Atividade física após um infarto agudo do miocárdio é segura; entenda
Os benefícios da atividade física neste caso envolvem melhoramento da capacidade física, bem-estar, níveis de colesterol, triglicerídeos e glicemia
Os benefícios da atividade física neste caso envolvem melhoramento da capacidade física, bem-estar, níveis de colesterol, triglicerídeos e glicemia
Qual a relação entre o infarto do miocárdio e atividade física? Paulo Rossi, professor de Cardiologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), esclarece por que a condição pode acontecer, além dos benefícios de se realizar exercícios após um infarto. Confira!
O infarto do miocárdio ocorre por oclusão de uma das artérias coronárias. Essas artérias são responsáveis pelo fornecimento de oxigênio para o músculo cardíaco, o miocárdio. Essa complicação (trombose de uma artéria) irá causar perda de músculo cardíaco e, por consequência, perda de parte da função do coração, que é manter a circulação funcionando para levar oxigênio e outros nutrientes para todos os órgãos do corpo.
O tamanho do infarto é determinante para a recuperação do paciente. Quanto maior o infarto, mas lenta será a recuperação. A fase de recuperação leva em consideração como foi o tratamento na fase aguda do infarto, se fez um tratamento sem intervenção nas artérias coronárias ou se fez uma intervenção, por exemplo uma angioplastia (implante de um “Stent”, ou endoprótese) ou uma cirurgia cardíaca com colocação de pontes de safena, ou implante de artéria mamária.
Cada pessoa se recupera no seu tempo, isso depende se antes era uma pessoa fisicamente ativa ou sedentária. Essa avaliação é feita por um cardiologista que poderá orientar qual exercício e quantidade de exercícios. A liberação para atividade física é feita com análise de exames como um teste ergométrico, limitado por sintomas, um ecocardiograma e exames laboratoriais.
O teste ergométrico avalia a condição física da pessoa e a presença ou ausência de isquemia miocárdica. A presença de isquemia significa que ainda existe risco para o paciente fazer exercício e deverá fazer outros exames para esclarecer se a isquemia identificada pelo teste ergométrico é real.
Caso seja, é importante se ater ao quanto do músculo cardíaco ainda está com risco de ter algum tipo de complicação. O ecocardiograma fornece informação sobre a capacidade de trabalho do coração: normal ou anormal. Caso anormal, podemos quantificar esta anormalidade em pouco, moderada ou muito comprometida.
Com o paciente já com os exames analisados, a primeira fase de exercício é a reabilitação cardíaca em clínicas especializadas, onde o paciente faz a atividade física monitorado por profissionais da saúde: médico, fisioterapeuta e educador físico. Caso não possa fazer reabilitação cardíaca por não ter acesso a uma clínica, poderá iniciar suas atividades sempre acompanhado de uma pessoa. Inicie sempre com caminhadas em passos que não tenha falta de ar, não fique ofegante.
Se ficar ofegante, é hora de parar para recuperar a respiração normal e reiniciar a caminhada em passos mais lentos. Inicie com 10 minutos de exercícios, pelo menos 5 dias por semana, e aumente 2 minutos por dia para que no final de um mês esteja caminhando 30 minutos sem cansar-se. Após o primeiro mês, poderá aumentar a velocidade dos passos da caminhada e se possível aumentar também o tempo de exercício. Lembre-se de no final do exercício não interromper a atividade subitamente, mas continue caminhando a passos mais lentos por até 5 minutos.
Caso você tenha algum equipamento de exercício em casa ou no condomínio que resida, pode alternar com bicicleta estacionária ou em esteira. Isso vai ajudar você manter-se ativo em dias mais frios no inverno ou com chuva. Caso queira ir para uma academia fazer exercícios em equipamentos, depois dessa fase inicial de recuperação, deverá retornar ao seu médico para uma nova avaliação. Caso em algum momento durante uma atividade física sinta-se com falta de ar, desconforto no peito ou palpitações, reduza a intensidade da atividade e avise seu médico.
A atividade física é segura após um infarto do miocárdio. Vai melhorar a capacidade física, o bem-estar da pessoa, os níveis de colesterol, triglicerídeos e da glicemia. A atividade física ajuda recuperar parte da função cardíaca de bombear o sangue na circulação e pode auxiliar no desenvolvimento de circulação colateral no coração (uma espécie de circulação que está dormente e precisa ser acordada). Estudos feitos com pacientes que tiveram infarto e se mantiveram fisicamente ativos mostram que têm uma vida mais longa do que aqueles que se mantiveram sedentários.