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“Efeito ClubHouse”? A nova rede social do momento pode fazer mal? Especialista explica

A nova rede social, que é constituída só por áudio, está dando o que falar, mas será que o “excesso de redes” pode ser prejudicial?

ClubHouse – Pixabay

Desde o começo do mês, uma nova rede social começou a ganhar espaço dentro de debates e rodas de amigos, principalmente quando o bilionário Elon Musk, CEO da Tesla, “fez uma propaganda” do site, falando que eera um usuário ativo.

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Estamos falando da “ClubHouse”. O app, que fora criado em março de 2020, nos Estados Unidos, e que aqui no Brasil você só pode entrar mediante a um convite, além de estar disponível apenas para o sistema Apple, tem como seu “bioma” chats em que as pessoas conversam, porém só por áudio.

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Exatamente, é um misto do famoso Bate Papo UOL (para quem é da época), no qual existiam diversos chats dos mais variados assuntos, com os áudios de Whatsapp ou Telegram, muitas pessoas, inclusivem, apelidaram a rede como se fosse um “podcast ao vivo”.

Mas esse surgimento do ClubHouse levantou um debate: É possível ter um “limite” para redes sociais?

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A psicóloga Ana Gabriela Andriani explica esse comportamento humano de “estar sempre conectado” e falou dos limites que precisam, sim, ser estabelecidos.

“O desejo de estar presente em todas as redes sociais pode ser relacionado à varias causas. Primeiro, vivemos um momento em que há uma urgência por estar informado (quase como se precisássemos colecionar informações)  e emitir opiniões de forma rápida sobre as informações obtidas  em detrimento  de ter/viver experiências. É muito importante estar informado, mas a questão é quando esta necessidade passa a ser algo que está mais relacionado a um acúmulo de dados do que a possibilidade de se transformar e expandir com o conhecimento adquirido. O estar “desinformado” sobre algo que está acontecendo no momento, tornou-se motivo de julgamento. Neste sentido, as redes sociais adquirem  também  esta característica: um lugar de obtenção rápida de informações.  Outro motivo que compõe o desejo de estar nas redes, é o fato de elas terem se transformado em um lugar do que simboliza pertencimento. Quem não está lá, além de desinformado, fica então, “de fora”,  ou seja, é excluido do que está acontecendo, e portanto, não pertence.  Embora muitas vezes a busca de  pertencimento não ocorra da forma imaginada e portanto, seja ilusória, é importante dizer também que, as redes sociais propiciam encontros, trocas de experiências, aproximação entre as pessoas e aprendizagem de conteúdos”, disse.

EFEITO PANDEMIA?

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Não é nada novo que a pandemia tenha modificado, em diversos aspectos, a nossa rotina, inclusive o jeito em que consumimos conteúdos das redes sociais.

A psicóloga contou como a pandemia e o isolamento social pode ter feito com que uma nova rede social tenha explodido: “É fato que, o isolamento social potencializou tanto a frequência e a intensidade  de uso das redes sociais como a dependência tecnológica. As pessoas estando restritas em termos de contato com o outro, enxergaram na internet uma alternativa para se comunicar com o exterior. Uma pesquisa realizada pelo Laboratório Delete-Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologias, da Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ), mostra isso. Realizado no período de 1º de novembro de 2020 a 1º de janeiro de 2021, o estudo indica que 62,5% das pessoas usaram tecnologias por mais de três horas todos os dias, e 49,1% por mais de quatro horas, durante o período de isolamento social imposto pela pandemia da covid-19”.

“Acredito que não possamos associar a criação do ClubHouse à pandemia, dado que ele surgiu nos Estados Unidos em março de 2020, como uma alternativa de rede e oferece concorrência às demais“, completou.

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Ana Gabriela também refletiu sobre como é o nosso comportamento, enquanto sociedade, às redes sociais. A ala mais “conservadora”, por assim dizer, crê nas redes sociais como uma alienação em massa e se mostram relutentes.

Porém, sabemos bem que, mesmo estando longe de serem perfeitas, existem diversos aspectos positivos para o uso delas. A chave de tudo é o equilíbrio da dosagem: “É importante sabermos que as redes sociais tem muitos efeitos positivos sobre nós: elas permitem um maior acesso a conteúdos e a troca de experiências , aproxima quem está distante, possibilita aprendizados. Entretanto, dependendo do modo como sao utilizadas, podem ser muito prejudiciais à saúde, gerando ansiedade, aumentando a solidão, a sensação de rejeição, de comparação com o outro, de tristeza e até mesmo a dependência. É importante se estabelecer limites de uso (em termos de quantidade de horas por dia) e não relacionar esses espaços com a resolução de problemas afetivos, de solidão e de rejeição”.

DILEMA DAS REDES

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Twitter, Instagram, Facebook, LinkedIn, TikTok… São diversas redes, obviamente, casa uma com a sua especificidade e com seus públicos podendo ser usuário de várias ao mesmo tempo.

Essa pluralidade e variedade de “ofertas” das redes sociais, para o ponto de vista da Ana Gabriela, pode ser benéfico e inclusivo para todas as pessoas: “A Pluralidade de redes é muito interessante na medida em que cada uma pode ser útil e atender a necessidades diferentes: uma favorecendo o acesso ao conhecimento e ao debate , outra ao contato e aproximação entre pessoas e uma outra, a troca de experiências, etc. Além disso, podem ser vistos aspectos inclusivos nesta pluralidade: deficientes audiovisuais que não são atendidos em redes como Twitter e Instagram, podem participar de forma ativa no clubhouse“.

Por fim, a especialista também comentou sobre um fenômeno recente e que vem sendo tema de diversos debates: As bolhas.

Esses domos (para os fãs de Stephen King) são comunidades que se fecham apenas com pessoas que tem posicionamentos e comportamentos parecidos com os delas, fazendo com que não haja um debate de opiniões divergentes.

Seja proposital ou pelos algoritmos das próprias redes sociais, as bolhas podem se tornar algo bastante prejudicial para a sociedade. Assim sendo, Ana promove uma reflexão.

“O surgimento de ‘bolhas’ se deve a sensação de conforto gerada pelo convívio com o semelhante, com o familiar, com o que não questiona e problematiza. Essa é uma tendência natural dos grupos sociais que se reflete também nas redes. O que precisamos fazer é estimular o debate de ideias e o contato com modos diferentes de pensar e agir, mostrando a riqueza que há nisso, uma vez é justamente do encontro com o que não me é familiar, e portanto, que é novo, que a expansão e o desenvolvimento se dão“, disse.