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Insegurança alimentar VS Crianças diabéticas: especialistas alertam população sobre consequências

Pontos como a fome e o consumo exagerado de alimentos industrializados se encaixam no que a Sociedade Brasileira de Diabetes enxerga como insegurança alimentar

Insegurança alimentar VS Crianças diabéticas: especialistas fazem alerta sobre consequências da má alimentação para jovens – Foto de Nataliya Vaitkevich no Pexels

Em 2020, mais de 116 milhões de brasileiros faziam parte do grupo de insegurança alimentar, sendo que 43,4 milhões não tinham alimentos suficientes e 19 milhões passavam fome. Esta pesquisa, desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) tem soado como um alerta para Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), visto que uma boa alimentação é um pilar importantíssimo no tratamento do diabetes, tanto no tipo 1 e principalmente no tipo 2.

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Segundo a Dra. Mônica Gabbay, médica endocrinologista e coordenadora do departamento de Diabetes na Criança e no Adolescente da SBD, todo ser humano reage de maneira semelhante à fome, porém, na infância o impacto da desnutrição é maior. “A falta de nutrientes adequados afeta de maneira aguda o organismo dos pequenos, ocasionando fraqueza, mal-estar, queda do sistema imunológico e diminuição do rendimento escolar e cognitivo. A desnutrição proteica afeta o cérebro dessas crianças pelo resto da vida, diminuindo a capacidade para raciocino lógico e matemático”, explica a profissional.

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Quando se fala de diabetes, a grande dificuldade é no ajuste da dose de insulina. Para as crianças, a terapia para tratar o diabetes se chama Múltiplas Doses de Insulina, em que o paciente recebe uma insulina basal constante e uma insulina rápida, antes das refeições, que dependerá da quantidade que essa criança come.

“Calculamos quanto de carboidrato tem naquela alimentação, para aplicar a dose adequada. Então, se essa criança não tem oportunidade de comer, temos que ajustar essas doses de insulina, dar em menos quantidade, tanto basal, quanto insulina bolus”, esclarece Dra. Gabbay.

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O crescimento da insegurança alimentar está também proporcionalmente relacionado à piora na qualidade de comida ingerida. De acordo com uma pesquisa do grupo Food For Justice, lançada em abril deste ano, nos lares em situação de insegurança alimentar, o consumo de alimentos saudáveis caiu 85% na pandemia.

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O alto consumo de alimentos industrializados piora muito o controle glicêmico do indivíduo com diabetes, pois são alimentos com carboidratos rápidos, que geram um impacto importante na glicemia do paciente, aumentando o risco de complicações microvasculares no futuro, como cegueira, doença renal e lesões neuronais.

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“Uma alimentação pobre em carboidratos complexos e fibras (arroz integral, cereais, frutas) e rica em açúcares simples e gorduras (alimentos industrializados como biscoitos recheados, macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote), compromete a qualidade de vida e, consequentemente, favorece maior risco de morbimortalidade, principalmente por doenças cardiovasculares. Além disso, pessoas com uma maior vulnerabilidade social, além da exposição à insegurança alimentar, apresentam maior dificuldade na aquisição de insumos para o seu tratamento, como medicamentos. Isto torna esse grupo ainda mais suscetível a complicações decorrentes dessas doenças”, conclui a Dra. Tarcila Ferraz de Campos, nutricionista da SBD