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Endometriose pode causar infertilidade? Especialista tira dúvidas sobre a doença

O ginecologista e obstetra, Dr. César Patez responde às principais perguntas que envolvem a doença que atinge milhões de mulheres no Brasil

Endometriose – Pixabay

A endometriose é mais comum do que se imagina.

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A doença atinge de 10% a 20% das mulheres em idade reprodutiva, afetando mais de 6,5 milhões delas no Brasil, segundo pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Além disso, de 30% a 50% das mulheres com endometriose são inférteis.

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Apesar de ser comum, muitas mulheres desconhecem a doença e como ela impacta o organismo, especialmente os órgãos reprodutores. Ela é caracterizada pela presença do endométrio, tecido que reveste o interior do útero, fora da cavidade uterina, ou seja, em outros órgãos da pelve.

O Dr. César Patez, obstetra e ginecologista em endoscopia ginecológica, tira dúvidas variadas sobre a endometriose.

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Para começar, ele abordou quais são as principais causas da doença: “A causa ainda não foi totalmente elucidada. Há teorias que relacionam um fluxo menstrual em direção às trompas, podendo assim deixar focos de endométrio fora do útero. Também acredita-se que há uma predisposição da mulher para desenvolver a endometriose, a partir de alterações genéticas. E ainda alterações no sistema imunológico que causam exacerbação de inflamação ao redor desse tecido, resultando em aderências, fibroses e um quadro clínico de dor”.

“Por fim, existe a teoria de que algumas mulheres já nasceram com células que deveriam pertencer ao endométrio fora dele, processo que ocorreu ainda durante a formação do embrião“, completou.

Ele ainda comentou sobre os sintomas, que costumam ser bastante incômodos: “O primeiro sintoma costuma ser a dor pélvica, quase sempre associada ao ciclo menstrual. Outros sintomas bastante frequentes são as dores no período da menstruação, dores no abdômen, dores durante as relações sexuais, dores ao urinar e evacuar, além de cólicas intensas, fadiga e diarreia”.

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ENDOMETRIOSE E GRAVIDEZ

Por conta das fortes dores e também do problema, muito se associa a doença a uma possível infertilidade ou a uma gravidez de risco.

O Dr César falou sobre o tema e fez questão de citar todos os percausos que podem ocorrer. A infertilidade pode ser uma delas?

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“Sim. Existe um potencial de distorção da anatomia pélvica, que quando ocorre, é provocada pela presença de fluido inflamatório. Consequentemente,  pode levar a disfunção nas tubas uterinas e ovários, diminuição quantitativa e qualitativa ovocitária, disfunção ou bloqueio no transporte de gametas e alteração na qualidade dos espermatozoides. Por isso, há o risco de causar infertilidade”, explicou.

Porém, caso a mulher venha a engravidar, pode ficar tranquila: “Na gravidez, são liberados altos níveis de progesterona, principal hormônio usado no tratamento da endometriose, geralmente provocando uma diminuição no processo inflamatório. Com isso, há uma remissão dos focos da doença. Se o embrião conseguiu se implantar normalmente no tecido uterino, a gestação não corre risco”.

TRATAMENTO E PREVENÇÃO

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Como se sabe, a endometriose é uma doença que causa muito desconforto e por isso, muito se busca sobre o tratamento.

Por isso, é muito importante ter um acompanhamento profissional, já que o melhor cuidado pode variar do caso: “O tratamento da endometriose depende de alguns fatores, como a idade da paciente, gravidade dos sintomas e da doença e se a mulher deseja ter filhos. O tratamento costuma envolver a interrupção do ciclo menstrual, o que normalmente é feito com medicações. Já a cirurgia laparoscópica deve ser considerada em casos de infertilidade e dor intensa ou mesmo quando a doença atinge órgãos vitais, podendo oferecer risco ao paciente”.

Além disso, uma dúvuda que sempre surge em relação a endometriose é sobre ter uma cura definitva. O Dr respondeu a essa questão: “A cura ainda é um assunto polêmico quando se trata de endometriose. Isso porque muitas mulheres, dependendo do estágio da doença em que se encontram, conseguem se livrar dos sintomas e incômodos ao longo do tratamento. Outras podem, inclusive, até mesmo não desenvolver mais o tecido do endométrio pelos órgãos do corpo. A menopausa é uma condição que estabiliza a doença, mas não funciona em todos os casos”.

Por fim, ele citou os cuidados que podem ser feitos para previnir: “As dicas para a prevenção ou mesmo para evitar que o problema se agrave, é a mesma para a maioria das doenças: alimentação saudável, exercícios físicos, controle do estresse, entre outras. Também indico diminuir o consumo de bebidas alcoólicas, já que o álcool promove alterações hormonais”.