Estresse crônico na infância: veja como identificar e combater
Pediatra explica os limites entre o estresse saudável e o prejudicial, além de dar dicas de como tratar o problema nos pequenos
Pediatra explica os limites entre o estresse saudável e o prejudicial, além de dar dicas de como tratar o problema nos pequenos
Apesar de ser mais associado a adultos, o estresse é uma reação do organismo que acontece em todas as idades. Todo ser vivo, em todas as fases da vida, está sujeito a essa condição.
Segundo o pediatra Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros, o estresse é vital para a manutenção de nossas vidas. Sendo assim, as crianças também passam por ele regularmente, pois esse sentimento é uma ferramenta que, através de reações químicas provocadas em nosso organismo, oferece condições para reagir a agressões externas.
Apesar de esse sentimento oferecer condições para agirmos diante das situações, existe um limite entre o estresse saudável e o prejudicial. “O grande problema é quando o ser humano se expõe cronicamente a uma situação de estresse, não conseguindo extravasar o excesso de substâncias estressantes que foram produzidas em seu organismo pelo efeito do estresse”, explica o pediatra.
Segundo o Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros, o momento do parto é um dos momentos mais estressantes pelos quais o ser humano passa.
“Ele migra de uma situação de conforto absoluto, protegido no interior do corpo materno, recebendo todos os ingredientes necessários para sua sobrevivência […], para uma situação extremamente desagradável e desconhecida, tendo que se preocupar em respirar, aquecer-se (ou resfriar-se), sugar, deglutir e digerir o alimento, entre outros afazeres”, descreve o especialista.
O excesso de obrigações diárias também pode oferecer consequências negativas às crianças. “Uma das causas do estresse infantil é a sobrecarga crônica de trabalho, seja ele físico (esportes) ou psíquico (estudos). Assim, o excesso de trabalho físico e mental o transforma em um ‘miniexecutivo’, apresentando, após algum tempo, as manifestações da reação ao estresse”, evidencia o profissional.
O estresse crônico em crianças pode ter consequências leves, se identificado no início, ou mais graves, quando não tratado corretamente. Ele “irá levar a criança a reagir de várias formas, dependendo de suas características individuais. Umas se põem a chorar e a apresentar comportamentos anômalos (birras, crises histéricas etc.)”, lista o Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros.
Já outras crianças, conforme explica o pediatra, “se fecham em si mesmas, com comportamentos do tipo autistas, fugindo do relacionamento social normal. Entretanto, todas têm como consequência, mais cedo ou mais tarde, uma deficiência de imunidade, levando-as a adquirir vários processos inflamatórios e/ou infecciosos”.
Para tratar o problema, é preciso, primeiro, identificar que a criança está sofrendo de estresse crônico. Conforme o Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros explica, isso pode ser feito observando atentamente a criança, identificando se existe mudança no comportamento social e maior incidência de infecções.
Após identificar o problema, é importante fazer com que a criança pare de sentir as consequências do estresse. “O tratamento básico de tal situação é a retirada da causa. Assim como o melhor tratamento da alergia é a retirada da substância alergênica, no estresse devemos encontrar sua causa e retirá-la. No caso do excesso de atividades (seja física ou mental), deve-se discutir com a criança quais as que mais lhe desagradam e afastá-las”, ensina o pediatra.
Melhor do que tratar o estresse é prevenir que ele aconteça. Isso, segundo o especialista, depende do bom senso de cada um. “Assim como nós, adultos, procuramos nos proteger do excesso de trabalho, mesmo de tarefas ditas lúdicas, as crianças merecem uma análise semelhante, visando prevenir o estresse infantil. Lembremo-nos sempre que qualquer radicalismo é prejudicial, seja para mais ou para menos”, finaliza Sylvio Renan.