Diagnóstico de câncer de mama e colo de útero caem 23,4%, durante a pandemia
Estima-se que cerca de 25 mil brasileiras desconheçam a presença das neoplasia
Estima-se que cerca de 25 mil brasileiras desconheçam a presença das neoplasia
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) alerta que o cancelamento e reagendamento de consultas ginecológicas, em função da pandemia por Covid-19, geraram preocupante redução no diagnóstico dos cânceres de mama e colo de útero. Ao analisar dados do Ministério da Saúde, dos períodos pré e pós-pandemia, a entidade observou a redução de 23,4%1 na realização de mamografias e biópsias de colo uterino (dois dos principais exames para o diagnóstico desses tipos de câncer). Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), 82.870 mulheres desenvolveram essas neoplasias, no último ano. Delas, 24860 desconhecem a presença da doença.
Excetuando os tumores de pele não melanoma, os cânceres de mama e colo uterino são os mais incidentes em meio à população feminina, gerando elevado impacto na saúde, qualidade de vida e, infelizmente, em número de óbitos. Atualmente, a neoplasia da mama é responsável pelo maior volume de vítimas decorrentes de cânceres em mulheres. A taxa de mortalidade da doença é de 13,84/mil mulheres.
“A incidência do câncer de mama tende a crescer progressivamente a partir dos 40 anos, assim como a mortalidade por essa neoplasia. O risco de óbito decorrente da doença em meio às mulheres de 60 anos é dez vezes maior se comparado àquelas com menos de 40 anos de idade”, explica o ginecologista Dr. Agnaldo Lopes, presidente da Febrasgo.
Quando manifestada no colo do útero, a doença mostra-se igualmente preocupante. Entre os anos de 2008 e 2018, a taxa de mortalidade decorrente da neoplasia saltou 33%, resultando em uma vítima a cada 90 minutos, de acordo com o Ministério da Saúde.
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O médico acrescenta que fatores biológicos não são os únicos ligados ao aparecimento da doença. Aspectos sociais como baixa escolaridade e etnia não branca tornam-se indicadores que revelam as diferenças no acesso a medidas preventivas e diagnóstico precoce. “O sistema público de saúde brasileiro atende mais de 75% dos pacientes com câncer, no país. Para além do diagnóstico, temos ainda o desafio do início do tratamento. Antes da pandemia, o período entre o diagnóstico e o primeiro tratamento durava mais de 60 dias, em 58% dos casos. Hoje, esse tempo de espera pode ser bem maior. Devido a fatores como esses, quase nove em cada dez óbitos por câncer do colo do útero, por exemplo, ocorrem em regiões menos desenvolvidas”.
Prevenção e Diagnóstico precoce
O Dr. Agnaldo destaca que diferente de outras neoplasias, o câncer de colo de útero pode ser prevenido por meio de vacinas. A imunização contra o HPV (vírus causador da doença) são altamente efetivas e promovem uma diminuição significativa das infecções e, consequentemente, das lesões neoplásicas do colo do útero, responsáveis pela potencial perda do órgão.
O câncer mamário, por sua vez, não dispõe de métodos preventivos bem definidos. Contudo, idade superior a 50 anos, fatores genéticos, obesidade, sedentarismo e exposições frequentes a radiações ionizantes representam agravantes para o surgimento da doença. A mamografia anual, a partir do quarta década de vida, é a principal ferramenta para o diagnóstico precoce da doença – possibilitando a indicação de tratamentos menos invasivos e maiores chances de cura.