Dia Mundial do Combate ao Câncer: uma a cada quatro pessoas terá algum tipo de câncer; Veja cuidados na relação da alimentação com a doença

Oncologistas falam sobre o cenário do câncer no mundo e atenção que se deve ter na hora de relacionar uma dieta com a doença

Oncologistas falam sobre câncer e cuidados quando se trata de alimentação – Pexels/Anna Tarazevich

Para 2022 são esperados mais de 20 milhões de casos novos de cânceres no mundo com, provavelmente, cerca de 10 milhões de óbitos. De acordo com algumas estimativas atuais, uma a cada quatro pessoas terá algum tipo de câncer ao longo da vida (lifetime risk).  

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Nos Estados Unidos, as chances de uma mulher ter câncer de mama é de uma a cada oito. No caso de câncer de próstata, a situação não é muito diferente: um em cada nove homens irá desenvolver essa doença ao longo da vida. Os cânceres que mais acometem a humanidade são, em primeiro lugar, o de pele, seguido pelo de mama e, posteriormente, o de pulmão.  

Os principais fatores de risco têm a ver com os hábitos de vida e, fundamentalmente, com o processo de envelhecimento. “Quanto mais envelhecemos, mais chances de termos câncer. Além disso, fatores genéticos, e aspectos ambientais como tabagismo, poluição, exposição a outros agentes cancerígenos com radiação podem elevar esse risco”, comentou o Mestre e Ph.D. em Oncologia, Dr. Wesley Pereira Andrade, médico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). 

De acordo com o oncologista, mudar nosso estilo de vida pode reduzir bastante as chances de um câncer futuro. Parar de fumar (o tabagismo é responsável por 15% dos tipos de câncer), reduzir/parar com o consumo de álcool, praticar atividades físicas, vacinar contra o HPV, combater a obesidade e evitar a exposição solar são hábitos que reduzem direta ou indiretamente o desenvolvimento da doença

“A imensa maioria dos cânceres pode ser tratada e curada, principalmente quando é descoberta na fase inicial. A chave da cura está no diagnóstico precoce, concluiu o especialista.

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Alimentação e câncer: é preciso ter cuidado com algumas recomendações

Ainda, quando se trata de câncer, é preciso ter cuidado com algumas coisas na internet, como dietas contra a doença. Na medida em que mudam as estações, surgem recomendações de alimentos que podem curar ou causar doenças. Volta e meia alguns são tratados como vilões e heróis dos hábitos alimentares, mas com que frequência essas afirmações são válidas?
Para o oncologista Eliseu Fleury, membro da Singulari Medical Team, é importante ter cuidado com essas promessas e se questionar se realmente existem superalimentos que podem prevenir o câncer ou mesmo produtos ruins que podem causar ou agravar a doença.

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Mito e as evidências

A dúvida que persiste é como um alimento específico pode afetar o risco de câncer de uma pessoa. Para o oncologista é fundamental tentar encontrar e entender quais são as evidências – ou a falta delas – por trás de algumas das alegações de dieta mais populares, em especial quando relacionadas ao câncer.

Segundo ele, um exemplo que demanda atenção é a alegação de que o “açúcar alimenta o crescimento do tumor”. “De fato, todas as células do nosso corpo usam moléculas de açúcar – também conhecidas como carboidratos – como sua principal fonte de energia, incluindo as cancerosas. Porém, essa não é a única fonte de combustível. As células podem usar outros nutrientes para crescer, como proteínas e gorduras, esclarece.

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Além disso, o especialista ressalta que não existem evidências de que simplesmente cortar o açúcar da dieta pode impedir que as células cancerosas se espalhem. Ele cita a epidemiologista nutricional Carrie Daniel-MacDougall, do MD Anderson Cancer Center em Houston, que afirma que se as células cancerosas não receberem açúcar, elas começarão a quebrar componentes de outros estoques de energia dentro do corpo.

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Cientistas estão estudando os efeitos de algumas dietas em tumores

Para todos os efeitos, os cientistas estão investigando se certas dietas podem ajudar a desacelerar o crescimento de tumores. Por exemplo, testes em roedores e humanos apresentaram evidências preliminares mostrando que a dieta cetogênica, que é pobre em carboidratos e rica em gordura, pode ajudar a retardar o crescimento de alguns tipos de tumores.

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Dentre eles, estaria o do reto, mas para isso é necessário combinar o modelo alimentar com o padrão de tratamentos de câncer, como radiação e quimioterapia. Atualmente, ainda não há uma conclusão sobre como isso pode funcionar, mas os especialistas têm algumas hipóteses.

Como o oncologista argumenta, as dietas cetogênicas são boas para reduzir os níveis de insulina, um hormônio que ajuda as células a absorver açúcar. Ao mesmo tempo, pesquisas em camundongos mostram que altos níveis de insulina podem enfraquecer a capacidade de certas terapias para retardar o crescimento do tumor.

Eliseu reforça a importância de recorrer a profissionais especializados antes de assumir dietas ou condutas baseadas em fontes que muitas vezes não partem de evidências científicas consolidadas.