Quem assistiu filmes da Idade Média já pode ter visto cenas de pessoas com aquelas máscaras de bico assustadoras, por conta de uma das crises sanitárias mais devastadoras da história: a Peste Negra. Estima-se que a doença chegou a vitimar mais da metade da população europeia entre 1347 a 1353. O que não se sabia, até então, era a origem da enfermidade.
Fascinado pelo tema, o historiador da Universidade de Stirling, na Escócia, Philip Slavin, revelou em coletiva que tinha um grande desejo: desvendar o mistério da origem da Peste Negra. Junto com uma equipe também formada pela Universidade de Tubingen e pelo Instituto Max Planck, na Alemanha, os pesquisadores resolveram analisar os dentes de corpos enterrados entre 1338 e 1339.
O que chamou a atenção dos cientistas nesse período é que houve uma quantidade significativa de enterros. Conforme Slavin, excesso de mortalidade em um tempo curto, como um ou dois anos, indica que algum acontecimento. “Outra coisa que realmente chamou minha atenção é o fato de que não foi um ano qualquer, porque foi apenas sete ou oito anos antes que a (praga) realmente chegasse à Europa”.
AMOSTRAS DE ESQUELETOS COM PESTE NEGRA APONTAM ORIGEM EM REGIÃO NA ÁSIA CENTRAL
Após a análise do material genético de sete esqueletos, três deles foram detectados com a bactéria da doença, a Yersinia pestis. Os restos mortais do período de muitos enterros em um ano são do Quirguistão, um país da Ásia central, e que os cientistas apontam como a origem do surto da Peste Negra.
Os resultados foram pulicados na revista científica Nature, divulgados na quarta-feira, 15. Como a amostragem é considerada pequena, especialistas também sugerem um maior aprofundamento da pesquisa sobre a doença transmitida por roedores.