivo dessa pessoa ter morrido”.