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Descontinuação de medicamento essencial para transplante de Medula Óssea mobiliza as redes sociais e preocupa especialistas

Único laboratório fabricante de Bussulfano notificou especialistas e mercado de que vai encerrar distribuição da droga, com rasa possibilidade de manutenção em 2021

Transplante de medula óssea – Pixabay

Em comunicado assinado pelo CEO e pelo Head do Departamento Médico enviado à comunidade médica no final de 2020, o Laboratório Pierre Fabre anunciou que, “a depender da demanda”, dentro dos próximos meses, o medicamento Bussulfano deixará de ser disponibilizado no mercado brasileiro.

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A droga é essencial para tratamento antes do Transplante de Medula Óssea que, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (2019), salva quase mil vidas entre crianças e adultos anualmente no Brasil.

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Temos observado muitos avanços em relação ao tratamento de pacientes que necessitam de Transplante de Medula Óssea e fomos pegos de surpresa com este anúncio”, alerta o Dr. Angelo Maiolino, hematologista, professor da UFRJ e coordenador do Comitê de Acesso a Medicamentos da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).

“Tal decisão pode acarretar uma nova cruzada científica e impedir que combinações de drogas e tratamentos de ponta salvem vidas, como temos observado nos últimos anos”, completa.

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Maiolino fala, por exemplo, sobre uma recente conquista para TMO brasileira, submetida aos órgãos regulatórios em Saúde pela ABHH, que foi a ampliação para 75 anos sobre a idade limite para um paciente ser elegível ao transplante no Brasil.

Com o progresso das técnicas, garantindo procedimentos mais seguros e controlados, passou a ser possível ao médico avaliar mais a idade biológica do paciente e não somente a cronológica”, comenta ao novamente alertar que a descontinuação do Bussulfano pode acarretar regresso neste cenário. 

Nos congressos americano e europeu que debatem avanços científicos em tratamento de doenças de sangue, afirma Maiolino, há uma série de ensaios, pesquisas e anúncios de novas drogas e tratamentos que dão esperança a pacientes que dependem do TMO.

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Há, contudo no Brasil a partir deste anúncio, um descompasso entre o que vemos lá fora para mantermos o que estamos buscando de mais evoluído para salvar essas vidas”, diz. 

Desde o final de novembro, a ABHH, a Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea, a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica e a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia estão mobilizadas junto à Anvisa para que o cenário seja o mais prontamente revertido, mediante a alguma decisão que possa manter a esperança de pacientes – adultos e crianças – elegíveis ao transplante. 

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