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Calor, inundações e incêndios florestais aumentam frequência e gravidade de doenças de pele

Uma pesquisa mostrou que doenças de pele são sensíveis ao clima; médica dermatologista explica

Calor, inundações e incêndios florestais aumentam frequência e gravidade de doenças de pele
Calor, inundações e incêndios florestais aumentam frequência e gravidade de doenças de pele – Foto: Freepik

A pele é um órgão grande e complexo e serve como a interface primária do corpo com o meio ambiente, desempenhando papéis-chave no funcionamento sensorial, termorregulador, de barreira e imunológico. E, embora muita gente não saiba, mudanças no clima também têm impacto negativo sobre o tecido cutâneo.

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Essa é a conclusão de pesquisadores que se basearam em uma extensa revisão de pesquisas publicadas para destacar as principais manifestações dermatológicas iniciadas ou exacerbadas por eventos climáticos extremos – que estão cada vez mais comuns. O trabalho foi publicado no final de outubro no The Journal of Climate Change and Health, publicado pela Elsevier, e também destaca os impactos desproporcionais em populações marginalizadas e vulneráveis.

Calor, inundações e incêndios florestais aumentam a gravidade de doenças de pele

“À medida que inundações, incêndios florestais e eventos de calor extremo aumentam em frequência e gravidade, eles representam uma ameaça significativa à saúde dermatológica global, já que muitas doenças de pele são sensíveis ao clima, dentre elas estão feridas traumáticas, infecções bacterianas e fúngicas, dermatite de contato, dermatite atópica, além de insolação, câncer de pele e risco de morte pelo alto calor”, diz a dermatologista Dra. Cintia Guedes.

O estudo procurou fornecer aos dermatologistas e outros profissionais uma visão abrangente das doenças de pele relacionadas ao clima extremo como base para a educação do paciente, implementação de intervenções de tratamento precoce e melhores resultados da doença.

Na revisão, os pesquisadores citam cerca de 200 artigos documentando os inúmeros impactos de eventos climáticos extremos na pele. Os três eventos extremos mais ligados às doenças de pele foram as inundações, o calor extremo e os incêndios florestais.

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Segundo a Dra. Cintia Guedes, as inundações, um dos desastres naturais mais comuns, estão ligadas a feridas traumáticas e infecções bacterianas e fúngicas da pele.

“A dermatite de contato é outra consequência comum das enchentes, pois a água da enchente é frequentemente contaminada com pesticidas, esgoto, fertilizantes e produtos químicos”. A Dra. Cintia explica que a dermatite de contato é a condição cutânea que causa inflamação da pele quando há contato direto com alguma substância em particular, nesse caso os produtos químicos.

“A erupção cutânea pode coçar muito, mantendo-se limitada a uma área específica, e geralmente com bordas bem definidas”, diz a médica.

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Já a exposição à fumaça de incêndio florestal pode desencadear dermatite atópica (eczema) em adultos sem diagnóstico prévio e pode desencadear ou exacerbar a acne. “Já a dermatite atópica é uma doença crônica e hereditária, em que há uma inflamação do tecido cutâneo, com consequente aparecimento de lesão e coceiras”, explica.

Como a pele desempenha um papel crítico na regulação da temperatura corporal, os efeitos das ondas de calor prolongadas podem ser graves, segundo o estudo

Segundo o estudo, os eventos climáticos extremos afetam desproporcionalmente populações marginalizadas e vulneráveis ​​e ampliam as disparidades de saúde existentes. “Crianças, mulheres grávidas, idosos, pessoas com doenças mentais, minorias raciais/étnicas, indivíduos de baixa renda e migrantes são especialmente vulneráveis ​​aos efeitos relacionados ao clima”, relata a pesquisa.

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“Populações negras e hispânicas e populações de baixa renda têm maior probabilidade de viver em áreas com maior risco de inundação. Essas populações também têm maior incidência de doenças de pele e menos acesso a cuidados. O calor extremo é um risco ocupacional de primeira linha para trabalhadores manuais e trabalhadores migrantes”, destaca a revisão.

Eventos climáticos extremos estão devastando o planeta, interrompendo a infraestrutura crítica, impactando severamente a saúde e acentuando as disparidades de saúde, segundo o trabalho. “Pesquisadores e médicos de todo o mundo devem estar cientes das perturbações atuais e futuras que as mudanças climáticas e os eventos climáticos extremos representam para a saúde humana, inclusive para a pele”, finaliza a dermatologista.

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