Nos últimos dias, a filha de Roberto Justus, a influenciadora Fabiana Justus, foi diagnosticada com meningite viral. Em meio a uma viagem a Miami, nos Estados Unidos, ela precisou ser internada após sofrer com febre e mal-estar, conforme seu próprio relato nas redes sociais. “Eles (os médicos) me internaram até ter certeza que não era a (meningite) bacteriana. Graças a Deus, hoje saiu que é a viral”, explicou a influenciadora, aliviada.
Fabiana Justus já recebeu alta da doença que é caracterizada por uma “inflamação das membranas protetoras que envolvem o cérebro e a medula espinhal”, como explica a infectologista consultora médica do Labi Exames, Dra. Aline Scarabelli. A médica também destaca que a doença pode ter diversas origens, como bacteriana, viral, fúngica, parasitária e não-infecciosa. “É importante lembrar que a meningite é diferente da doença meningocócica, que se refere a qualquer infecção pela bactéria chamada Neisseria meningitidis”, alerta.
MENINGITE VIRAL E BACTERIANA: QUAL É MAIS GRAVE?
A infectologista lembra que quando se trata das meningites virais e bacterianas, essas são responsáveis pelas maiores ocorrências de surtos e epidemias no Brasil. Mas, afinal, qual a diferença entre a meningite viral e bacteriana?
Um dos pontos que marca uma grande diferença entre esses dois tipos da doença está justamente na gravidade. A neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, Dra. Inara Taís de Almeida, explica que a bacteriana, geralmente, é um quadro mais grave. “O tratamento é realizado com a pessoa internada e através do uso de antibióticos”. Enquanto isso, a viral costuma ser mais leve, em que o tratamento, como destaca a neurologista, pode ser concentrado em hidratação e analgésicos. Apesar de ninguém gostar de ficar de doente, isso explica o alívio de Fabiana Justus ao receber o resultado de uma meningite viral.
MENINGITE VIRAL
A meningite viral costuma ser o tipo mais comum de casos, em que a Dra. Aline ressalta a importância do diagnóstico médico para o início do tratamento. Mas, mesmo sendo leve, esse tipo de meningite pode evoluir para um quadro mais grave? A neurologista Dra. Inara ressalta que essa evolução é rara, no entanto, existe a possibilidade de quadros mais graves que podem deixar, até mesmo, sequelas. A infectologista Dra. Aline complementa citando que algumas sequelas podem ser: atraso ou regressão do desenvolvimento neuropsicomotor, paralisias e déficits neurológicos.
“Há maior probabilidade da doença, em sua forma grave, nas crianças menores de 5 anos e bebês/adultos com sistema imunológico enfraquecido”, destaca a infectologista. Mas, pessoas de qualquer idade podem contrair a meningite viral.
COMO A DOENÇA É TRANSMITIDA?
A Dra. Aline explica que a transmissão da doença ocorre pelo contato próximo com uma pessoa infectada, mesmo que “um pequeno número de infectados desenvolvam a doença”. A médica também destaca os principais vírus que desencadeiam a meningite viral, como:
- Enterovírus (gastrointestinais);
- Paramyxovirus (vírus da caxumba);
- Epstein-Barr, herpes simplex ou varicela zóster (herpes, varicela e herpes zóster);
- Morbillivirus (vírus do sarampo);
- Influenza (vírus da gripe);
- Arbovírus (vírus da dengue, zika, chikungunya e febre-amarela);
- Coriomeningite linfocítica (roedores).
PRINCIPAIS SINTOMAS
Já os sintomas, a infectologista destaca que eles podem manifestar de formas diferentes de acordo com a faixa etária.
Bebês:
- Febre;
- Irritabilidade;
- Falta de apetite;
- Sonolência ou dificuldade para acordar;
- Falta de energia.
Crianças e adultos:
- Febre;
- Dor de cabeça;
- Rigidez no pescoço;
- Aumento da sensibilidade à luz nos olhos;
- Sonolência ou dificuldade para acordar;
- Náuseas;
- Irritabilidade;
- Vômitos;
- Falta de apetite;
- Falta de energia.
MENINGITE BACTERIANA
Nesse quadro mais grave, um paciente pode ser acometido por danos cerebrais, perda auditiva e dificuldades de aprendizado, como destaca a infectologista Dra. Aline Scarabelli. Aliás, nesse caso a meningite pode ser transmitida ou de uma pessoa para outra ou por meio de alimentos contaminados. “Isso também depende do tipo de bactéria adquirida, que costuma variar de acordo com a faixa etária”, pontua a médica, que lista os patógenos que podem desencadear a doença de acordo com a idade:
- Recém-nascidos: Streptococcus do Grupo B, S. pneumoniae, L. monocytogenes e E. coli;
- Lactentes e crianças: S. pneumoniae, N. meningitidis, H. influenzae tipo b (Hib) e Streptococcus do grupo B;
- Adolescentes e adultos jovens: N. meningitidis e S. pneumoniae;
- Adultos mais velhos: S. pneumoniae, N. meningitidis, Hib, Streptococcus do grupo B e L. monocytogenes.
Sobre as fontes:
Dra. Aline Scarabelli – infectologista consultora médica do Labi Exames;
Dra. Inara Taís de Almeida – Neurologista e Neuroimunologista de São Paulo, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia. Graduação em Medicina pela Faculdade de Tecnologia e Ciências e residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Fellowship clínico (especialização) em Neuroimunologia no Ambulatório de Doenças Desmielinizantes na Universidade Federal de São Paulo – Unifesp.