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O Brasil está entrando em uma “2ª onda” da Covid? Psicóloga e infectologista respondem

Nos últimos dias, várias cidades do país registraram um aumento no número de casos, o que deixa em alerta parte da população

O Brasil está entrando em uma “2ª onda” da Covid? Psicóloga e infectologista respondem – Pexels / Edward Jenner

Na Europa, desde outubro, vem tendo um aumento vertiginoso de casos de Coronavírus, obrigando a maioria das autoridades locais a retomarem medidas de lockdown. Esse fenômeno do crescimento dos números está sendo chamado de “segunda onda”.

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Ela já está presente em boa parte do velho continente, como também nos Estados Unidos e também no México e Canadá, o que coloca um sinal amarelo aqui no Brasil -que nem saiu da primeira onda- para um aumento de casos.

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Porém, nas últimas semanas, cidades como Rio de Janeiro e São Paulo registraram um aumento no número de casos confirmados e também no de óbitos, sinalizando que essa segunda onda possa ter chegado no país.

Mas como encarar novas medidas de distanciamento após a flexibilização? Como lidar com todo aquele estresse de novo? Para isso, o Viva Saúde conversou com uma psicóloga e uma infectologista para dar um cenário mais realista do que o Brasil está vivendo -e o que se pode esperar para os próximos meses.

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Esse crescimento de casos vem perto de uma série de datas muito forte para o brasileiro e para a cultura, em geral: as festas de fim de ano. A psicóloga Ana Gabriela Andriani falou sobre como essa insegurança com a Covid pode interferir na cabeça das pessoas: “O maior problema dessa época, no meu ponto de vista, é que existe uma obrigatoriedade de se estar feliz. É preciso comemorar, vestir-se de branco, fazer uma festa e demonstrar muita felicidade. Faz parte destes momentos estar em família, com amigos, viajando em festas, etc. Ou seja, celebrando com muitas pessoas. O não poder viver isso pode gerar a sensação de frustração, tristeza e também de solidão“. 

As pessoas que precisam destes rituais para se sentirem encerrando ciclos e se renovando  poderão ficar tristes, frustradas e solitárias, mas é interessante perceber que o significado dessas datas não são  os mesmos para todos. Isto significa que nem todo mundo  vive essas datas como representantes de felicidade e recomeço“, completa.

Ana também faz uma projeção de como as pessoas vão lidar com o ano de 2021, tendo em vista todos os percalços que acontecerem neste ano, e faz um alerta: “Por conta da pandemia, talvez muitas pessoas projetarão para o ano novo uma expectativa de grande felicidade e de reparação das perdas sofridas em 2020. Como não há garantias de que isso ocorrerá, existe a possibilidade de desenvolverem um quadro de tristeza ou até depressão. Muito provavelmente em 2021 teremos que enfrentar muitos desafios econômicos, de saúde e de desigualdade social provocados pela pandemia. Neste sentido, há chances de termos um aumento da ansiedade devido às incertezas tanto financeiras quanto emocionais”.

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Porém, ela também convida as pessoas a usarem essas datas para um momento de reflexão com o que aconteceu ao longo de 2020: “Vale considerar também que a experiência de um final de ano distinto dos anteriores pode ser uma oportunidade. Entrar em contato com a sensação de finitude a qual a pandemia vem nos expondo, pode ser uma oportunidade de análise das nossas escolhas, do sentido de nossas vidas e portanto, de ressignificação”.

Mas e o lado da infecção? 

Sabemos que muito se falou nos últimos meses de uma tal “imunidade de rebanho”, que o Brasil estaria encaminhando para tal, porém, estudos mostram que é possível uma pessoa se contaminar duas vezes (casos foram registrados na Bélgica, Inglaterra, Holanda e China, por exemplo).

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A infectologista do Grupo Pardini, Dra Melissa Palmieri, falou sobre o “ecossistema” da Covid no Brasil, começando pelo recente aumento de casos: “Acredito que ainda estejamos na primeira (onda). Diferentemente da Europa, que teve uma baixa nos casos considerável, aqui tivemos um pico, lá para maio, junho, nós não tivemos essa redução drástica nos números. Tem que avaliar com cuidado, mas parece uma manutenção da primeira onda, e não uma segunda“.

Ela também coloca como fator é a procura maior nos testes para Covid: “Tivemos um ponto importante: O aumento da procura de testes, que cresceu mais de 30% de setembro para outubro nos laboratórios. O ponto é que tivemos, percentualmente, uma subida nos casos positivos. Isso gera um alerta para que a gente possa ter risco de voltar com as internações“.

Uma coisa que vale lembrar é que a nossa capacidade de testagem, ou seja, podemos ter um número mais tangível do que no começo do surto no Brasil“, alertou.

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Dra Melissa também abordou as medidas que foram tomadas pela sociedade, como o uso de máscara e o distanciamento: “Uma coisa que vem sendo aceita pelos infectologistas é que a Covid vai perpetuar com a gente por mais tempo que imaginávamos, assim, as máscaras e o álcool em gel, além de serem comprovados que tem a sua eficácia contra a doença, ficarão por mais um tempinho na nossa rotina”.

Sobre as festas de fim de ano, a médica fez questão de falar que cabe a cada um ver e medir as prioridades: “Cabe a cada um avaliar, com bastante critério. Portugal é um exemplo clássico, já que na primeira onda, foi um dos países menos afetados, mas hoje o país apresenta um número muito grande de casos, com hospitais lotados e tal. Assim, viram que o maior índice de contágio no país foram com reuniões familiares, dentro de suas próprias casas, e sem máscara, ficando expostos. Então, acho que cabe a cada família avaliar o caso, se tem pessoas em grupo de risco, se cada um vai fazer o teste, enfim, alinhar para que não cause prejuízos maiores no futuro“.