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Bruno Covas se descola de Doria e tenta lançar plano próprio de vacinação contra Covid-19

Os atritos entre os dois são tidos, por interlocutores da Prefeitura, como resultado do atual momento da pandemia, extremamente crítico

Bruno Covas se descola de Doria e tenta lançar plano próprio de vacinação contra Covid-19 – Instagram / @brunocovas

Prestes a completar seus cem primeiros dias como prefeito eleito da capital, o tucano Bruno Covas seguiu se descolando do governador João Doria não apenas nas medidas de distanciamento social adotadas para frear o avanço da covid-19, mas também agora nas ações relativas à imunização da população.

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Após definir de forma unilateral a antecipação de feriados, expondo publicamente a falta de alinhamento entre os governos, Covas determinou como prioridade a formulação de um plano próprio de vacinação, com regras e ritmos distintos do Estado. A meta estipulada é comprar vacinas para imunizar seissentos mil paulistanos por dia.

Atualmente, com a dependência quase que exclusiva da coronavac, distribuída pelo Instituto Butantan, a Prefeitura não consegue ultrapassar diariamente cento e vinte mil vacinados, apesar de ter estrutura e pessoal para obter um número quatro vezes maior. Mais privilegiado do ponto de vista fiscal que outros municípios, São Paulo ainda tem recursos em caixa para pagar doses de forma antecipada, a fim de garantir prioridade nas negociações.

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Mas, mesmo que consiga fechar contrato com fabricantes de vacinas – a Prefeitura já formalizou com a Janssen intenção de adquirir cinco milhões de doses -, a Procuradoria-Geral do Município acredita que Covas precisará fechar um “acordo” com o Ministério da Saúde para poder usar todas as unidades em São Paulo. Isso porque parte dos procuradores entende que a compra municipal teria de ser repassada integralmente ao Plano Nacional de Imunização (PNI).

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Desse modo, a alternativa debatida internamente é a de negociar com a pasta federal a suspensão temporária da cota a qual a cidade tem direito, adiando esse repasse para o fim do programa.

Atritos

Mas, os atritos entre Covas e Doria são tidos, por interlocutores da Prefeitura, como resultado do atual momento da pandemia, extremamente crítico. Mas refletem também um histórico de discordâncias acumuladas ao longo da pandemia, seja no retorno às aulas presenciais, na divisão das vacinas entregues pelo Butantan ou no fechamento, pelo Estado, de emergência de hospitais na capital.

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E, o plano próprio de vacinação seria uma forma de agir de forma independente do governo Doria, podendo escolher mais grupos prioritários para a imunização e, ainda, acelerar a vacinação dentro da cidade – uma vez que São Paulo, na prática, é o executor do plano nacional. Em paralelo, ainda atenderia à pressão feita por vereadores pela compra de imunizantes.